quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Racismo: Seguranças britânicos ilibados de homicídio involuntário de angolano




Três cidadãos foram acusados de impedir a respiração de Jimmy Mubenga, durante uma deportação em 2010.

Três seguranças privados foram ontem ilibados por um tribunal britânico de homicídio involuntário de um angolano morto durante a deportação em 2010.

Terrence Hughes, de 53 anos, Colin Kaler, 52 anos, e Stuart Tribelnig, 39 anos, foram acusados pelo ministério público britânico de impedir a respiração de Jimmy Mubenga, de 46 anos, durante 36 minutos, dentro de um avião que se preparava para descolar de Londres com destino a Angola.

Mas, após um julgamento que durou seis semanas, os jurados deliberaram que os homens não eram culpados.

Outros passageiros do voo disseram ter ouvido o angolano gritar que não conseguia respirar, mas os guardas garantiram que não ouviram as queixas.

Quando repararam que não estava a respirar, a descolagem foi abortada e Jimmy Mubenga levado para o hospital, mas morreu de paragem cardiorrespiratória.

Um inquérito realizado no ano passado concluiu que Jimmy Mubenga, de 46 anos, morrera devido ao uso de “força excessiva” por seguranças da privada G4S, que tinha então um contrato para executar as deportações ao serviço do governo.

Mubenga, pai de cinco filhos e residente no Reino Unido há 16 anos, estava a ser deportado na sequência de uma pena de prisão de dois anos por agressão física.

Citada pela BBC, a viúva do angolano, Adrienne Mubenga, apelou à presença de funcionários nos aviões para supervisionarem as deportações e lamentou a apatia da tripulação do avião.

“Deviam ter salvado a vida do Jimmy. Alguém que estava a chorar, que estava a implorar: “estou a morrer. Estou a morrer, façam algo’. Agora vêm com desculpas? O que é que eu faço com as desculpas? Nada. Ele estava a implorar por ajuda e ninguém ajudou”, lamentou.

Um porta-voz do Ministério do Interior britânico reafirmou a exigência dos “mais elevados padrões de profissionalismo” das empresas que contrata e que foram introduzidas novas orientações para minimizar a necessidade de imobilização durante as deportações por via aérea.

O ministério público britânico, também citado pela BBC, disse respeitar o veredicto, alegando que este foi um “caso difícil que envolveu acusações graves” e reiterou a convicção de que existiam provas suficientes e interesse público para levar os três seguranças a tribunal.

Lusa, em Rede Angola

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