sábado, 14 de junho de 2014

Portugal: Cavaco, ou da mais regular instituição que conhecemos



Isabel Moreira – Expresso, opinião

Não me lembro de não existir Cavaco. Quando Cavaco não era ainda a mais regular instituição democrática do país, a minha idade não permitia dar pela figura. Nada haveria de angustiante nisto se, tantos anos no poder, como Ministro, como Primeiro-Ministro e como Presidente da República fossem anos largos, porque o ator político é excecional. É difícil, não vivendo numa ditadura, imaginar alguém ser tudo o que se pode ser em política, de eleição em eleição, com a substância da não-substância.

Um mau Primeiro-Ministro chegou a Belém, oportunidade para brilhar nas malhas largas que o sistema semipresidencialista oferece ao cargo (basta recordar o génio de Mário Soares), oportunidade rejeitada, e não perdida, desde a primeira hora, em nome de uma presidência cujo exercício, de mau, já deu azo a teorizações acerca da bondade do nosso sistema político.

Cavaco despreza o significado do seu cargo: ser um órgão de soberania; representar a República; ser o garante da independência nacional, da unidade do Estado e do regular funcionamento das instituições democráticas; defender a Constituição e fazê-la cumprir; ou ser o comandante supremo das forças armadas. Cavaco despreza a justificação do sufrágio universal que o elege.

Ser Presidente da República não é para todos. Há mesmo uma idade mínima para o ser. É coisa para gente com mínimos de maturidade política e de compreensão do pilar fundamental do cargo, de ser aquele ou aquela que modera, que nomeia e demite Governos e os seus membros, que, numa ponderação difícil, dissolve o Parlamento, que veta politicamente leis e decretos-leis, que suscita a fiscalização preventiva de diplomas, bem como a sucessiva, que nos discursos audíveis e surdos faz pelo Regime e não contra o Regime.

Cavaco é uma fraude. Cavaco conspirou contra um governo legitimado democraticamente, fixando-se, nesse momento, numa trincheira armada com um Partido político que abraçou num projeto pessoal ilegítimo.

São coisas que a história registará. Um presidente a quem todos associarão para sempre a "inventona" de Belém; um presidente que usou de simples vetos políticos momentos explosivos anunciados para as 20 h da noite, inventando uma ofensiva socialista aos seus poderes constitucionais; um presidente que à margem dos tais poderes constitucionais nunca saiu trincheira; um economista que se atreveu a mentir sobre as causas da crise, a bem da narrativa da "situação explosiva" criada pelo indisciplinado governo que assim ouviu, no discurso do Ano Novo de 2010, a bala disparada rumo a uma nova presidência e com um governo programado a partir de Belém; um presidente da república que rasgou o seu diploma universitário, ignorando intencionalmente a crise internacional de 2008, a que se seguiu, os efeitos diferenciados do euro, tudo em nome da tal da "verdade", numa palavra, a mentira.

A mentira pegou e Cavaco conseguiu descobrir a pólvora em 2009, que negara em 2008, ano em que surgia como "bom pai de família" e tal.

Veio então a "verdade". Essa narrativa feita numa trincheira com pessoas que agora a negam, caso de Manuela Ferreira Leite, estava cheia daquele bolor moralizante que os bons costumes usam acolher.

É a desgraça da paz social, essa coisa que já permitiu tudo, aqui e noutros países, porque a paz social, ou a invocação dela por outras vias, sempre foi e sempre será apetecível. Chega mesmo a deixar a vidinha caminhar enquanto um ditador teima em durar. Está nos livros.

Cavaco insiste, como insistiu no outro dia, o de Portugal, país que não serve, na tese do antes e do depois, do país sem gestão das contas públicas e no país do rigor.

Na trincheira, fala aos portugueses pouco tempo depois de ter permitido em conluio com o Governo, não requerendo a fiscalização preventiva do OE, o saque durante 5 meses ao salário de funcionários públicos, salários milionários de 675 euros.

Na trincheira, fala aos militares, àqueles cujos subsistemas foram atacados por diploma recente, tendo Cavaco, em conluio com o Governo, feito um uso desviado do veto político, porque sabia que este, ao contrário do veto por inconstitucionalidade, seria, como foi, ultrapassado.

Não me lembro de não existir Cavaco. Mas ele faz por recordar que existe, por razões que me revoltam, enquanto republicana convicta.

O discurso da verdade moralizante é por natureza o discurso da trincheira cavada na valeta que enterrou qualquer razão de estado.

Tenho para mim que a trincheira deixou esticar de mais os braços do desviado da função. Talvez por isso, mais tarde, quando se escrever sobre Cavaco, essa instituição tão regular a qualquer custo, já não se encontrem apologistas da paz habitual.

Arménio Carlos: Acusações de Carlos Silva são uma "manobra de diversão"




O líder da CGTP, Arménio Carlos, considerou hoje "uma manobra de diversão", para "fugir às questões concretas" que afetam os trabalhadores, as declarações do secretário-geral da UGT, que acusou a intersindical de ser uma "organização autofágica".

Segundo Arménio Carlos, as declarações de Carlos Silva, secretário-geral da UGT, são uma "manobra de diversão para tentar fugir à questão concreta" que é "a destruição da contratação coletiva e a redução das retribuições".

"A UGT está disponível para colaborar com o Governo e com os patrões na destruição da contratação coletiva e na redução da retribuição ou está contra? É só disso que se trata. É sobre isso que a UGT tem de responder. Sobre o resto, são conversas que neste momento, pelo baixo nível que demonstraram, não merecem sequer resposta", afirmou o líder da CGTP.

Arménio Carlos considerou que, com este tipo de declarações, Carlos Silva "só demonstra que não está bem com a sua consciência e quer desviar neste caso concreto a atenção da opinião pública daquilo em que neste momento deve estar concentrada".

O líder da CGTP apelou "a todos os trabalhadores e a todos os sindicatos que, não sendo filiados na CGTP estão confrontados com os mesmos problemas face a esta ofensiva que está em marcha, para que se unam e discutam os seus problemas e formem um movimento forte de contestação e de rejeição à proposta de alteração laboral que neste momento o Governo está a tentar implementar com os patrões".

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, acusou hoje, em Vila Nova de Cerveira, a CGTP de ser uma "organização autofágica, amarrada a princípios político-partidários e assente numa política de destruição".

Segundo Carlos Silva, a CGTP "é uma organização autofágica. A autofagia é uma coisa parecida com canibalismo, mas são aqueles que se comem a si próprios, que se destroem por dentro, que põem em causa o mérito do seu trabalho, porque é de sindicalistas e de sindicatos que estamos a falar, que têm todos uma mesma virtude que é defender os trabalhadores".

A acusação, explicou Carlos Silva, surge na sequência das reuniões de concertação social em torno das propostas de alteração da lei da contratação coletiva, após a decisão do Governo de abdicar do último reembolso do programa de assistência financeira.

Entretanto, Arménio Carlos participou hoje numa manifestação organizada pela CGPT para pedir a demissão do Governo e exigir eleições antecipadas.

Milhares de pessoas concentraram-se esta tarde na praça do Marquês, no Porto, vindas de vários distritos do norte e do centro, e estavam cerca das 16:30 a desfilar para a praça da Liberdade, onde o líder da CGTP fará uma intervenção.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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Portugal: DIAS DE QUEDA


Cavaco Silva desmaia a meio do discurso de 10 de junho e é retirado em braços

Fernanda Câncio – Diário de Notícias, opinião

Houve o deslumbrante, comovente até, elogio de Teresa Leal Coelho ao Tribunal Constitucional, em forma de milagre das rosas: a maioria confessando que quis e acreditou nomear comissários políticos descobrindo, atónita e vingativa, que lhe saíram juízes do regaço. Houve a reação vagal de quem há muito vagou o lugar e que, 20 minutos de ausência depois, achou, apesar (por causa?) dos diretos de todas as TV, não dever uma palavra, uma justificação, um módico de boa educação, ao País no dia dele - decerto crendo que, neste caso como nos outros, se fingir que não se passou nada, é como se nada se tivesse passado.

Tanta coisa nesta semana. Mas não vou, como o desmaiado vacante, retomar o discurso como se não tivesse caído. Os nomes das pessoas que esta semana receberam notificação de despedimento no grupo editorial do DN ocupariam esta coluna toda - pensei usá-la assim. Mas seria uma outra forma de não me obrigar a falar sobre isso. De guardar o silêncio envergonhado, embaraçado, que os jornalistas guardam sobre as suas tragédias, nós que corremos a "cobrir" as dos outros, os despedimentos dos outros, as lágrimas, desalento e desespero dos outros, para fazer delas posto de espreita sobre o mundo.

Somos isso, temos essa missão: espécie de guarda avançada, cega, lenta, à procura de sinais. De vez em quando, os sinais vêm ter connosco. Abalroam-nos. Inevitável, diz a gestão deste grupo: que é "a única forma". Posso vir a acreditar nisso. Mas preciso que me expliquem. Que me demonstrem. Que me oiçam; quem sabe tenho, temos, ideias para ajudar a resolver o problema. A lei, esse tão infrequentável luxo nos tempos que correm, diz que os jornalistas "têm o direito de participar na orientação editorial do órgão de comunicação social para que trabalhem, bem como a pronunciar-se sobre todos os aspectos que digam respeito à sua actividade profissional". A lei diz isto porque reconhece aos jornalistas uma natureza específica, especial: somos fundamentais para a democracia. Mas poderemos sê-lo, com o que isso implica de independência, de segurança, de intrepidez e resistência, se formos tratados, nós que somos supostos averiguar sobre tudo, investigar sobre tudo, ter uma perspetiva sobre tudo, uma narrativa sobre tudo, afrontar tudo e todos, como se não tivéssemos capacidade de perceber o que nos acontece e porquê, riscar uma palavra sequer sobre isso?

E, o que é mais, se nos deixarmos assim tratar. Será assim tão impossivelmente heróico cumprir os nossos deveres e exigir os nossos direitos? Com que cara pediremos amanhã a alguém que dê a cara no nosso jornal, se não damos a cara por ele, pelo jornalismo, por nós? Com que cara continuaremos como se nada se tivesse passado, à espera de cair de vez?

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Um crime em gestação - por João Marcelino
O padrão FIFA de qualidade – por José Manuel Pureza

Portugal: ANMP alerta que há câmaras sem dinheiro para os salários



Luís Claro – jornal i

Parlamento discute na próxima quarta-feira programa de ajustamento para municípios em dificuldades

O parlamento vai discutir na quarta-feira o Fundo de Apoio Municipal (FAM), mas a Associação Nacional de Municípios (ANMP) discorda da proposta do governo e avisa que ela pode "criar problemas gravíssimos e não resolve os que já existem".

O FAM visa socorrer as câmaras municipais que estão com dificuldades financeiras e prevê "a adopção de um programa de ajustamento municipal com medidas de reequilíbrio orçamental". Esta ajuda - uma espécie de programa da troika a nível local - é dada através de um fundo de 650 milhões de euros, em que 70% é dinheiro de todos os municípios e os restantes 30% do Estado. Manuel Machado, presidente da ANMP, considera que a proposta do governo "é insustentável para os municípios", alertando que "há câmaras em situação difícil para pagar salários nos próximos meses".

Manuel Machado defendeu que "é desejável que o FAM não agrave a sua situação e ponha ainda mais câmaras em situações semelhantes" e apelo ao governo para "negociar uma solução que seja razoável e exequível".

Em resposta, o secretário de Estado da Administração Local, Leitão Amaro, garantiu que o governo tem "abertura" para negociar aperfeiçoamentos à proposta, mas lembrou que o documento que vai ser discutido na próxima semana pelos deputados foi apresentada na Assembleia da República "em perfeita articulação com a ANMP".

Leitão Amaro defendeu que o esforço pedido dos municípios "é razoável". O governante explicou que "a média do esforço dos municípios, em cada um dos anos que capitaliza, é de 1,3 por cento das suas receitas".

De acordo com a proposta de lei, que será discutida na próxima semana no parlamento, o PAM (programa de Apoio Municipal) deve "conter um conjunto medidas específicas e quantificadas com vista à diminuição programada da dívida de cada município até ao limite legalmente admissível". O governo admite que, nos últimos três anos, "verificou-se uma melhoria significativa da situação financeira do sector municipal", mas existe "ainda um grupo limitado de municípios cuja situação orçamental e financeira é difícil". O que torna necessário criar "um mecanismo permanente que procure resolver de forma estrutural e definitiva o problema do desequilíbrio orçamental e financeiro dos municípios".

Foto: Rodrigo Cabrita

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Colômbia: 917.088 mortos não são o bastante?




São suficientes esses mortos? Ou ainda faltam mais? É essa, e não outra, a pergunta que os colombianos vão responder neste domingo

Patricia Lara Salive - Carta Maior, em Pátria Latina

Um informativo veiculado pela imprensa disse que o conflito armado na Colômbia  deixou 34.813 sequestros, 792.382 homicídios e 124.696 desaparecimentos forçados, números da Unidade de Vítimas que, somadas, equivalem a 917.088 mortos.

São suficientes esses mortos? Ou ainda faltam mais? 

É essa, e não outra, a pergunta que os colombianos vão responder neste domingo! 

Por isso, antes de marcar na cédula eleitoral para escolher o próximo presidente da Colômbia, na solidão da consciência e da cabine de voto, cada pessoa deve ser o suficientemente honesta, clara e valente para contestar estas três perguntas: 

Quero conseguir uma paz com mais condições e, para alcançá-la, tanto faz que tenhamos mais mortos, porque esses mortos, muito provavelmente, não vão doer em mim, pois eles estarão no campo, longe, e não serão meus filhos, nem meus pais, nem meu parceiro, nem meus amigos e, por isso, escolho o candidato que não quer esta paz que está próxima, mas sim a outra, perfeita, que está distante e que talvez não chegue nunca?

Ou eu voto pelo candidato que está a ponto de concluir a atual negociação e aposto que esta paz será conquistada em poucos meses, parando as mortes que doem em mim, ainda que eu não os conheça, pois são cidadãos colombianos? E porque eles importam para mim, aceito essa paz que implica em reconhecer que existe uma contrapartida. E chegar a um acordo não significa, sob qualquer hipótese, ceder em relação aos princípios que afetam o sistema democrático, nem permitir que exista um canto apenas do país que não esteja controlado por nossas Forças Armadas. 

Ou para mim não importa se há ou não mais colombianos mortos por causa do conflito e me abstenho de votar ou voto em braco?

Estas são, sem maquiagem, as opções que temos para este domingo. 

Em minha longa vida, nunca tinha visto eleições tão decisivas como as de agora... E não tenho dúvidas: no domingo, eu vou escolher esta paz, confio nela, ainda que não seja exatamente aquela que eu queria. Eu aceito e escolho ela porque eu a quero agora, para meus filhos, para meus netos, para mim. Porque não me conformo com uma paz com melhores condições para meus bisnetos e porque, além disso, antes de morrer, quero ter conhecido uma Colômbia em paz. 

E para os que ainda estão indecisos ou consideram que seu voto – um a mais ou um a menos – não define nada, deixo este poema atribuído a Bertold Brecht:

Primeiro levaram os judeus
Mas não me importei com isso
Eu não era judeu
Em seguida levaram alguns comunistas
Mas não me importei com isso
Eu também não era comunista
Depois prenderam os operários
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou operário
Depois levaram uns intelectuais
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou intelectual
Agora estão me levando
Mas já é tarde.

Parabenizo o governo e o ELN (Exército de Libertação Nacional) por terem revelado que estão em fase exploratória para iniciar a negociação que tanto se tentou fazer durante o governo de Álvaro Uribe.

Anunciaram que já chegaram a um acordo para que a agenda inclua os aspectos das vítimas e da participação da sociedade civil.

O fato de terem feito aproximações públicas compromete ainda mais os dois lados e esclarece a possibilidade do final total do conflito armado na Colômbia. 

Que Deus queira assim!

Tradução: Daniella Cambaúva

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Selva no Mundial de Futebol: elefantes, samurais e corujas




Cuiabá, Brasil, 13 jun (Prensa Latina) Depois da abertura oficial da Copa do Mundo de Futebol e faltando pouco para novas emoções em três jogos, despertam polêmicas, previsões, pinceladas e a fogueira para um árbitro japonês.

Neste tipo de selva do Mundial Brasil 2014, não faltam as notas desagradáveis de protestos que têm pouco de social e bastante de vandalismo, quando se esperava uma trégua depois da vitória da canarinha em sua estreia.

Obviamente, o mais comentado hoje é o pênalti inexistente apitado pelo árbitro japonês Yuichi Nishimura, cobrado pelo irreverente Neymar (dois gols), que inclinou a balança no sentido do Brasil contra uma Croácia bem plantada no campo.

Desordem na recuperação, pouca disciplina na marcação e uma defesa irregular foi o balanço duvidoso dos anfitriões, com o brilho, no entanto, de Neymar e do meia Oscar, que dedicou o gol à sua filha recém-nascida Julia.

De samuráis, a equipe azul da terra do sol nascente estreia amanhã contra os sempre perigosos elefantes da Costa do Marfim. E não se sabe se por Nishimura ou pelo futebol, mas um Café de Tóquio implementou a moda de fazer carinho em corujas no recinto.

Como estamos no Brasil, que junto ao Peru contam com as maiores extensões da Amazônia, Manaus aparece como o palco perfeito para fazer os europeus da Inglaterra e da Itália suarem no duelo crucial do chamado grupo da morte, o grupo D.

Tudo é relativo porque, enquanto o Uruguai e a Costa Rica completam a série e se enfrentarão também amanhã, os integrantes do B - Espanha, atual campeão mundial; Holanda, vice; Chile e Austrália - querem se aproximar.

No plano das comemorações e comidas, o mosaico de culturas das 32 seleções reunidas no Brasil não é um aparte no plano local, que mostra suas excelências da ótica da grande diversidade.

A marca africana, indígena e europeia se destaca, ainda que ninguém deve esquecer que em São Paulo moram enormes comunidades asiáticas, especialmente de origem japonesa. De modo que o shushi, os rolinhos primavera e o frango xadrez são bastante populares.

Depois, de maior aceitação nacional, a inigualável Feijoada (feijão preto espesso com carne de porco e carne seca de boi), os rodízios de carne ou churrascarias, que cortam tiras de pedaços inteiros com enormes facões em Copacabana e Ipanema.

Por aqui, em Minas Gerais, porções a base de milho e carne de porco com vegetais, os típicos queijo minas, pão de queijo, angú e feijão tropeiro,

Na Bahia, a moqueca e o vatapá, dominados por peixe e camarões com azeite de dendê (um tipo de palma) e caruru (quiabo, castanha de cajú, pimenta e alho), sem esquecer o churrasco e as massas italianas.

Mpm/ft/md/cc – Prensa Latina - Modificado el ( sábado, 14 de junio de 2014 )

Economia latino-americana crescerá nesse ano e no próximo




Berlim, 13 jun (Prensa Latina) O Instituto de Economia Mundial (IFW) prognosticou hoje para 2014 e para o próximo ano uma aceleração no crescimento mundial, com dados favoráveis para a América Latina.

O relatório aponta que a América Latina crescerá 3.1% este ano e 3.6% em 2015, depois que a expansão econômica foi de 2.8% em 2013 para essa região.

A economia mundial em conjunto aumentará 3.5% em 2014 e 3.9% em 2015. Esse documento está baseado na recuperação das economias nos países industrializados.

Nos países desenvolvidos, o investimento produtivo ganhará cada vez mais dinamismo. Nos Estados Unidos, o Produto Interno Bruto (PIB) será de aproximadamente 2.1% neste ano e 3.0% no seguinte.

Sobre a zona euro, o IFW afirma que a recuperação se fortalecerá e que é esperada para 2015 uma expansão econômica de 1.7%, após 1.0% no ano em curso.

Na Índia o crescimento será de 5.8 (2014) e 6.0 (2015); no Leste asiático (sem a China, Índia e Japão) será de 4.0% e de 5.0% respectivamente, na Rússia de 0.5 e de 1.8%.

O comércio mundial avançará 3.5% este ano e em 5.0% no seguinte. Enquanto isso, o preço do petróleo permanecerá este ano em 109 dólares o barril, quase igual que o anterior, e no próximo em 111 dólares.

A economia japonesa crescerá 1.5 e 1.0% respectivamente, no Reino Unido o crescimento será de 2.1 e 3.0%, enquanto na China crescerá respectivamente 7.2 e 7.0%.

rc/rfc/cc – Prensa Latina

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A AMÉRICA DO SUL PROVA AS “CONFRONTAÇÕES NÃO DIALOGANTES”



Martinho Júnior, Luanda

1 – Tudo começou com as Honduras, uma referenciada“república banana” da América Central, que ousou“esticar a corda” e alinhar com a ALBA, a “Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América” e suas políticas progressistas, entre elas as políticas com benefícios no acesso a produtos energéticos referentes a outra organização: a PETROCARIBE!

Ali foi levado a cabo um golpe inspirado noutro que ocorreu antes no Haiti há puco mais de 10 anos, com o Presidente Jean-Bertrand Aristide: um “golpe de estado suave” mas atingindo a cúpula do estado, afastando fisicamente, sem o molestar, o Presidente Manuel Zelaya e com isso, abrindo espaço à “receita subjacente”…

Foi possível assim criar-se a vacuidade de forma a agir rápido com elementos da oligarquia agenciada, ela própria preparada e mentalizada num cadinho estimulante, “pronta para a corrida” para ocupar o poder ao nível de todas as instituições-chave por que se rege a“democracia representativa” nas Honduras, de forma a marginalizar (e com isso neutralizar) os suportes das organizações populares do “regime” progressista deposto: as mil pernas com que ele andava!
  
2 – A “receita”, uma vez que deu êxitos no Haiti como nas Honduras, é pois uma fonte inspiradora que está agora a ser aprimorada pela hegemonia unipolar que, mantendo o poder militar do “SOUTHCOMMAND” e da“ressuscitada” IVª Esquadra suspenso como uma espada sobre os poderes de toda a América Latina, guardam-no como uma alternativa de “desembarque” se porventura as condições do golpe “caírem de maduro”, ou seja, afectando as instituições de inteligência e cúpulas militares de cada um dos alvos…

Como um Brasil, uma Venezuela, ou uma Argentina não são uma “banana-doce”, então o golpe de estado tornou-se agora, com a torneira do rigor e da intensidade ligada e manipulada, algo permanente, com recurso directo aos agentes das oligarquias nacionais envolvidos em tudo: desde as disputas em relação ao acesso ou ao poder sobre o petróleo e o gás, até às tensões de rua, neste caso aproveitando aliás a confusão que os mentores das“confrontações não dialogantes” vão estabelecendo em alguns sectores e substratos das chamadas “classes médias”, sejam elas urbanas, suburbanas, ou mesmo rurais…

O controlo da opinião pública por parte dos “media-de-referência”que corresponde por inteiro aos interesses e conveniências das oligarquias nacionais agenciadas pelo império, é uma componente indispensável na preparação das condições sociais, políticas e psicológicas de “golpe de estado permanente”…
  
3 – O que o poder da aristocracia financeira mundial, por via do sargento-mor instalado em Washington, desencadeou na Ucrânia, faz parte da “receita” que está a ser aplicada também à América do Sul, pelo poder da hegemonia unipolar; no fundo o império aplica-a a todos, na América, como na Europa, como em África, como se todos fossem efectivamente “repúblicas bananas”.

Em alguns casos, como na Síria, ou no Iraque, aplicam recorrendo às redes da Al Qaeda financiadas pelas monarquias arábicas, de forma a poderem aparecer como os “salvadores das desamparadas pátrias”: não o conseguindo na Síria, estão agora à beira de o conseguir no Iraque, com os olhos colocados no Irão!

Para o exercício da hegemonia unipolar deixou de haver, nesse sentido, aliados e a dose de consideração é a mesma para todos, com o mesmo critério no jugo e nos“jogos correntes” nos mais distintos tabuleiros geo-estratégicos, a vários patamares.

Angola não foge a essa regra e está-se a sentir precisamente os mesmos sintomas da “receita” ao nível das questões sócio-políticas e, por tabela, dentro das instituições…

O patamar referente à antropologia, sociologia e psicologia do golpe permanente a aplicar a cada sociedade, está subjacente em relação ao tabuleiro das disputas geo-estratégicas em relação aos produtos energéticos, sobretudo em relação ao petróleo e ao gás!

Por isso a Venezuela após o desaparecimento físico do Comandante Hugo Chavez, passou a ser o alvo dilecto para o “golpe de estado permanente” na América do Sul (que também afecta os outros componentes da ALBA), pois o derrube do seu Presidente Nicolas Maduro, no entender da geo estratégia da hegemonia unipolar a vários tabuleiros e patamares, significa o ruir do “castelo de cartas” dentro do seu espaço nacional, com ondas de choque em todos os cenários individuais e colectivos da América do Sul, desde logo e em especial naqueles apostados na emergência latino-americana e ameríndia, um processo com profundas raízes antropológicas e históricas…
  
4 – É evidente que o Brasil, assumindo-se como um emergente ao nível dos BRICS, é uma das presas mais cobiçadas e onde muitas das disputas se vão também acentuando no tecido sócio-político geral e em cada estado!

Além do mais o Brasil é Atlântico, tal como a Venezuela a norte e a Argentina a sul!

A descoberta da Amazónia-Azul veio trazer combustível para se criarem as condições para a “promoção” do“golpe de estado permanente” e os sintomas precisam apenas de pequenas faíscas para se fazerem sentir, uma vez que os desequilíbrios sociais instalados de há séculos, comportam uma atmosfera latente que pode conduzir a explosões pontuais onde quer que seja num território imenso… com reflexos directos sempre no poder!

Depois o Brasil é uma das grandes chaves no Atlântico Sul até à Antárctida, conjuntamente com a Argentina a sul e com a África do Sul no lado africano!...
  
5 – A independência e a soberania após 200 anos do içar das bandeiras, é motivação para uma busca constante nos países da América do Sul e é com seus próceres, com seus inspirados dirigentes mais progressistas, defendendo os direitos de soberania energética, desencadeando amplos processos integradores livres da presença da hegemonia unipolar, multiplicando as organizações sociais de base, combatendo o analfabetismo, combatendo a doença, combatendo os vírus dos “media-de-referência” controlados pelas oligarquias agenciadas pelo império… que as nações latino americanas se assumem numa emergência, que mais que aquela que é assumida pelo Brasil, o vai sustentando de forma explícita ou implícita em toda a sua extensão, desfazendo o nó do seu relativo isolamento hemisférico!

Grande parte das exportações dos países da América do Sul são equipamentos de transporte (Brasil), ou petróleo e gás (Venezuela, Colômbia, Equador e Bolívia (que além do gás possui uma reserva importante de lítio)…

Em outros, como no Peru e no Chile, há minérios, sobretudo cobre, enquanto na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e no Suriname a predominância é para produtos ligados à alimentação!

A integração dos países da América do Sul comporta imensas vantagens comuns, pelo que os seguidores venezuelanos de Bolivar, avaliam o peso de recursos como o petróleo e do gás numa dimensão continental (relativa a toda a América), inclusive em relação aos próprios Estados Unidos onde souberam dinamizar processos mais baratos de distribuição, com imensas potencialidades no que diz respeito à concorrência, mas dirigindo essas capacidades em direcção às comunidades mais pobres das enormes metrópoles norte americanas, sobretudo aquelas susceptíveis de serem atingidas pelas maiores vagas de frio, de neve e de gelo!

O processo de resistência, de independência, de soberania e de luta, já vai levando, seguindo o módulo integrador, mais de duas décadas e, perante a sua ascensão, que para muitos parece irreversível, a hegemonia unipolar auto-encarrega-se de “promover” a geo estratégia do “golpe de estado permanente”recorrendo aos agentes do condor de sempre, recrutados nas alas mais conservadoras, fascistas e nazis das oligarquias nacionais!
  
6 – Agora a ampla emergência latino americana já não está contudo só: os poderosos emergentes da Ásia estão mais pujantes, revitalizados e disponíveis para a globalização multipolar e os relacionamentos da América Latina com os BRICS tendem a crescer, principalmente com a China!

Na América do Sul o choque é evidente e nem a iniciativa Trans-Pacífico da hegemonia unipolar por via dos Estados Unidos a consegue fazer parar no sistema global de vasos-comunicantes!

O recurso ao fascismo, ao nazismo e aos ultra-conservadores, a fim de sustentar políticas de “golpe de estado permanente”é um sinal de evidente desespero que poderá durar ainda algumas décadas…

Mas os planos do Bilderberg para controlar o mundo até 2050, por via da hegemonia unipolar, nunca tiveram um crescimento de obstáculos e de empecilhos como agora, obstáculos e empecilhos cada vez mais difíceis de ultrapassar:

Por isso é importante para o mundo o processo de resistência e de luta da Venezuela Bolivariana: é na Venezuela onde residem as maiores reservas globais de petróleo e de gás!

É precisamente aí, tal como na Ucrânia, onde o pacote ultra conservador, fascista e nazi “castiga” mais!  

Imagem: Mapa das exportações da América do Sul

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