quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Angola: OS CIDADÃOS E A SOLIDARIEDADE



Jornal de Angola, editorial - 5 de Novembro, 2014

Os angolanos são por natureza solidários  uns com os outros. Foi a solidariedade que nos permitiu  realizar uma luta  vitoriosa que culminou com a conquista da Independência.


Foi a solidariedade que fez com que se unissem forças para defender a independência nacional  de inimigos diversos e poderosos, nos momentos mais dramáticos da nossa vida como país livre e soberano. Foi ainda a solidariedade que impediu que a unidade nacional fosse quebrada, tornando-nos, enquanto membros de uma comunidade política, cada vez mais fortes para realizar fins do interesse de todos os cidadãos.

A solidariedade constitui um valor a preservar e a  praticar na nossa  vida como Nação a fim de se construírem caminhos que contribuam para que a sociedade progrida permanentemente para o bem-estar de todos, esbatendo-se assimetrias sociais, eliminando-se injustiças e promovendo-se a defesa da dignidade da pessoa humana.

A nossa Constituição estabelece que Angola é uma República que tem como objectivo fundamental a construção de uma sociedade solidária, devendo-se entender esta solidariedade como as relações de colaboração entre os seus membros, que participam de esforços que aproveitam a todos.

Os laços de solidariedade são indispensáveis na sociedade, sobretudo naqueles casos em que é necessário  acudir a situações de graves carências que afectam muitas pessoas, que, por insuficiência de meios económicos, não conseguem satisfazer necessidades básicas, para assegurar a sua existência.

O Estado, sendo uma pessoa de bem, tem funções a  exercer para atender particularmente  àqueles estratos da população economicamente débeis, assegurando-lhes com os recursos de que pode dispor, apesar de limitados, o bem-estar. Prosseguir o bem comum é um dos  grandes objectivos do Estado que deve intervir para corrigir situações de desigualdade ou para estimular acções traduzidas em prestações aos cidadãos, dirigidas por exemplo à protecção social.

Hoje são múltiplas as preocupações do Estado e é elevado o grau da sua intervenção nas áreas  da economia e da segurança social. O Estado, ao centrar-se na satisfação de necessidades  colectivas, põe também em marcha, por via legislativa e da sua função prestadora, mecanismos de solidariedade, passando a assumir um papel activo na busca de soluções para  muitos e complexos problemas económicos e sociais.

Angola foi assolada por uma guerra que durou muitos anos, o que causou problemas que desestruturaram famílias e destruíram o tecido produtivo num grau que provocou internamente carências de vária ordem, pelo que se impunha a tomadas de medidas orientadas para  fazer com que muitos milhares de cidadãos tenham acesso a bens, promovendo-se não só a  assistência, como também a criação de empregos, para se pôr fim a à pobreza.

Perante os vários problemas que temos, os membros da sociedade devem ter também uma quota de intervenção na sua resolução, realizando gestos que vão no sentido de se ajudarem os mais carenciados. Na sociedade, precisamos uns dos outros e é o esforço de cada um de nós  que contribuiu para fazermos de Angola um país justo e próspero. Nesse esforço de cada membro da comunidade a solidariedade deve ocupar um lugar central, para que todos os angolanos possam viver com dignidade. O sentimento de solidariedade deve  estar presente ali onde vivemos e convivemos com outras pessoas, que devem merecer o nosso respeito e amor.

Ajudar e amar o próximo é um gesto de elevado alcance que encerra humanismo e uma preocupação pela vida dos que fazem parte da nossa sociedade que deve prosseguir constantemente a solidariedade com vista a que tenhamos paz social.

A prática da solidariedade contribui para a valorização de cada homem ou mulher que é dela alvo, para a boa convivência entre nós e para o reforço da nossa unidade, no percurso em direcção ao progresso. As igrejas são instituições que no nosso país  têm feito muito em termos de acções de solidariedade, dando bons exemplos de prestação sob diversas formas a cidadãos que necessitam de bens materiais e imateriais.
São positivos os apelos das igrejas aos cidadãos para a solidariedade. Importa destacar as sugestivas palavras de um prelado católico, segundo as quais “somos apenas peregrinos na terra e devemos ajudar os que mais precisam”. Que a solidariedade que a nossa Lei Fundamental consagra não esteja apenas plasmada formalmente na Constituição de Angola e não seja somente assumida pelo Estado. Que seja uma prática generalizada, com todos os cidadãos a fazer o bem.

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