quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Moçambique: Estatísticas escondem assimetrias e injustiças - segundo Graça Machel




A ativista social moçambicana Graça Machel considerou ontem que as estatísticas sobre avanços no combate à pobreza em Moçambique escondem injustiças, defendendo uma acção governativa centrada no ser humano e não apenas nos números.

“As médias nacionais escondem assimetrias e até injustiças, temos de olhar para as assimetrias geográficas, mas também temos de olhar por grupos, como o acesso aos serviços para crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos e, dentro disso, olhar por género”, disse Graça Machel, intervindo na conferência “Moçambique: que visão para o futuro”, promovida pelo Fórum Económico e Social de Moçambique (Mozefo).

Para Graça Machel, presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), o verdadeiro retrato sobre a elevação da qualidade de vida em Moçambique só pode ser obtido com a desagregação das estatísticas seguindo critérios fiáveis.

“Crescimento económico, sim, e precisamos, talvez, de aumentar esse crescimento económico, mas o desenvolvimento é medido e deve ser medido pela qualidade de vida dos seus cidadãos”, enfatizou Graça Machel.

A activista social defendeu o imperativo de instituições fortes e à altura das suas funções como instrumento para a satisfação das necessidades dos cidadãos, observando que “nenhum país se pode considerar desenvolvido sem instituições fortes”.

Por seu turno, o escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana apontou a necessidade de inclusão no usufruto dos benefícios materiais gerados pelo crescimento económico do país, como um dos principais desafios.

“Uma das questões que se colocam é a qualidade de inclusão necessária para que o país possa responder com sucesso aos desafios que nos apresentam e esses desafios são dilacerantes”, disse Luís Bernardo Honwana.

Para o escritor, a crise política e militar que o país atravessou entre meados de 2013 e Setembro do ano em curso demonstra que o projecto político moçambicano pode estar em perigo.

“Se não houver um esforço no sentido de corrigir aquilo que o nosso viver vai fazendo de danos, temos consciência que se põe em perigo o nosso projecto político”, destacou Honwana.

Por seu turno, o reitor da Universidade Politécnica, Lourenço do Rosário, criticou o alegado descuramento da condição humana pelas políticas públicas implementadas pelo Estado.

Por seu turno, Anabela Rodrigues, directora do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), defende que Moçambique tem a oportunidade de explorar os recursos energéticos que têm sido descobertos com sustentabilidade, seguindo os melhores modelos neste domínio.

“Não há incompatibilidade entre desenvolvimento e sustentabilidade, não são valores opostos, tenho receio que talvez não se sigam as melhores práticas já estabelecidas no mundo”, afirmou.

Notícias (mz)

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