Carlos
Alexandre, já teve uma fotografia dos filhos com pistolas em cima, mas nem por
isso recuou. Trata dos casos de banqueiros, figuras do Estado português ou
empresários da noite. Tem 53 anos. A imprensa dá-lhe o nome de superjuiz. Está
no centro dos holofotes. Mas quem é o juiz do caso dos vistos gold?
Operação
Furacão, Caso BPN, Máfia da Noite, Face Oculta, Remédio Santo, CTT, Operação
Labirinto. São estas as pastas que estão na secretária de Carlos Alexandre, o
juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal que trata dos mais emblemáticos
processos judiciais em Portugal.
Ontem,
terá ouvido José Sócrates, que foi detido face a suspeitas de corrupção
alegados crimes de corrupção, fraude fiscal agravada, branqueamento de capitais
e falsificação de documentos.
Mas
quem é o superjuiz? O Diário de Notícias, este sábado, traz uma extensa peça
sobre Carlos Alexandre, que lhe trazemos de seguida:
Recentemente,
com a ‘explosão’ do caso relacionado com os vistos gold, este juiz ouviu 11
arguidos em apenas cinco dias. Pelo meio, elaborou um despacho para levar a
julgamento João Rendeiro, ex-presidente do BPP, e mais quatro arguidos. É esta
a sua imagem de marca. Não vira a cara ao trabalho.
A
fama foi sendo construída nos bastidores da justiça. Por exemplo, quando estalou
o verniz do caso BES, decidiu aplicar a Ricardo Salgado uma caução de três
milhões de euros no decorrer da Operação Monte Branco. Prendeu, no âmbito do
caso BPN, Oliveira e Costa. Recentemente, com a investigação da Operação
Labirinto, mandou emitir mandado de detenção ao chefe do SEF.
Em
2013, foi considerado o 48º homem com mais poder em Portugal, move-se dentro do
tribunal sem “jogos palacianos e sem proteger interesses de ninguém”, diz fonte
da Polícia Judiciária ao DN. Não se lhe conhecem grandes discursos públicos,
mas quando confrontado por um advogado sobre o facto de, em Portugal, o falar
mais alto do que a verdade, contradisse quem o afirmou, assegurando que “a
verdade fala mais alto”.
Recentemente,
depois de ser ameaçado, passou a ser acompanhado por dois elementos do Corpo de
Segurança Pessoal da PSP, um deles motorista, um oficial da polícia que
conheceu quando vivia em Linda-a-Velha.
Já
teve a casa assaltada e, nessa altura, recebeu um recado. Em cima da fotografia
dos filhos os assaltantes deixaram um revólver. Quem o fez queria intimidar o
juiz e imaginava que este recuaria. Mas isso não aconteceu.
É,
dizem, viciado em trabalho, “não tem problemas com horários”, explica fonte
policial. Sob a sua alçada, são recorrentes maratonas de interrogatórios. “Uma
vez num processo que visava o crime de segurança privada ilegal o juiz esteve
quatro dias com os arguidos em interrogatórios, só interrompia as audições à
noite”.
Sobre
o seu perfil, diz-se que é crítico, obcecado com detalhes, raramente perde a
calma com a batina vestida, mas “detesta que os arguidos lhe mintam na cara”,
conta fonte do Ministério Público. Além disto, é sucinto e objetivo, raramente
usa truques teatrais, nem abusa do conhecimento profundo que tem das leias.
“Tem mais ADN de polícia, com uma veia acusatória”, refere o DN.
Ontem,
dão conta vários órgãos de comunicação social, terá ficado com o caso de José
Sócrates.
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