quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Amnistia Internacional critica lei de imprensa e expulsão de juízes em Timor-Leste




Díli, 25 fev (Lusa) - A aprovação da Lei da Comunicação Social e a expulsão dos juízes internacionais são dois dos aspetos negativos destacados pela Amnistia Internacional sobre o que ocorreu no último ano em Timor-Leste, no âmbito do seu relatório global anual.

A decisão do Governo "terminar arbitrariamente os contratos de juízes e assessores judiciais internacionais levanta sérias preocupações sobre a independência judicial" com um "impacto negativo sobre as vítimas e o seu direito a remediação efetiva", refere o relatório.

Também no campo da justiça, a AI refere que há relatos de excessivo uso de força por parte das forças de segurança, destacando em particular as atuações no ano passado relativamente às organizações - Conselho da Revolução Maubere (CRM) e a o Conselho Popular Democrático (CPD-RDTL).

As duas organizações, ligados ao ex-comandante timorense Paulino Gama ou Mauk Moruk, foram ilegalizadas por resolução parlamentar e "dezenas de pessoas foram detidas arbitrariamente" pela sua relação com os dois grupos.

"Foram levantadas preocupações pelo facto de o Governo poder ter violado o direito à liberdade de associação e expressão ao usar o parlamento em vez dos tribunais para declarar as organizações ilegais", lê-se no documento.

A aprovação da Lei da Comunicação Social, que foi considerada em parte inconstitucional, é também referida com um dos problemas registados no último ano em Timor-Leste.

O texto, considera a AI, "poderá impor restrições severas nos jornalistas e na liberdade de expressão".

No que toca aos crimes contra a humanidade e outros abusos cometidos durante a ocupação indonésia, o relatório refere que a maioria dos responsáveis continuam livres na Indonésia e sem ser julgados.

O relatório nota, tanto no seu capítulo sobre Timor-Leste como no capítulo sobre a Indonésia, que os dois países ainda não implementaram recomendações da Comissão Acolhimento Verdade e Reconciliação (CAVR) e da bilateral Comissão de Verdade e Amizade.

A Indonésia, explica a AI, continua sem reunir crianças separadas das suas famílias em 1999 com os seus parentes e Timor-Leste continua sem implementar um Instituto da Memória que, em parte, aplicaria as recomendações da CAVR.

Entre os problemas destacados pela AI conta-se ainda a questão da violência doméstica, que se mantém com níveis elevados, apesar da aprovação, em 2010, de um diploma específico sobre esta matéria.

Citando organizações não-governamentais, a AI refere que os tribunais tendem a aplicar penas de prisão suspensa ou multa em vez de penas de prisão efetiva para este tipo de crimes.

ASP // VM

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