REMEMBER
2014, A NOSSA POBREZA E A CORRUPÇÃO DELES (II)
Folha
8 Digital (ao), 10 janeiro 2015
No
dia 11 de Novembro de 1975, data proposta por Álvaro Holden Roberto, então
presidente da FNLA, durante os Acordos do Alvor, como data para a proclamação
da Independência, o MPLA que tudo fez para evitar a realização das eleições gerais,
naquela altura, proclamou o novo ente jurídico internacional, como República
Popular de Angola, de orientação socialista.
Quem
reivindicasse a ideologia seguida, mesmo intramuros, tinha uma séria resposta
de Agostinho Neto: fuzilamento, sem julgamento, como aconteceu com um dos
heróis do 4 de Fevereiro de 1961, Virgílio Sotto Mayor, fuzilado na companhia
de outros, no dia 22 de Agosto de 1975, no campo da Revolução, com direito a
transmissão “masoquista” da Rádio Nacional de Angola, ao serviço exclusivo do
MPLA.
Em
1977 houve a maior chacina selectiva depois da segunda guerra mundial; cerca de
80 mil intelectuais bárbara e selvaticamente assassinados, sem julgamento,
conotados ao comandante Nito Alves. Agostinho Neto, ao declarar “não vamos
perder tempo com julgamentos”, converteu-se num médico profundamente assassino,
só comparado a Adolph Hitler, arrastando o MPLA neste mar de sangue de
inocentes, até 1979.
Eduardo
dos Santos jurou dar continuidade a sua política. Fê-lo. Reduziu as mortes
colectivas, mas no individual e no capítulo de ausência de direitos individuais,
manteve tudo na mesma.
Economia
centralizada e sociedade sem classes económicas. Tudo era, aparentemente,
repartido equitativamente por todos...
Ao
ponto de quem fosse apanhado com uma nota de 1,00 USD era preso, torturado e
definhava nas masmorras do regime. Exaltava-se a pureza de um hipotético homem
novo...
Era
proibida a ostentação de riqueza, próprias de sociedades de consumo e
consideradas capitalistas e as bichas para aquisição de bens básicos eram
sinónimo de cultura e justiça socialista, para a maioria do povo... Um
ilusório arco-íris até 1989...
Os
anos 90 foram cruciais para a virada político-ideológica, fruto da luta armada
empreendida pela UNITA, que obrigaram o regime do MPLA, a abandonar, no seu III
congresso de Dezembro de 1990, o marxismo-leninismo. Em Maio de 1991 com o
advento dos Acordos de Bicesse a ex-Assembleia do Povo é “forçada” a elaborar
a primeira revisão constitucional, aprovando as Leis n.º
12/91, pondo fim ao monopartidarismo, a de Associação, n.º
14/91, a de Partidos Políticos n.º 15/91, a de Direito de Associação n.º 16/91,
a de Imprensa nº 25/91 e a de Greve nº
23/91.
Em
1992 surge a segunda revisão constitucional, através da lei 23/92 de 16 de
Setembro, alterando a denominação do país, para República de Angola, a
descentralização do poder, às eleições autárquicas, a economia de mercado e o
multipartidarismo, permitindo a todos partidos participação nas eleições.
A
partir daquela data, dava-se início a privatização total do Estado, por parte
dos proletários, que passaram a gostar mais dos dólares e de património público
e de populares, espoliando-os, que os próprios capitalistas.
Para
consumar essa voracidade, sob proposta de Sebastião Lavrador, então governador
do BNA e amigo de Eduardo dos Santos, foi criado um banco, onde pudessem ir
buscar dinheiro, sem consequências; o Banco CAP (Caixa Agro Pecuária e
Pescas). A maioria dos membros do bureau político e do comité central pediam
empréstimos que não devolviam e quando atingiu mais de 10 mil milhões de
dólares, de crédito mal parado, foi a falência assumida, pelo Presidente da
República de um banco, sem que ninguém fosse responsabilizado...
Num
país decente, este seria o primeiro grande caso de polícia, mas um réu do
MPLA, cometendo um ilícito financeiro é sempre inocentado ou indultado...
Esta
foi a cobaia e o pontapé de saída do proletariado do socialismo, para se converter
em proprietários especializados no saque dos cofres públicos, maternidade
onde nasceram todos os filhos da actual corrupção do Estado.
*Pode
o leitor enviar pormenores sobre os dados acima referenciados, para que a
culpa de todos estes males, não morra solteira... Faça a sua parte. Contribua
para a verdade da história e higienização da política e democracia angolana.
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