segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Alunos da Escola Portuguesa de Díli vão poder estudar na UNTL - fonte universitária




Díli, 23 fev (Lusa) - Um bloqueio administrativo que estava a impedir alunos finalistas do 12º ano da Escola Portuguesa Ruy Cinatti em Díli de ingressar na Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL) foi resolvido depois de pressão do ex-primeiro-ministro Xanana Gusmão, disse fonte universitária.

"A situação está resolvida. Foi uma decisão por parte do então primeiro-ministro Xanana Gusmão, que deu orientações para que se resolvesse a situação destes alunos", disse à Lusa fonte da reitoria da UNTL.

"Não foi uma questão da UNTL, mas da Direção Geral do Ensino Superior do Ministério da Educação. Quem quer entrar nas universidades candidata-se ao exame nacional e depois nós só recebemos a lista final dos colocados. Não definimos critérios", disse a fonte à Lusa.

A mesma fonte argumentou que parte do problema se devia ao facto de ainda não ter sido ratificado por Timor-Leste - Portugal só o ratificou em 2008 - o acordo de cooperação entre os dois países assinado em 2002.

Argumento rejeitado por outras fontes da cooperação portuguesa que recordam que a escola tem funcionado sem qualquer problema, com centenas de alunos timorenses anualmente, o que implica que a base em que foi criada nunca foi questionada.

"Excesso de zelo" de um funcionário educativo timorense e diferenças que têm a ver com o calendário escolar e os critérios de avaliação foram também referidos como motivos para a recusa das candidaturas dos alunos.

Em causa estavam sete alunos finalistas do 12º ano de escolaridade na escola Ruy Cinatti que viram bloqueadas as suas tentativas de acesso à UNTL.

Inicialmente - nos primeiros três anos em que o 12º ano foi oferecido (2009-10, 2010-11 e 2011-12) - na Ruy Cinatti os alunos podiam beneficiar, automaticamente, de bolsas de estudo universitário em Portugal.

Os responsáveis educativos timorenses argumentaram, porém, nos últimos dois anos letivos (2012-13 e 2013-14) que era necessário definir mais claramente os critérios da atribuição das bolsas de estudo, ampliando o seu acesso a alunos de outras escolas timorenses.

Paralelamente, alguns alunos do último ano letivo da escola portuguesa que pretenderam entrar na UNTL em vez de ir para Portugal viram as suas candidaturas, numa primeira fase, travadas.

Conceição Godinho, diretora da escola, saudou, em declarações à Lusa, o facto de o assunto estar resolvido, explicando que dos 24 finalistas do 12º do ano passado, duas foram estudar para a Indonésia e para a China.

Dez acabaram por ir para Portugal e sete candidataram-se à UNTL, tendo inicialmente sido recusados mas podendo, em breve, começar as aulas.

Criada em 2002, a Escola Ruy Cinatti é um estabelecimento pertencente ao sistema português de ensino localizada no bairro de Santa Cruz em Díli.

Atualmente, integra 871 alunos, do ensino pré-escolar ao ensino secundário, distribuídos por 35 turmas, 87,1% timorenses, 9,5% portugueses e 3,4% de outras nacionalidades.

Inicialmente designada Escola Portuguesa de Díli, recebeu no ano de 2009 a designação de Escola Portuguesa de Díli - Centro de Ensino e Língua Portuguesa e, no ano letivo de 2011/2012, a designação de Escola Portuguesa Ruy Cinatti - Centro de Ensino e Língua Portuguesa.

ASP // JPS

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