O
Governo grego atribui a questões de "política interna" as posições
duras de Portugal e Espanha relativamente às suas propostas, disse hoje em
Bruxelas fonte governamental, que reiterou no entanto "um grande
optimismo" quanto a um "acordo em breve".
No
dia em que se celebra uma cimeira informal de chefes de Estado e de Governo da
União Europeia, que assinala a estreia do novo primeiro-ministro grego, Alexis
Tsipras, em
Conselhos Europeus , e depois de na quarta-feira já ter tido
lugar um Eurogrupo extraordinário, inconclusivo, sobre uma revisão do programa
de assistência à Grécia, fontes do governo grego ouvidas pela Lusa sublinharam
que a discussão é neste momento política.
Questionadas
sobre o posicionamento dos governos português e espanhol, muito críticos quanto
às pretensões do Governo de Tsipras relativamente à substituição do atual
programa de assistência e renegociação da dívida, fonte do novo Governo de
Atenas escusou-se a fazer muitos comentários, limitando-se a atribuir as
posições dos executivos liderados por Pedro Passos Coelho e Mariano Rajoy a
"política interna".
Os
governos PSD/PP, em Portugal, e do PP espanhol pertencem à família política do
Partido Popular Europeu (PPE), da qual também fazia parte o anterior
primeiro-ministro grego, Antonis Samaras (do partido Nova Democracia), enquanto
o Syriza, vencedor das eleições gregas de janeiro, faz parte do Grupo da
Esquerda Unitária, família política europeia que integra PCP e Bloco de
Esquerda.
Na
passada terça-feira, em Estrasburgo, o eurodeputado Dimitrios Papadimoulis, do
Syriza, já afirmara à Lusa que sente que "uma grande parte do povo
português" apoia os esforços do novo Governo grego, embora o mesmo não
suceda ao nível governamental, sublinhando ser necessário distinguir que as
posições "não são dos países, mas sim de Mariano Rajoy e Passos
Coelho".
"Rajoy
tem um pesadelo que se chama Podemos (o partido de Pablo Iglesias que continua
a subir nas sondagens) e Passos Coelho também tem a pressão dos partidos da
oposição. Não é meu papel julgar dois primeiros-ministros, mas entendo
claramente as razões que os levam a fazer o que estão a fazer agora, e não é no
interesse do seu povo, é no interesse das suas carreiras políticas",
considerou o eurodeputado.
Relativamente
às negociações em curso, as mesmas fontes governamentais gregas deram hoje
conta do seu "grande optimismo" num compromisso na próxima
segunda-feira, data em que se realiza novo Eurogrupo, e explicaram que a
dificuldade básica, para já, é "se a base da discussão é o programa anteriormente
acordado (com o governo de Samaras) ou não".
Do
ponto de vista do novo Governo grego, "não se pode pedir a um governo
eleito, com um novo programa, que implemente o anterior, com as
condicionalidades que foram rejeitadas pelo povo grego", razão pela qual
Atenas quer um "acordo ponte", de transição entre o anterior programa
e um novo, que também prevê equilíbrio orçamental e reformas, mas com outras
prioridades.
Garantindo
que o Governo grego está disposto a fazer concessões, "e fê-las", e a
cumprir as regras da UE, "embora discorde de várias", as fontes
indicaram que o objectivo é chegar a uma "solução viável para ultrapassar
a crise humanitária criada pelo anterior programa" na Grécia, que agrade a
todas as partes.
As
fontes sublinharam que o importante é encontrar agora um compromisso político,
e não técnico, não se tratando de mais dinheiro que Atenas pretende, até porque
"as necessidades financeiras da Grécia são geríveis" no médio prazo.
Lusa,
em Negócios
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