Um
grupo de 300 economistas de instituições como Cambridge, Columbia, a
Universidade Complutense (Madrid) ou a Escola Superior de Estudos Sociais
(Paris) assinou um manifesto contundente contra as políticas e as soluções
empregues pela UE na Grécia. O documento, baptizado Estamos com a Grécia e com
a Europa, começa com um apelo às autoridades europeias que negoceiem com “boa
fé” com aquele estado-membro e a “respeitar a decisão do povo grego de escolher
outra via” para solucionar a crise da dívida do país.
Personalidades
como Stephany Griffith-Jones, conceituada especialista da Universidade de
Columbia, autora de várias obras sobre este tipo de problemas – entre as quais
uma sobre a crise das dívidas soberanas na América Latina nos anos 80, cujas
soluções levaram a resultados muito semelhantes aos da Grécia – ou o francês
Jacques Sapir, defensor da “desglobalização” e perito na economia russa,
assinam o documento.
O
manifesto dá razão ao governo grego, pode ler-se, “porque as políticas
europeias aplicadas até agora são um fiasco total e não trouxeram nem
recuperação económica, nem estabilidade financeira, nem empregos, nem sequer
investimento estrangeiro directo”, contrariando, por isso, todas as medidas dos
pacotes de auxílio. E aponta soluções no plano imediato, como um “aumento do
salário mínimo, restauração do emprego e medidas que permitam desde logo
restaurar serviços básicos como a saúde e a educação”.
A
continuarem as tentativas de solução aplicadas até agora, defendem os economistas,
a dívida, de tão insustentável, “nunca será reembolsada aconteça o que
acontecer” e a perspectiva da UE sobre a Grécia representa um “fracasso moral,
político e económico do projecto europeu”. O manifesto antecede uma das
reuniões mais importantes deste périplo inicial por vários países europeus do
primeiro-ministro Alexis Tsipras e do ministro das finanças Yanis Varoufakis, o
encontro de ministros das finanças da Zona Euro no próximo dia 11 em Bruxelas. Várias
cidades europeias já se mobilizam para manifestações de apoio, a começar por
Barcelona, que hoje se mobiliza em frente à sede local da Comissão
Europeia.
Ricardo Nabais - Sol, em 6 janeiro 2015
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