Díli,
23 fev (Lusa) - Um bloqueio administrativo que estava a impedir alunos
finalistas do 12º ano da Escola Portuguesa Ruy Cinatti em Díli de ingressar na
Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL) foi resolvido depois de pressão do
ex-primeiro-ministro Xanana Gusmão, disse fonte universitária.
"A
situação está resolvida. Foi uma decisão por parte do então primeiro-ministro
Xanana Gusmão, que deu orientações para que se resolvesse a situação destes
alunos", disse à Lusa fonte da reitoria da UNTL.
"Não
foi uma questão da UNTL, mas da Direção Geral do Ensino Superior do Ministério
da Educação. Quem quer entrar nas universidades candidata-se ao exame nacional
e depois nós só recebemos a lista final dos colocados. Não definimos
critérios", disse a fonte à Lusa.
A
mesma fonte argumentou que parte do problema se devia ao facto de ainda não ter
sido ratificado por Timor-Leste - Portugal só o ratificou em 2008 - o acordo de
cooperação entre os dois países assinado em 2002.
Argumento
rejeitado por outras fontes da cooperação portuguesa que recordam que a escola
tem funcionado sem qualquer problema, com centenas de alunos timorenses
anualmente, o que implica que a base em que foi criada nunca foi questionada.
"Excesso
de zelo" de um funcionário educativo timorense e diferenças que têm a ver
com o calendário escolar e os critérios de avaliação foram também referidos
como motivos para a recusa das candidaturas dos alunos.
Em
causa estavam sete alunos finalistas do 12º ano de escolaridade na escola Ruy
Cinatti que viram bloqueadas as suas tentativas de acesso à UNTL.
Inicialmente
- nos primeiros três anos em que o 12º ano foi oferecido (2009-10, 2010-11 e
2011-12) - na Ruy Cinatti os alunos podiam beneficiar, automaticamente, de
bolsas de estudo universitário em Portugal.
Os
responsáveis educativos timorenses argumentaram, porém, nos últimos dois anos
letivos (2012-13 e 2013-14) que era necessário definir mais claramente os
critérios da atribuição das bolsas de estudo, ampliando o seu acesso a alunos
de outras escolas timorenses.
Paralelamente,
alguns alunos do último ano letivo da escola portuguesa que pretenderam entrar
na UNTL em vez de ir para Portugal viram as suas candidaturas, numa primeira
fase, travadas.
Conceição
Godinho, diretora da escola, saudou, em declarações à Lusa, o facto de o
assunto estar resolvido, explicando que dos 24 finalistas do 12º do ano
passado, duas foram estudar para a Indonésia e para a China.
Dez
acabaram por ir para Portugal e sete candidataram-se à UNTL, tendo inicialmente
sido recusados mas podendo, em breve, começar as aulas.
Criada
em 2002, a Escola Ruy Cinatti é um estabelecimento pertencente ao sistema
português de ensino localizada no bairro de Santa Cruz em Díli.
Atualmente,
integra 871 alunos, do ensino pré-escolar ao ensino secundário, distribuídos
por 35 turmas, 87,1% timorenses, 9,5% portugueses e 3,4% de outras
nacionalidades.
Inicialmente
designada Escola Portuguesa de Díli, recebeu no ano de 2009 a designação de
Escola Portuguesa de Díli - Centro de Ensino e Língua Portuguesa e, no ano
letivo de 2011/2012, a designação de Escola Portuguesa Ruy Cinatti - Centro de
Ensino e Língua Portuguesa.
ASP
// JPS
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