Barroso fez
acusação "infame ao tentar incriminar Vítor Constâncio", escreve o
antigo Presidente da República.
O antigo Presidente
da República Mário Soares defende que o ex-primeiro-ministro Durão Barroso deve
ser questionado pela Justiça sobre o caso BPN e os alegados avisos que fez ao
então governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio.
Num artigo de
opinião publicado na edição desta terça-feira do Diário de Notícias, Mário
Soares critica o actual presidente da Comissão Europeia por "vir levantar
inoportunamente o caso do BPN, em que tantos dos considerados culpados estão em
liberdade e nunca foram julgados", acusando José Manuel Durão Barroso de
ter perdido "a habilidade política".
Para Mário Soares,
Durão Barroso — político que o ex-Presidente socialista admite "não
apreciar", por achar que "a sua ambição o perde e o seu país para ele
não conta" — fez ainda uma acusação "infame, ao tentar incriminar
Vítor Constâncio".
O antigo governador
do Banco de Portugal é, na opinião de Mário Soares, "um homem impoluto, de
reconhecida dignidade e inteligência", o que torna "imperdoável"
as declarações de Durão Barroso.
Amigo de Cavaco?
O jornal Expresso publicou há duas semanas uma entrevista na qual
Durão Barroso dizia que enquanto foi primeiro-ministro (entre 2002 e 2004)
chamou por três vezes o então governador do Banco de Portugal a São Bento para
"saber se aquilo que se dizia do BPN era verdade", indicando
possíveis irregularidades no banco nacionalizado pelo Estado em 2008.
Uma crítica que
Mário Soares classifica como "um tiro no pé", questionado se "a
sua ambição" não terá mesmo passado por cima da sua amizade com o actual
Presidente, Aníbal Cavaco Silva.
"Será que
ainda é amigo do Presidente Cavaco Silva ou já não é? Tenho as minhas dúvidas.
Visto que todo o país sabe que o Presidente tem algo a ver com o caso do
BPN", refere.
Lusa, em Público
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