Restabelecida
a legalidade institucional, após a eleição dos orgãos constitucionais, os
guineenses em Portugal pedem ao futuro Governo de Domingos Simões Pereira que
olhe para a situação em que vivem em Portugal.
A
situação dos emigrantes guineenses, residentes em Portugal, de um modo geral, é
difícil. A crise em Portugal fomentou o desemprego. Muitas empresas, sobretudo
do ramo da construção civil, que davam trabalho aos imigrantes, fecharam as
portas. No seio da comunidade guineense o desespero é notório e é quase
generalizado o desejo de regressar ao país de origem, de onde saíram em busca
de uma vida melhor na Europa.
Crise
na construção civil colocou guineenses no desemprego
Amadora
é um dos concelhos de Lisboa, onde vive uma grande parte da comunidade
africana. Entre os guineenses, há quem deixou o país natal por razões
económicas, ou para tratamento médico em Portugal. E há os que saíram da Guiné-Bissau
devido à instabilidade político-militar. Viviam do seu emprego, quando ainda
havia as grandes obras na construção civil, que davam trabalho a muita gente
para sustentar a família. Mas com a crise económica em Portugal, passaram a
enfrentar muitas dificuldades.
Mamadu
Baldé, há 23 anos em Portugal, desabafa. "A minha família está na Guiné.
Eu não tenho trabalho e a renda de casa aqui é muito cara. Não tenho
rendimento: zero, zero."
Perante
a falta de perspetiva, é grande o desejo de regressar ao país de origem. Mas o
regresso não se afigura fácil. A quase todos falta o dinheiro para comprar a
passagem de avião. Outros têm filhos nascidos em Portugal, o que também torna
mais difícil o regresso.
Demba
Baldé conta ao repórter da DW que há muitos guineenses que querem regressar,
mas têm filhos na escola, e assim vão ficando por Portugal, "porque a
escola daqui tem mais valor que a escola da Guiné."
Guinenses
esperam apoio do novo governo em Bissau
Muitos
destes cidadãos com vontade de ajudar a reconstruir a Guiné-Bissau não têm
recursos financeiros para regressar. Por isso esperam o apoio do novo Governo
da Guiné-Bissau. Demba Baldé e Chelo Embaló, outros dois guineenses residentes em
Portugal, são de opinião que "o governo da Guiné deveria ajudar os
emigrantes que estão em Portugal". E afirmam mesmo: "Se Governo da
Guiné-Bissau apoiar o regresso nós voltamos, pois é o nosso país."
Confiança
no novo governo
A
maioria dos imigrantes guineenses em Portugal tem grande confiança no novo
Governo. Por isso, os guineenses pedem melhorias a nível do ensino e da
educação, nos serviços de saúde e assistência médica. Alguns dizem também que é
necessário negociar com a Transportadora Aérea Portuguesa (TAP) o reatamento
urgente dos vossos Lisboa-Bissau a preços mais baixos.
Na
sua recente visita privada a Portugal, antes da tomada de posse, o Presidente
José Mário Vaz, pediu aos concidadãos na diáspora para regressarem. «Há muito
espaço para os guineenses na Guiné-Bissau». (…) «Temos que ser senhores dos
nossos destinos», afirmou "Jomav" numa sala repleta de esperanças.
Deutsche
Welle – Autoria: João Carlos (Lisboa) – Edição: António Cascais /
António Rocha
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