O
presidente da UNITA, o maior partido da oposição em Angola, afirma que o país
está a "saque" e que a comunidade internacional apoia a candidatura
angolana a membro do Conselho de Segurança da ONU por interesse económico.
"Angola
virou uma 'menina bonita' para muitos países. Os estrangeiros já se aperceberam
que o país está a saque e quem o saqueia são os próprios governantes. Então,
fazem fila para que cada um possa entrar aqui e debicar também o seu
bocado", acusou Isaías Samakuva.
O
líder da UNITA falava na abertura da IV reunião, de dois dias, da comissão
política da UNITA, que termina hoje em Luanda.
Numa
intervenção visando a atuação do Executivo angolano, Samakuva afirmou que os
"estrangeiros" aprenderam que "tudo o que precisam fazer é dizer
que sua excelência [Presidente angolano José Eduardo dos Santos] é um grande
estadista".
"Que
a sua governação é a melhor do mundo. E que tudo farão para apoiar a
candidatura de Angola ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. É tudo quanto
precisam dizer para receberem chorudos contratos sem concurso e sobrefaturar
milhões, enviar tais dinheiros para os paraísos fiscais e não pagarem impostos nem
em Angola, nem nos seus países", afirmou o líder da UNITA.
A
decisão sobre a candidatura de Angola a membro não permanente do Conselho de
Segurança da ONU, para o período entre 2015 e 2016, será conhecida até outubro
próximo.
Contudo,
acusa a UNITA, em Angola "todos são comerciantes ou atuam como
comerciantes", mesmo "os que vêm nas vestes de políticos".
"Os
políticos levam na forma de comissões ou ajudas para as suas campanhas
eleitorais. O esquema é o mesmo: os valores são transferidos para paraísos
fiscais por via de empresas por ele controladas e, assim, fogem ao fisco e às
autoridades reguladoras dos seus países", denuncia Isaías Samakuva.
Esta
reunião da UNITA visa preparar o próximo congresso do partido, em 2015, e serve
para traçar a situação atual do país, com críticas cerradas à liderança do
MPLA, partido vencedor das eleições gerais de 2012.
De
acordo com Samakuva, especialistas angolanos de segurança têm vindo a ser
substituídos por estrangeiros, o mesmo acontecendo com técnicos, nacionais, de
outros setores.
"São
os estrangeiros que fazem as análises, são os estrangeiros que elaboram os
relatórios. São os estrangeiros que preparam e executam as estratégias. São
eles que mandam no país", criticou ainda.
"O
crescimento económico é produzido e garantido por estrangeiros. Os sistemas de
produção, de distribuição e de gestão da logística são garantidos por
estrangeiros. O sistema de comunicações é garantido por estrangeiros. O sistema
de segurança é garantido por estrangeiros. Todo o PIB [Produto Interno Bruto] é
garantido por estrangeiros", rematou Isaías Samakuva.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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