Macau,
China, 02 jan (Lusa) - A deputada e presidente do Partido Democrático de Hong
Kong, Emily Lau, foi hoje impedida de passar a fronteira para Macau, uma
decisão que, segundo a própria, as autoridades justificaram com motivos de
segurança interna.
A
dirigente pró-democrata tentou entrar no território hoje de manhã (madrugada em
Lisboa) juntamente com um grupo de amigos, que não são membros do partido, mas
viu recusada a passagem na fronteira. Os amigos, que tal como Emily Lau se
deslocavam a Macau em visita de lazer, foram autorizados a passar.
"Há
algumas semanas decidimos que viríamos a Macau para umas férias. Marcámos uma
noite no Sofitel e fizemos reservas em quatro restaurantes portugueses",
contou Emily Lau à agência Lusa, dizendo-se "perplexa" com a decisão
das autoridades, tendo em conta que a sua visita não tinha qualquer caráter
político.
A
deputada apanhou o barco em
Hong Kong às 10:15 (02:15 em Lisboa), mas quando chegou a
Macau, ao apresentar o passaporte no posto de controlo, foi informada por um
agente dos Serviços de Migração que tinha de se dirigir para uma sala.
"[A
sala] estava totalmente vazia. Dez minutos depois, um homem veio com um papel
para eu assinar, dizendo que, por motivos de segurança, não podia entrar em
Macau", descreveu.
Não
é a primeira vez que tal acontece à dirigente pró-democrata, mas em todas as
situações anteriores, vinha participar em manifestações ou atividades políticas
- ambas autorizadas.
No
entanto, a situação é inédita num contexto de lazer, disse.
"Fiquei
furiosa. Não consigo perceber porque é que isto aconteceu. Não há
individualidades importantes da China Continental [a visitar Macau] nem
protestos a acontecer", apontou.
"Pensei
que em Macau havia [o princípio] 'Um país, dois sistemas'. Pequim está a dizer
a Macau o que fazer, ou então Macau está a duvidar de si próprio",
criticou.
A
deputada admite que esta atitude por parte das autoridades possa ter que ver
com a recente visita do Presidente Xi Jinping e com o movimento Occupy Central,
que Emily Lau apoiou.
"Acho
que tem que ver com tudo. É muito mau para a imagem de Macau", lamentou.
Em
situações passadas, a líder pró-democrata escreveu ao chefe do Executivo de
Macau em protesto, sem nunca obteve resposta, mas, desta vez, não pretende
reagir.
"Para
quê? Não vai acontecer nada", reconheceu.
Contactada
pela agência Lusa, a polícia de Macau remeteu esclarecimentos para mais tarde,
sem que uma resposta tenha chegado em tempo útil.
Esta
não é a primeira vez que membros do Partido Democrático de Hong Kong são
impedidos de entrar em Macau.
Em
2012, o conselheiro de bairro Francis Yam deslocou-se a Macau para assistir ao
espetáculo "House of the Dancing Water", no City of Dreams, com um
grupo de 110 residentes de Tai Po, zona onde trabalha, mas foi informado de que
não podia passar a fronteira, com a polícia a alegar, mais uma vez, questões de
segurança interna.
Na
altura, Yam, entrevistado pelo jornal Ponto Final, disse que apenas recebeu um
documento da polícia dizendo que "havia evidências de que estava a tentar
entrar em Macau para participar em atividades que poderiam colocar em risco a
segurança pública e a ordem na Região Administrativa Especial de Macau".
ISG
// NS
Sem comentários:
Enviar um comentário