A
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o principal partido da oposição em
Moçambique, submeteu hoje ao Conselho Constitucional a candidatura do seu
líder, Afonso Dhlakama, às presidenciais de 15 de outubro próximo, mostrando-se
confiante na vitória no escrutínio.
O
depósito da candidatura de Afonso Dhlakama às presidenciais, que vão decorrer
em simultâneo com as legislativas, constitui mais um sinal de que o líder da
Renamo poderá participar no pleito, uma vez que a sua presença no escrutínio
vem sendo alvo de dúvidas por se encontrar em lugar incerto no centro do país,
depois de o seu acampamento na região ter sido atacado em outubro do ano
passado pelo exército.
A
entrega do processo de candidatura de Afonso Dhlakama foi feita ao presidente
do Conselho Constitucional, Alfredo Gamito, pelo mandatário do líder da Renamo,
André Majibiri, acompanhado pelo secretário-geral do movimento, Manuel Bissopo,
e por vários quadros seniores da organização.
Entre
os muitos documentos que o mandatário de Dhlakama entregou ao Conselho
Constitucional, faltava a certidão do registo criminal do candidato, uma vez
que este documento só pode ser passado por um notário, depois do registo das
impressões digitais do requerente, situação, neste momento, inviável para o
caso do líder da Renamo, por ausência.
Em
declarações à comunicação social, que afluiu em peso ao Conselho
Constitucional, o secretário-geral da Renamo afirmou que a certidão do registo
criminal de Afonso Dhlakama será entregue ao órgão, logo que o líder do principal
partido da oposição sair do esconderijo.
"As
condições de segurança não estão criadas, esperamos que sejam criadas para que
ele (Afonso Dhlakama) saia (do seu refúgio", afirmou Manuel Bissopo.
Bissopo
disse que o partido está confiante na vitória nas eleições legislativas e
presidenciais, assinalando que o povo moçambicano pretende mudanças no rumo do
país.
"Ele
(Afonso Dhlakama) está em desvantagem em relação aos outros candidatos, porque
ainda não se pode movimentar para fazer a pré-campanha, mas vai iniciar as
ações de campanha, logo que as condições de segurança forem criadas",
disse o secretário-geral da Renamo.
Em
declarações por teleconferência à imprensa em Maputo, Afonso Dhlakama disse que
vai voltar para a capital do país, assim que houver um acordo sobre a paridade
nas Forças de Defesa e Segurança nas negociações que o seu movimento vem
mantendo com o Governo moçambicano para o fim da atual crise política e
militar.
A
Renamo exige um comando conjunto das Forças de Defesa e Segurança, bem como a
reintegração de membros da sua antiga guerrilha, supostamente marginalizados
nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique, em troca do desarmamento do seu
braço armado.
O
contingente armado de membros da antiga guerrilha da Renamo, que tinha a função
de garantir a segurança de altos dirigentes do partido, ao abrigo do Acordo
Geral de Paz assinado em 1992, tem estado envolvido em confrontos com o
exército moçambicano e é acusado pelo Governo de protagonizar emboscadas a
viaturas que circulam na principal estrada do país.
Nas
presidenciais de 15 de outubro, que serão as quintas em que participará, Afonso
Dhlakama terá como principais adversários os candidatos da Frente de Libertação
de Moçambique (Frelimo), partido no poder, Filipe Nyusi, e do Movimento Democrático
de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, Daviz Simango.
Lusa, em Notícias ao Minuto