Domingos
Chipilica Eduardo – Folha 8, em crónica - 31 maio 2014
Este
é um assunto delicado/melindroso é fundamental que se faça uma análise crítica
desapaixonada, livros, artigos de opinião, documentos, documentários,
filme... Proliferam por aí sobre a temática em causa. Contudo o
último acontecimento de “espionagem”, impõe-nos que em breve palavras façamos
um exercício do nosso miúdo cérebro.
Antecipadamente,
aconselhamos a não entrarem em pânico, “ninguém está totalmente seguro e todos
somos alvos fáceis a abater (membros da sociedade civil, da oposição e do
partido no poder) ”, partindo desta premissa, algumas vezes o exercício de
cidadania é apenas um artifício para fins pessoais ou inconfessos, outras
vezes desinteressada e com pendor patriótico. Ao longo da história da humanidade,
os movimentos de lutas pró ou contra o regime sempre cometeram/viveram
situações arrepiantes, a boa gestão da informação foi uma estratégia ou uma
arma mortífera para antecipar realizações: acções e reacções. Eliminavam-se
infiltrados/inimigos eficazmente ou neutralizavam-se actos de
subversão/revolução que perigassem “os interesses do poder”.
O
controlo da informação não é um trabalho amador, é uma tarefa profissional, são
necessários ataques, suborno, sequestros, desvios, milhões, crimes,
ilegalidades. Não é fácil dominar a informação, a própria CIA (considerada
por muitos uma máquina assassina) ao longo da sua fundação aos dias de hoje,
“nunca” a soube/sabe gerir, foi inúmeras vezes vítimas de fuga de informações
e traições.
Uma
vez foi roubada e posta num guardanapo de papel por um agente duplo a fórmula
secreta da bomba atómica, um agente russo duplo que passava informações
valiosas aos EUA, foi envenenado por sua imprudência, tomava todos os dias
café num bar popular, como se desconfiava-se dele, um barman da secreta foi
despachado para fazer o trabalho sujo, administrou veneno no seu café, um mês
depois internou e passado algum tempo morreu.
Cumpriu-se
bem a missão. Um outro agente da elite secreta que trabalhou mais de 20 anos
para CIA, afinal fornecia dados sensíveis à Rússia, foi descoberto porque se
criou uma estrutura paralela ao seu gabinete. Existem muitos exemplos de como
uma boa informação pode ser “tão valiosíssima”, desde à família, tribos,
reinos, Estados.
Lamentavelmente,
o “caso Tucayano (o suposto agente que seduziu os seus mártires, publicado em
primeira mão no folha 8) ”arrepiou muita boa gente, generalizou-se um clima
tenebroso de desconfiança constante e recíproca em alguns círculos cá da
banda. O que ao nosso pobre observar, revela imprudência e falta de “visão
estratégica”, até algumas personalidades que pensávamos serem experimentados
tremeram de medo e insónias (não defendemos actos macabros, reprovamos
energicamente). Sabe-se que qualquer activista cívico ou opositor ao regime
deve ter o domínio de conhecimentos e técnicas de “espionagem e infiltração”,
actuar também como um agente secreto.
A
ser verdade que Tucayano é um “agente especializado”, então sem errar
concluímos que terão ficado mais alguns, pois neste tipo de serviço é crucial
cruzar informações, vejam o que aconteceu com os últimos dados da bomba
atómica, a Rússia confrontava e peneirava tudo que acolhia a fim de melhor
apuramento. Presentemente muitos dos nossos activistas cívicos, políticos da
oposição nos fazem crer que ignoram elementos básicos de segurança e recolha
de informações, salvo alguns que cooperam “clandestinamente”, como é possível
alguém que convive anos, momentos sensíveis, partilha segredos, ninguém
conhece a sua ficha individual de registo? É muito difícil controlar, as
grandes agências de espionagem também ao longo da história têm sofrido ataques
e infiltrações, o que demonstra que não existe eficácia no controlo porém é
possível ser um pouco mais cauteloso.
Aliás
nenhum agente secreto em qualquer agência que trabalha está seguro quanto mais
“meras pessoais normais” (um dia também beberá do próprio veneno). Todos
sabemos que o exercício desta actividade normalmente recorre aos métodos
ilegais ou macabros, assassinados, envenenamento, infiltração, corrupção… Não
há Ética, Direitos Humanos, legislação …A “enciclopédia” dos serviços secretos
confirmam inequivocamente estes dados, é assim que os bons resultados são
alcançados. Desde algum tempo que na sociedade civil, há um apontar de dedos
entre eles, acusam-se como sendo da secreta, esta informação algumas vezes
falsa roda e se torna verdadeira naquele seio, há casos até que o tremor é
maior logo que um suposto agente aparece nas instalações, actividades, reuniões
… o “linguajar” muda. A verdade que quase todos desconhecem é que os verdadeiros
cérebros da secreta, não são conhecidos do grande público. Confidenciou-nos
um amigo, “esta sensação de que todos trabalham para secreta é bom para o
regime porque pelo menos coarta a liberdade das pessoas”.
Por
último, parece haver alguma ingenuidade e falta de coerência por parte de alguns
grupos sociais ou activistas anti-regime,” louvam” em todo canto que há ditadura,
violações da Constituição, abusos de poder, em fim toda adjectivação maléfica.
Vamos considerar que estas palavras sejam verdades indiscutíveis, então porque
que entram em pânico quando divulgam/descobrem um “sinfo”? Como actuaria um “Estado
sábio” assim? Abandonaria um foco de revolta à sua sorte?
O
manual do exercício da secreta é a lei (o tal primado do Direito) mas é
puramente idealismo. Ela (secreta) vive num submundo horrível, páginas negras e
de arrepiar.
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