As
reservas de águas profundas de gás natural em Moçambique chegam a mais ou menos
20 mil milhões de barris, considerou o Banco Mundial, no relatório sobre as
Perspetivas Económicas Mundiais, divulgado hoje.
No
'Global Economic Prospects', no original em inglês, os analistas do Banco
Mundial dizem que "os campos de gás natural em águas profundas têm
reservas estimadas equivalentes a 20 mil milhões de barris de petróleo, mais do
que em Angola ou na Nigéria [os dois maiores produtores de petróleo na África
subsaariana]".
Vários
países de rendimento baixo podem evoluir para países de médio rendimento,
alicerçados nas substanciais descobertas de recursos naturais, argumenta o
relatório, considerando que a África Oriental é uma das regiões do mundo que
está a atrair a atenção dos investidores, que olham para esta zona como uma
região com muito potencial, apesar da descida do preço do petróleo.
Todos
os países africanos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, excetuando a
Guiné Equatorial, apresentam taxas de crescimento positivo em todo o período,
com amplo destaque para Moçambique, que depois de ter crescido 7,2% em 2014,
deverá acelerar para um pouco mais de 8% até 2017.
Moçambique
é, de resto, o único país lusófono em África que consegue crescer bem acima da
média da África subsaariana, enquanto Angola fica-se por valores a rondar os 5%
até 2017, ligeiramente acima da média dos países da região, e bem acima das
expansões das economias de Cabo Verde (cerca de 3%) e da Guiné-Bissau, que
deverá ter crescimentos na casa dos 2% nos próximos três anos.
"A
África subsaariana cresceu moderadamente em 2014, tendo uma média de 4,5%, que
compara com os 4,2% de 2013", lê-se no relatório elaborado pelos
economistas do Banco Mundial, que exemplificam que Angola foi abrandada pelo
declínio na produção petrolífera e que o crescimento foi forte nalguns dos
países de baixo rendimento, como Moçambique ou a Tanzânia.
As
razões para o abrandamento nesta região, segundo o relatório, prendem-se com
"a descida na procura mundial, os baixos preços das matérias-primas, o
fraco investimento direto estrangeiro, a baixa confiança empresarial, as
deficientes capacidades, principalmente em termos de infraestruturas", a
que se junta a epidemia do Ébola e a abrupta descida no preço do petróleo.
O
crescimento da África subsaariana, uma das regiões do mundo com o crescimento
mais acelerado, será alicerçado "no investimento em infraestruturas,
aumento da produção agrícola e na expansão do setor dos serviços", num
contexto em que "os preços das matérias-primas e os fluxos de capital do
estrangeiro fornecerão menos apoio ao crescimento, com a procura e a atividade
económica nos mercados emergentes a continuarem em abrandamento".
Esta
redução do crescimento, particularmente na China, é apontada como um dos maiores
perigos para o crescimento da região, dada a importância da economia chinesa
como parceiro de muitos países africanos, particularmente no caso dos que têm
vastos recursos naturais, como é o caso de Angola, que exporta cerca de metade
do seu petróleo para a China, que compra a Angola 15% do total de petróleo
consumido no país.
Lusa,
em Notícias ao Minuto - ontem
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