Paula
Santos – Expresso, opinião
O
ano de 2014 caracterizou-se pela acelerada degradação da situação política,
económica e social do país, devido à imposição da política de direita
protagonizada por governos do PS, PSD e CDS-PP que conduziram o país ao
declínio e que submeteram o poder político aos interesses dos grupos económicos
e financeiros. Os casos que têm vindo a público de gestão danosa, crime
económico, fraude, fuga e branqueamento de capitais e corrupção são reflexo da
atual situação do país. Situações, como é o exemplo dos vistos gold,
apadrinhado por Paulo Portas, mais não serviu do que um instrumento para
favorecer esquemas de corrupção e branqueamento de capitais a pretexto da
captação de investimento. Ou o colapso do BES/GES com consequências desastrosas
para o país e os portugueses, cujas responsabilidades continuam por apurar.
A
aprovação do Orçamento de Estado para 2015 significa o agravamento de uma
política de exploração e empobrecimento dos trabalhadores, dos reformados, dos
jovens, do povo, o aumento das desigualdades e injustiças e a continuação do
ataque às funções sociais do Estado, negando direitos fundamentais e
constitucionais ao povo, onde os condicionalismos impostos pela dívida e o
défice impedem o desenvolvimento do país.
E
contrariamente ao que foi repetido por PSD, CDS-PP e Governo, não é verdade que
o país se tenha libertado da troica e tenha recuperado a sua soberania, e a
comprová-lo estão as medidas que constam do Orçamento de Estado para 2015 - os
novos cortes nos salários, nas pensões, nas prestações sociais ou os novos
cortes na educação e na saúde e as privatizações de empresas estratégicas da
nossa economia, como é a TAP. A política da troica mantém-se, assim como se
mantém a submissão do país à União Europeia.
Há
muito que o atual Governo não tem legitimidade política para continuar em
funções - um Governo que governa contra os interesses do povo, um Governo que
perdeu a sua base social de apoio e que continua em funções com o alto
patrocínio do Presidente da República, um Governo que governa à margem da lei
(com sucessivas declarações de inconstitucionalidade do Tribunal
Constitucional), um Governo cada vez mais fragilizado, já devia ter saído.
O
povo português aspira e luta por uma verdadeira mudança política. Uma
alternativa política que ponha fim a décadas de alternância política entre PS e
PSD, com ou sem o CDS-PP. Para isso não basta mudar os rostos dos protagonistas
da mesma política.
Embora
o PS ensaie um discurso pretensamente de esquerda, não se demarca do PEC, nem
do Pacto de Agressão. Aliás, num conjunto de matérias estruturantes, o PS
esteve ao lado ou foi conivente com PSD e CDS-PP. Assume também uma posição de
submissão à União Europeia e aos seus instrumentos de governação como por
exemplo o Tratado Orçamental, por outro lado, não assume a renegociação da
dívida que defenda o interesse nacional e no essencial acompanha a política
fiscal e as privatizações. A verdade é que ao longo dos últimos 38 anos, o PS,
tal como PSD e CDS-PP foram e são os protagonistas da política de direita.
É
importante que não haja ilusões e que todos os portugueses conheçam
efetivamente o que defende cada partido.
A
rutura com a política de direita é urgente, assim como é urgente a
concretização de uma política patriótica e de esquerda, onde os direitos dos
trabalhadores do povo e do país prevaleçam sobre os interesses do grande
capital. Uma política que retome o caminho dos valores de Abril inscrito na
Constituição da República Portuguesa. Uma política que assente na renegociação
da dívida, na aposta do aparelho produtivo e na recuperação para o controlo
público de setores estratégicos da economia, na valorização dos salários e
pensões, na defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, numa
justa política fiscal que desonere os trabalhadores e as micro e pequenas
empresas e reforce a tributação sobre os rendimentos e o património do grande
capital e na rejeição das imposições da União Europeia, afirmando a nossa
soberania económica, orçamental e monetária. E a solução para a concretização
dessa política não passa por PS, PSD e CDS-PP, mas sim pela luta e convergência
dos trabalhadores e do povo, de sectores democratas e patriotas.
Sem comentários:
Enviar um comentário