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(mz) - editorial
Os
encontros de sábado e segunda-feira em Maputo, entre o Presidente Filipe Nyusi
e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, vieram trazer, por si só, uma lufada de
ar fresco para o serenar dos ânimos exaltados no xadrez político nacional.
Foi
o desanuviar do ambiente de tensão que parecia se adivinhar para alguns, desde
que o timoneiro do maior partido da oposição iniciou uma digressão por algumas
províncias do centro e norte do país após a promulgação e validação dos
resultados das eleições de 15 de Outubro. Naturalmente que não tínhamos nada
contra tal digressão. Estava no seu pleno direito.
Porém,
fortes sinais de preocupação e mal-estar geral avolumaram-se quando no lugar de
fazer política civilizada, Dhlakama desceu para os níveis do discurso belicista
e arruaceiro a que nos habituou desde que o conhecemos. Pior ainda, com o
recurso à subversão colectiva das mentes de gente distraída a quem pretendia
arrastar para a desordem e perturbação pública.
Veio
ao de cima a irracionalidade. Depois destes anos todos de um discurso comum
sobre a necessidade de se cultivar e preservar os valores da unidade nacional
entre os moçambicanos, sejam eles do sul, centro ou norte, nunca nos havia
passado pela cabeça que alguém em consciência podia sonhar algum dia em dividir
o país! E para o completar o triste quadro de um líder divisionista e
belicista, veio a famigerada pretensão de instalar regiões autónomas ou ainda,
se quisermos, aquilo que chamou de república autónoma do centro e norte.
Para
a nossa desgraça total, era tudo isto com a ameaça e recurso à “democracia” do
dedo no gatilho!
Com
este discurso, impunha-se de facto ouvir de perto o cidadão Afonso Dhlakama,
antes que ele fosse pegar em armas para matar os seus próprios compatriotas.
Enquadra-se,
pois, no esforço pessoal do Presidente da República trazer Dhlakama a Maputo
para com ele sentar e ouvir as suas reclamações. À partida até pode parecer
coisa simples fazer isto, como beber um copo de água gelada nestes dias de
intenso calor. Mas os ganhos disso são incomensuráveis, basta recordar aqui
aquilo que o líder da Renamo disse à saída de um dos encontros com o
Presidente: “estou satisfeito, muito satisfeito”!
Se
assim é nos damos também por felizes, pois temos a certeza de que não andaremos
aos tiros. Seremos, como um povo, os principais beneficiários daqueles
encontros, enquanto moçambicanos amantes da paz, progresso e bem-estar social.
Muito
embora no final dos encontros não tenham sido revelados, com profundidade, os
assuntos discutidos, para os moçambicanos de bom senso e amantes da paz isso só
se traduziu na esperança, convicção e determinação de que é só com o diálogo
que as diferenças, quer sejam elas políticas ou de outra índole, podem ser
superadas.
Aliás,
tanto o Chefe do Estado, como Afonso Dhlakama manifestaram o sentimento de que
o diálogo é a via acertada para a resolução dos problemas, mormente a questão
de fundo que são os resultados eleitorais de 2014, contestados pelo maior
partido da oposição.
Saudamos
os encontros havidos entre o Presidente da República e o líder da Renamo. Porque
também acreditamos que a única alternativa à paz é a própria paz, encorajamos a
prossecução do diálogo.
Entendemos
que a paz deve prevalecer sobre todas as outras formas ou tentativas de
reivindicar, com recurso à violência, qualquer que seja o resultado eleitoral
desfavorável a um determinado partido ou concorrente às eleições
É
igualmente nossa expectativa que o diálogo em curso no Centro Internacional de
Conferências Joaquim Chissano resulte em sinais clarividentes de que,
efectivamente, as duas partes estão interessadas em superar as suas diferenças
e avançarem para um entendimento conducente a uma real pacificação do país.
Só
assim é que todos sairemos a ganhar!
*Título
PG
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