quinta-feira, 26 de junho de 2014

Angola e Guiné-Bissau em vias de reatar cooperação




Angola está pronta para retomar todos os itens da cooperação com a Guiné-Bissau e admite analisar uma nova participação no processo de reforma das forças de segurança guineenses, caso o país venha a fazer esse pedido.

Angola teve uma missão de apoio ao processo de reforma das Forças Armadas da Guiné-Bissau, a MISSANG, estacionada no país, mas foi expulsa do território guineense pouco tempo depois o golpe de Estado militar de abril de 2012.

Os últimos militares da MISSANG deixaram Bissau em junho de 2012, pondo termo à cooperação técnico-militar com o Governo de Luanda.

Com o fim da missão ficaram também cancelados os apoios que Angola estava a dar à Guiné-Bissau, nomeadamente na construção e remodelação de infraestruturas de defesa e segurança.

"Vamos retomar a cooperação no geral agora, mas não gostaria de particularizar", avançou em Bissau, João Lourenço, ministro angolano da Defesa, sem querer destacar os ramos da cooperação a ser contemplados nesta nova etapa.

Segundo o titular da defesa de Angola, "sobre os domínios, as partes têm de se sentar e ver qual é o interesse mútuo". Mas de uma forma geral, acrescentou, "a disponibilidade de Angola é total para o reatamento das relações, que em determinada altura foram dificultadas".

Cooperação abruptamente cortada

O Governo angolano interrompeu na altura a MISSANG, missão técnico-militar de apoio à reforma do setor de Defesa e Segurança guineense, na sequência de atritos com as Forças Armadas guineenses que resultaram no levantamento militar para reclamar a saída da MISSANG do país.

A verdade é que se mantem ainda a mesma estrutura militar, mas João Lourenço fala de uma nova era para "o país irmão a quem Angola quer muito bem".

Para o ministro, "a Guiné-Bissau deve trilhar os caminhos que todos nós desejamos e dos quais nunca deveria ter saído. Portanto, Angola, bem como a comunidade a que pertencemos todos, a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), estamos aqui para dizer estamos convosco, força Guiné."

Com a saída da missão de Angola da Guiné-Bissau, entraram países como a Nigéria e Timor-Leste que até agora continuam a prestar apoios ao exército e ao Governo de transição que brevemente deixará a gestão do país para a entregar ao novo Primeiro-ministro, saído das recentes eleições legislativas, Domingos Simões Pereira.

Para já, as instituições internacionais sediadas em Bissau não querem comentar o assunto, alegando ser prematuro analisar um eventual regresso dos angolanos que foram humilhados pelas forças armadas guineenses em 2012.

A DW África sabe que o ministro angolano da Defesa teve uma longa reunião com Domingos Simões Pereira, onde o tema central das discussões terá sido o reatar da cooperação entre Bissau e Luanda.

Apenas uma questão de oportunidade 

Entretanto, aguarda-se para as próximas horas a composição do novo elenco governamental que será chefiado por Simões Pereira.

O novo Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, está atualmente a cumprir um dispositivo constitucional que rege a necessidade de auscultar os partidos políticos, e em função dessa auscultação avançar para o partido maioritário cuja tarefa será a formação do próximo Governo.

A este propósito, os observadores em Bissau estão otimistas quando à celeridade de uma decisão presidencial. Na verdade, o Presidente da República tem alguma urgência em concluir a auscultação aos partidos, na medida em que deve deixar Bissau nas próximas horas com destino a Malabo, capital da Guiné Equatorial, onde vai participar na cimeira da União Africana (UA) de quinta e sexta-feira (26/27.06).

Os guineenses querem abrir uma nova era política e social no país e esquecer o passado turbulento de golpes militares e assassinatos político-militares. A palavra de ordem no quotidiano dos guineenses é a esperança numa Guiné melhor.

Deutsche Welle / Autoria Braima Darame (Bissau) / Edição Nádia Issufo / António Rocha

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