quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Presidente da UNITA diz que Angola está a "saque" e critica apoio internacional




O presidente da UNITA, o maior partido da oposição em Angola, afirma que o país está a "saque" e que a comunidade internacional apoia a candidatura angolana a membro do Conselho de Segurança da ONU por interesse económico.

"Angola virou uma 'menina bonita' para muitos países. Os estrangeiros já se aperceberam que o país está a saque e quem o saqueia são os próprios governantes. Então, fazem fila para que cada um possa entrar aqui e debicar também o seu bocado", acusou Isaías Samakuva.

O líder da UNITA falava na abertura da IV reunião, de dois dias, da comissão política da UNITA, que termina hoje em Luanda.

Numa intervenção visando a atuação do Executivo angolano, Samakuva afirmou que os "estrangeiros" aprenderam que "tudo o que precisam fazer é dizer que sua excelência [Presidente angolano José Eduardo dos Santos] é um grande estadista".

"Que a sua governação é a melhor do mundo. E que tudo farão para apoiar a candidatura de Angola ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. É tudo quanto precisam dizer para receberem chorudos contratos sem concurso e sobrefaturar milhões, enviar tais dinheiros para os paraísos fiscais e não pagarem impostos nem em Angola, nem nos seus países", afirmou o líder da UNITA.

A decisão sobre a candidatura de Angola a membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, para o período entre 2015 e 2016, será conhecida até outubro próximo.
Contudo, acusa a UNITA, em Angola "todos são comerciantes ou atuam como comerciantes", mesmo "os que vêm nas vestes de políticos".

"Os políticos levam na forma de comissões ou ajudas para as suas campanhas eleitorais. O esquema é o mesmo: os valores são transferidos para paraísos fiscais por via de empresas por ele controladas e, assim, fogem ao fisco e às autoridades reguladoras dos seus países", denuncia Isaías Samakuva.

Esta reunião da UNITA visa preparar o próximo congresso do partido, em 2015, e serve para traçar a situação atual do país, com críticas cerradas à liderança do MPLA, partido vencedor das eleições gerais de 2012.

De acordo com Samakuva, especialistas angolanos de segurança têm vindo a ser substituídos por estrangeiros, o mesmo acontecendo com técnicos, nacionais, de outros setores.

"São os estrangeiros que fazem as análises, são os estrangeiros que elaboram os relatórios. São os estrangeiros que preparam e executam as estratégias. São eles que mandam no país", criticou ainda.

"O crescimento económico é produzido e garantido por estrangeiros. Os sistemas de produção, de distribuição e de gestão da logística são garantidos por estrangeiros. O sistema de comunicações é garantido por estrangeiros. O sistema de segurança é garantido por estrangeiros. Todo o PIB [Produto Interno Bruto] é garantido por estrangeiros", rematou Isaías Samakuva.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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