Elisa
Lucas Rodrigues* - Afropress
Vinte
de novembro é uma data em que podemos dizer que o Brasil pára para fazer uma
avaliação da situação dos negros. Desnecessário lembrar que somos o maior
número de desempregados, o maior número de analfabetos, o menor percentual
dentro das universidades. Também não se faz necessário muito esforço para
enxergar nossa inexistência nos quadros políticos, nos cargos de decisão, como
diretores de empresas.
Mas
sempre ouvi dizer que não podemos desistir. E também não tem como negar o
efeito das Ações Afirmativas ainda que tímido em algumas áreas. A UNESP
implantou cotas e o resultado foi o aumento de 12% da presença de alunos pretos
e pardos no vestibular de 2015. Em alguns municípios do Estado de São Paulo,
como Jundiaí, Piracicaba, Limeira, Bebedouro, São Paulo e no Governo Federal a
política de Ação Afirmativa já existe há algum tempo. Estamos falando das cotas
em concursos públicos. Resta saber o real efeito dessa política. Em São Paulo em breve
teremos a pontuação acrescida nos concursos públicos para negros e indígenas.
Mas
observando-se a presença dos negros na mídia ainda vemos um grande desrespeito
à nossa imagem. Em comerciais quase nunca estamos presentes. Tenho a impressão
de que não calçamos, não nos vestimos e nem usamos produtos de beleza ou de higiene.
Poucas
pessoas falaram da "Carolina de Jesus", cujo centenário aconteceu em
março deste ano. Faltam referências positivas para os negros e negras. Pouco se
fala da etnia de Machado de Assis, de Theodoro Sampaio, Luís Gama, Chiquinha
Gonzaga e de tantos outros.
Mas
nesse 20 de novembro quero referenciar um rei negro brasileiro que merecia ser
reverenciadoem vida, como Rei. Estou falando de Tim Maia, que agora brilha nas
telas de cinemas. Muito talento num só gênio.
Uma
coisa é certa: o dia em que a população negra brasileira acordar e
perceber a força que temos e que nunca usamos o Brasil será outro.
*
Coordenadora de Políticas para População Negra e Indígena da Sec. da Justiça e
Defesa da Cidadania/SP
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