domingo, 14 de dezembro de 2014

Portugal: FMI EXIGE MAIS MISÉRIA, CAVACO SUJO, TAP PARA DISTRAIR, POPULISMO


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

FMI-Lagarde, voltar o feitiço contra o feiticeiro

É notícia que o FMI reconhece que Salário Mínimo Nacional em Portugal é intocável e propõe subsídio de desemprego menos generoso, corte na TSU e mais investimento em estágios. A sabedoria daqueles elementos da equipa da senhora Lagarde decerto não sabem o que é passar fome e passar por caloteiro (agora chamam incumpridor) por ter caído no desemprego ou ter visto a pensão de aposentação diminuída e congelada por vários anos. Nem sabe que a maioria dos desempregados em Portugal não recebem subsídio de desemprego, chegando ao fim do mês com um enorme zero nos seus rendimentos e muitas dívidas a acumularem-se. O que se pode propor a esta equipa de uma Lagarde a contas com a justiça francesa mas que nem por isso tem a decência de se demitir do FMI é que se feche numa casa com parcos meios de conforto, sem água, gás e eletricidade, sem géneros alimentícios - a não ser algumas carcaças – e ficarem ali fechados por uma semana. Depois saírem dessa casa para a rua e procurarem emprego, irem aos Centros de Emprego a pé (porque não há como pagar os transportes caríssimos). Constatado o fracasso da procura de emprego regressar a casa passeando pelas ruas a fome, a fraqueza de quase não se alimentar há uma semana. Então aí a Lagarde esfomeada já mal veria. É que a fome tira-nos a visão e muito mais, principalmente a força, a energia. Depois, então, a Lagarde e a equipa certamente que pensariam de outro modo. Provavelmente até se disporiam a assaltar um banco ou ir roubar à toa. Não como estes da equipa FMI estão habituados, nem como os dos governos e os banqueiros estão habituados – roubando confortavelmente e até impunemente… Roubarem com risco. Nem que fosse um pastel de bacalhau. Que por isso também há juízes de barriga cheia que punem os perrapados e esfomeados. Fortes com fracos, fracos com os fortes. A lição para os do FMI e muitos outros seria benéfica e devia acontecer. Um dia. Um dia em que o feitiço se volte contra o feiticeiro.

Banqueiros e arco da governação brincam

O Caso BES/GES anda a ser inquirido na Assembleia da República. Foi toda a semana de maratonas a escutar os matrofões enleados numa golpaça que os portugueses vão pagar com língua de palmo. Ricardo Salgado levou malas de estratégia ao apresentar-se como vítima, sempre a atirar culpas para os outros. Depois foi a vez do primo, Ricciardi, fez o mesmo com deslumbre de cativar. E vai outro, mais outro. Nem é importante fazer aqui constar seus nomes. Empurram responsabilidades para os outros. Fazem-se anjinhos a fazer lembrar as megeras finas quando afinal são o produto do esgoto das “engenharias financeiras” a que podemos chamar vigarices dos que se conluem e promiscuam com os políticos nos poderes até que passam a ser eles os verdadeiros detentores dos poderes, sendo o Estado e os políticos seus reféns. Tudo graças a conluios entre a escória política e do capital. Pergunte-se o que afinal se conclui daquelas maratonas no inquérito feito pelos deputados. Alguma vez aqueles inquéritos foram conclusivos e consequentes? Pelo povinho são considerados de palhaçada. Isto porque se diz que os “artistas” são farinha do mesmo saco. Os partidos do chamado arco da governação (PS, PSD e CDS) são beneficiários escandalosos das “doações” dos banqueiros. E é mais ou menos público os milhares e milhares de euros que Salgado distribuiu a Cavaco, ao PSD, ao CDS, ao PS… O que eles ali estão a fazer é de conta. O resultado é zero de consequências. Já se sabe que a podridão entre aqueles partidos políticos e o BES é enorme. Outras podridões existirão. E agora como querem que dali da AR saia algo de positivo para os interesses da verdade, da justiça, da democracia, da transparência. Como? Banqueiros e arco da governação a brincar com os portugueses. Votem mais neles. Sofram, porque está visto que é disso que gostam. Masoquistas.

Cavaco a querer limpar-se do BES fica sujo

Cavaco Silva veio limpar-se das suas declarações na Coreia do Sul sobre confiar no BES quando o cheiro a maroscas, cambalachos e que estava tudo a desmoronar-se já era mais que evidente. Só Cavaco é que não sabia. Uns otários investidores confiaram nas palavras do PR. Mas também dos do governo. E o Banco de Portugal? Disse Cavaco que já havia um mês antes que andavam a investir quando ele disse em Seul que o BES era de confiança – mas não era. Mais nos ajuda. Já a bronca estava mais evidente. Então e ele disse o que disse e reforçou a confiança imerecida no BES? Cavaco pensou que se limpou com aquela de ter falado um mês depois dos investimentos… Limpou-se o tanas. Cavaco recebeu e conversou com o seu amigo Salgado. Certamente ficou a saber de todo o trolaró BES / GES. E então? E então é de pensar que Cavaco foi esclarecido a tempo. Como sempre, Cavaco, faz tabu, mais um, da conversa que teve com o amigo Ricardo Salgado. O tal que lhe pagou em fortuna as campanhas eleitorais e talvez mais. O que pensar? Com tanto tabu nunca se sabe se sim ou se não. Limpou-se Cavaco? Não. Até porque há esta e outras que para os portugueses estão por esclarecer convenientemente e o homenzinho é de muito poucas palavras e de muitos mistérios.

TAPem a verdade do memorando sobre a TAP. Impossível

Polémica de serrar presunto sobre a privatização da TAP. Passos e o governo, o próprio cúmplice desta desgraça de miséria em Portugal, Cavaco Silva, e muitos dos neoliberais que estão a vender o país em saldos, esfregam as mãos e rejubilam com o braço de ferro de Costa e do PS. A polémica já é estéril e só dá para entreter papalvos. Sabe-se, e Costa disse-o, que no memorando as privatizações previstas eram no valor de 5.5 milhares de milhões de euros e que o governo já vai em mais de 8 mil milhões. Sabe-se também que no memorando de entendimento consta lá uma no cravo e outra na ferradura. Primeiro refere privatização total e depois parcial… Uma confusão em que os deputados legisladores, os “engenheiros” destas manigâncias, são useiros e vezeiros gerarem. Fazem-no por pura sacanice, por admitirem que assim ficam sempre com um alçapão, uma porta aberta para uma solução ou outra. Essa é a verdade do memorando. Costa não tem mais que responder aos jogos estéreis do governo e do PSD – com o lambe-botas Marco António Costa a incendiar rastilhos que vão desembocar em pólvora seca. O que querem é entreter-nos com missangas para arquitater roubar o ouro. A TAP não tem de ser privatizada. Não existem motivos nem acordos para isso neste momento. Ponto final. Se António Costa e o PS mantiverem esta polémica é por que também lhes dá jeito serrar presunto em vez de afrontar o governo como devem em questões de facto pertinentes. O governo tem de ceder e deixar a TAP em paz. A senda dos vende a Pátria está a descoberto, os vendedores insaciáveis são os do governo, o avalista é Cavaco, ao PS compete desmascará-los – o que já fez – e seguir para outras confrontações pertinentes de modo a que um governo a menos de um ano de terminar não possa continuar a fazer de Portugal terra queimada e dos portugueses zumbis esfomeados a sobreviver na miséria. Sobre o memorando, é sabido, já não dá para nos taparem a verdade sobre a TAP. E os profissionais da TAP fazem greve? Não querem? Então? Como querem que eles contestem e evitem o crime de venderem a transportadora (provavelmente já com um cambalacho montado)? Não querem a greve? Então não vendam a TAP e não nos venham com mentiras. Acabem com a novela!

Novos partidos políticos

Nestas fases caóticas da vida dos países aparecem sempre novos partidos. Regra geral duram muito pouco tempo no formato original. Ou extinguem-se ou fazem alianças e aglomeram-se num só, pouco representativos. Muito se fala no medo do populismo que possa tomar o poder nas próximas eleições se acaso os novos partidos forem populistas. Medo do populismo? Mas então querem partidos mais populistas que o CDS de Portas ou o PSD de Passos Coelho? Têm medo? Mas então por que votaram exatamente neles e forçam o país a ser despojado da soberania e retroceder aos tempos do salazarismo fascista? Temem ainda piores partidos políticos que os referidos? Descansem, os portugueses há muito que andam anestesiados pela propaganda a que chamam comunicação social e não vão fugir dos tais do arco da governação. Os portugueses adoram arvorar em arco nos do costume. Fome e porrada. Fome já passa e porrada também a leva esporadicamente. O futuro será pior? A seu tempo os tais novos partidos serão aqui abordados…

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