Do
anonimato à presidência da República, é a forma mais ajustada para resumir o
percurso de Filipe Nyusi, novo Presidente de Moçambique. Nunca fez carreira
política e nem liderou nenhum órgão do seu partido, a FRELIMO.
Ministro
da Defesa foi o cargo mais alto que Filipe Nyusi ocupou, de 2008 a princípios
de 2014. Este ministério ficou apagado depois do fim da guerra civil em 1992.
Com a vitória na primeira volta das eleições gerais de 15 de outubro último,
será o quarto Presidente de Moçambique e sucessor de Armando Guebuza.
Investidura
no dia 15 de janeiro de 2015
O
Conselho Constitucional (CC) moçambicano fixou o próximo dia 15 para a
investidura de Filipe Nyusi como novo Presidente da República. "O Conselho
Constitucional designa o dia 15 de janeiro de 2015, para a investidura do
cidadão Filipe Jacinto Nyusi no cargo de Presidente da República de Moçambique,
eleito nas eleições presidenciais no dia 15 de outubro de 2014", diz o
acórdão da entidade.
A
investidura do novo chefe de Estado vai seguir-se à cerimónia de posse dos 250
deputados da Assembleia da República, marcada para o dia 12 de janeiro. Filipe
Jacinto Nyusi, candidato da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) venceu
com 57%, seguido de Afonso Dhlakama, da RENAMO (Resistência Nacional
Moçambicana), com 36,6%, e Daviz Simango, do MDM (Movimento Democrático de
Moçambique), com 6,4%.
Um
deconhecido político
Até
a sua nomeação como candidato da FRELIMO, o partido no poder, Nyusi era um
deconhecido político até para a comunicação social local.
Esta ascensão política meteórica, entretanto, foi marcada pelos confrontos militares entre o exército governamental e os homens da RENAMO, que duraram mais de um ano e meio.
Esta ascensão política meteórica, entretanto, foi marcada pelos confrontos militares entre o exército governamental e os homens da RENAMO, que duraram mais de um ano e meio.
Durante
esse período o seu ministério, que passou a ter visibilidade, foi duramente
criticado pela oposição e analistas, por exemplo, pela gestão dos confrontos e
fraco preparo dos seus militares, o que terá resultado em muitas baixas.
Filho
da FRELIMO com perfil tecnocrata
Ao
contrário de todos outros Presidentes de Moçambique, Nyusi não fez carreira
política, é um tecnocrata por excelência. No seu Curriculum Vitae destaca-se
principalmente o seu percurso de gestor empresarial.
Até
assumir os comandos da Defesa era admnistrador executivo da empresa estatal
Caminhos de Ferro de Moçambique, desde 2007. Entrou para a empresa em 1992,
onde foi também responsável pela região norte. Em paralelo foi presidente de um
clube de futebol, o Ferroviário de Nampula, equipa ligada à empresa para qual
trabalhava.
Filho de combatentes da luta armada de libertação nacional contra o colonialismo português, nasceuem Cabo Delgado , bastião da FRELIMO, a 9 de
fevereiro de 1959. Aqui estudou na Escola da FRELIMO e ingressou em 1973 no
Movimento. Nyusi fez a preparação político-militar em Nachingwea, na Tanzânia.
Depois da independência do país em 1975 entrou para a Universidade Eduardo Mondlane onde começou o curso de Engenharia Eletroténica, que interrompeu no segundo ano para ir estudar Engenharia Mecânica na antiga Checoslováquia, onde fez o mestrado em Engenharia, em 1990. Em 1999 concluiu uma pós graduação na área de gestão na Victoria University, em Manchester, Inglaterra.
Filho de combatentes da luta armada de libertação nacional contra o colonialismo português, nasceu
Depois da independência do país em 1975 entrou para a Universidade Eduardo Mondlane onde começou o curso de Engenharia Eletroténica, que interrompeu no segundo ano para ir estudar Engenharia Mecânica na antiga Checoslováquia, onde fez o mestrado em Engenharia, em 1990. Em 1999 concluiu uma pós graduação na área de gestão na Victoria University, em Manchester, Inglaterra.
O
norte rico na voz do comando pela primeira vez
Em
2014 entra para a corrida à presidência de Moçambique pela mão do Presidente
Armando Guebuza. Durante a campanha eleitoral deixou claro que a sua gestão
será marcada pela continuidade.
A
campanha da FRELIMO, o partido no poder, foi a mais bem preparada e cara, com
uma assessoria de marketing forte. Aqui os dotes de dançarino do candidato do
norte ficaram para a história.
Mas
como todos os candidatos deixou as suas promessas de melhorias das condições de
vida para a população: "Vamos todos unidos trabalhar pela coesão e o
crescimento de Moçambique. A necessidade de melhoria de acesso a água potável,
o saneamento do meio continuarão a ser prioritários nas zonas rurais e
urbanas."
Mas a sua eleição como candidato às presidenciais no comité central da FRELIMO, o principal órgão decisório do partido, foi uma surpresa considerando o curriculum dos seus adversários.
Filipe Nyusi é o primeiro Presidente do norte a governar Moçambique desde a independência em 1975. A sua escolha é vista como uma tentativa de acalmar os ânimos dos nortenhos que acusam os líderes sulistas de concentrarem entre si o poder. Até agora todos os Presidente foram do sul. E nós ultimos tempos o norte ganha importância devido as suas grandes jazidas de gás.
Mas a sua eleição como candidato às presidenciais no comité central da FRELIMO, o principal órgão decisório do partido, foi uma surpresa considerando o curriculum dos seus adversários.
Filipe Nyusi é o primeiro Presidente do norte a governar Moçambique desde a independência em 1975. A sua escolha é vista como uma tentativa de acalmar os ânimos dos nortenhos que acusam os líderes sulistas de concentrarem entre si o poder. Até agora todos os Presidente foram do sul. E nós ultimos tempos o norte ganha importância devido as suas grandes jazidas de gás.
Que
interesses servirá o novo Presidente?
É
visto no país como um delfim de Armando Guebuza que deverá continuar a garantir
a mesma linha de governação e o bom andamento dos negócios do último
Presidente.
Mas
há quem não acredite que a sua governação tome esse caminho, como por exemplo,
Silvestre Baessa, especilialista moçambicano em boa governação:
"Inicialmente assim pensava, mas creio que nos últimos tempos Nyusi
começou a mostrar-se muito independente. Não estou muito certo que ele vaio
continuar com a forma de governar de Guebuza."
Segundo
justificação de Baessa "primeiro porque ele se identifica com um outro
grupo que não é necessariamente um grupo que teve grandes benefícios ao longo
dos últimos 10 anos. Nyusi representa também interesses dos makondes, da etnia
dele, dos antigos combatentes, que têm também agendas próprias e interesses
muito próprios que em condições normais não são compativeis com os interesses
de Guebuza."
Mas a grande questão é se Filipe Nyusi assumirá também o cargo de presidente do partido, atualmente ocupado por Armando Guebuza. É prática corrente na FRELIMO o Presidente do país ser também presidente do partido. É que esse é o cargo mais importante para que o novo Presidente tenha, realmente, poder de decisão na FRELIMO e por conseguinte no país.
Mas a grande questão é se Filipe Nyusi assumirá também o cargo de presidente do partido, atualmente ocupado por Armando Guebuza. É prática corrente na FRELIMO o Presidente do país ser também presidente do partido. É que esse é o cargo mais importante para que o novo Presidente tenha, realmente, poder de decisão na FRELIMO e por conseguinte no país.
Nádia
Issufo – Deutsche Welle
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