Perante
o parlamento grego, o Syriza apresentou neste domigo seu programa de governo
para os próximos quatro anos de mandato.
O
líder do Syriza começou por constatar que “após cinco anos de um resgate
bárbaro o nosso povo não aguenta mais”, acrescentando que “nos últimos dias
sentimos que o nosso orgulho foi restaurado. É nosso dever não desiludir. A
decisão irreversível do nosso governo é aplicar totalmente as promessas
eleitorais feitas”.
Alexis Tsipras não foi comedido nas palavras dirigidas ao executivo anterior, formado por conservadores e socialistas, acusando-o de “ter aceitado uma série de políticas que estavam votadas ao fracasso e deixaram o governo seguinte de mãos atadas”
“Os nossos parceiros queriam uma extensão de seis meses do programa, mas o anterior governo pediu apenas uma extensão de dois meses. O anterior governo queria que o seu sucessor, mas também a Grécia, falhassem”, o prazo finda a 28 de fevereiro.
Por isso, o primeiro-ministro helênico assumiu que o esforço de reconstrução do “país será longo e precisará de apoio popular”, estando consciente “das dificuldades e das responsabilidades”.
“Temos um plano realista e uma tática de negociação forte. Não servimos outros interesses que não sejam os dos gregos”.
O mais jovem chefe de governo da história do país, realçou que a “a Grécia quer cumprir com a sua dívida” e “se os seus parceiros também o quiserem, vamos sentar-nos à mesa e discutir”. A dívida grega “chegou aos 180%. [A Grécia] não pode fazer face a ela. E isso não é apenas uma questão técnica”.
“Não pretendemos ameaçar os equilíbrios na Europa mas sim que os equilíbrios sejam repostos”, recusando liminarmente uma extensão do programa da troika, por que não “pode pedir que haja uma extensão de um erro”.
Tsipras alertou a Europa a não “cometer os mesmos erros do passado” e exigiu dos credores e da Europa um “acordo de transição até ao verão”, o que considerou, “apesar das dificuldades”, ser “possível”. Realçou, ainda, que o novo executivo, que junta Syriza e Gregos Independentes, tem “um plano pronto e propostas” que “são realistas”.
Prioridade na resposta à crise humanitária
Alexis Tsipras assegurou que a partir desta quarta-feira a “prioridade será dar uma resposta para fazer face à crise humanitária”, recontratando “funcionários públicos que foram despedidos de forma ilegal”, isentar do pagamento de impostos quem aufira até 12 mil euros anualmente, aumentar até 2016 o salário mínimo grego para 751 euros e proibir penhoras de primeiras habitações.
“A competitividade da economia grega não pode assentar em mão de obra barata e sem direitos. Precisa de inovação, tecnologia”.
O primeiro-ministro, que uma vez mais se apresentou sem gravata, realçou que as medidas anunciadas fazem parte de “uma primeira fase” do programa governativo que pretende responder aos principais desafios do país “nos próximos seis meses”.
O executivo grego compromete-se também a “não aumentar a idade da reforma ou reduzir as pensões". “Pagaremos ainda um extra, a partir do final de 2015, aos pensionistas com reformas mais baixas”. Anunciou ainda a criação “de um fundo nacional de saúde e de segurança social para financiar o sistema de pensões com receitas vindas dos recursos naturais” e a alteração do “atual imposto sobre a propriedade para os grandes proprietários”.
Em matéria de política de imigração, foi criada “uma pasta para a imigração que garanta a cidadania aos filhos de imigrantes nascidos no país”.
“Guerra contra o sistema de corrupção que minou o sistema político”
Alexis Tsipras declarou que criou “uma pasta especial para monitorizar a luta contra a corrupção e a evasão fiscal” e que vai solicitar a investigação de todas as pessoas ligadas às listas “Lagarde” e “Liechtenstein”.
“Vamos organizar equipas nas alfândegas para travar o contrabando de tabaco e combustível e mudar a lei que dá imunidade judicial aos membros do fundo de privatizações”.
“[Vamos] prosseguir a guerra contra o sistema de corrupção que minou o sistema político”.
O chefe de governo anunciou ainda “o corte de metade da frota dos 7500 carros dos ministérios, vendendo veículos que custem mais de 700 mil euros”, e um dos três aviões do governo.
"Vou reduzir o pessoal do gabinete do primeiro-ministro em 50% e a segurança num terço" e modificar a lei “de avaliação de funcionários públicos e mudar a forma como são nomeados os diretores das Administrações, para cortar ligações a partidos políticos”.
Revertendo a decisão polêmica do ex-primeiro-ministro Antónis Samaras, o encerramento da televisão pública ERT, Tsipras prometeu a criação de “de um novo canal a partir da ERT e usar para isso apenas o dinheiro dos impostos atuais, criando um novo processo de licenças de emissão”.
O líder da esquerda grega avançou ainda que vão ser formadas “unidades de polícia de proximidade e melhorado o treino dos agentes” e alterado o nome dos serviços secretos de “Serviço de Informações Nacional para Serviço de Proteção da Soberania”.
Negociações na Europa
Na quarta-feira desta semana reúne extraordinariamente o Eurogrupo, em Bruxelas, onde os ministros dos países da zona euro vão discutir a situação grega, e, na quinta-feira, é a vez dos chefes de governo da União Europeia se encontrarem no Conselho Europeu sobre a mesma matéria.
“As negociações com os parceiros da União Europeia devem levar a um acordo porque os objetivos fiscais são muito apertados, alimentam a deflação e a recessão", afirmou Tsipras.
“Precisamos de um programa que não se centre apenas no défice, como os nossos parceiros italianos e franceses também concordam”. Alexis Tsipras saudou o apoio às negociações manifestado pelo governo do Chipre, o primeiro país que visitou na qualidade de primeiro-ministro grego.
“Vender ativos nacionais para pagar uma dívida que é insustentável é um crime. Não venderemos as nossas riquezas naturais, infraestruturas e redes. Mas consideraremos usar esses ativos para o nosso interesse nacional”.
No encerramento do seu discurso deixou um apelo, “pedimos a todos aqueles que não votaram em nós, que nos apoiem nas negociações, que apoiem a Grécia”.
“Não negociaremos o orgulho e a dignidade do nosso povo. Esta é uma luta pelo nosso povo, para que recupere a esperança e a dignidade”, concluiu.
Alexis Tsipras não foi comedido nas palavras dirigidas ao executivo anterior, formado por conservadores e socialistas, acusando-o de “ter aceitado uma série de políticas que estavam votadas ao fracasso e deixaram o governo seguinte de mãos atadas”
“Os nossos parceiros queriam uma extensão de seis meses do programa, mas o anterior governo pediu apenas uma extensão de dois meses. O anterior governo queria que o seu sucessor, mas também a Grécia, falhassem”, o prazo finda a 28 de fevereiro.
Por isso, o primeiro-ministro helênico assumiu que o esforço de reconstrução do “país será longo e precisará de apoio popular”, estando consciente “das dificuldades e das responsabilidades”.
“Temos um plano realista e uma tática de negociação forte. Não servimos outros interesses que não sejam os dos gregos”.
O mais jovem chefe de governo da história do país, realçou que a “a Grécia quer cumprir com a sua dívida” e “se os seus parceiros também o quiserem, vamos sentar-nos à mesa e discutir”. A dívida grega “chegou aos 180%. [A Grécia] não pode fazer face a ela. E isso não é apenas uma questão técnica”.
“Não pretendemos ameaçar os equilíbrios na Europa mas sim que os equilíbrios sejam repostos”, recusando liminarmente uma extensão do programa da troika, por que não “pode pedir que haja uma extensão de um erro”.
Tsipras alertou a Europa a não “cometer os mesmos erros do passado” e exigiu dos credores e da Europa um “acordo de transição até ao verão”, o que considerou, “apesar das dificuldades”, ser “possível”. Realçou, ainda, que o novo executivo, que junta Syriza e Gregos Independentes, tem “um plano pronto e propostas” que “são realistas”.
Prioridade na resposta à crise humanitária
Alexis Tsipras assegurou que a partir desta quarta-feira a “prioridade será dar uma resposta para fazer face à crise humanitária”, recontratando “funcionários públicos que foram despedidos de forma ilegal”, isentar do pagamento de impostos quem aufira até 12 mil euros anualmente, aumentar até 2016 o salário mínimo grego para 751 euros e proibir penhoras de primeiras habitações.
“A competitividade da economia grega não pode assentar em mão de obra barata e sem direitos. Precisa de inovação, tecnologia”.
O primeiro-ministro, que uma vez mais se apresentou sem gravata, realçou que as medidas anunciadas fazem parte de “uma primeira fase” do programa governativo que pretende responder aos principais desafios do país “nos próximos seis meses”.
O executivo grego compromete-se também a “não aumentar a idade da reforma ou reduzir as pensões". “Pagaremos ainda um extra, a partir do final de 2015, aos pensionistas com reformas mais baixas”. Anunciou ainda a criação “de um fundo nacional de saúde e de segurança social para financiar o sistema de pensões com receitas vindas dos recursos naturais” e a alteração do “atual imposto sobre a propriedade para os grandes proprietários”.
Em matéria de política de imigração, foi criada “uma pasta para a imigração que garanta a cidadania aos filhos de imigrantes nascidos no país”.
“Guerra contra o sistema de corrupção que minou o sistema político”
Alexis Tsipras declarou que criou “uma pasta especial para monitorizar a luta contra a corrupção e a evasão fiscal” e que vai solicitar a investigação de todas as pessoas ligadas às listas “Lagarde” e “Liechtenstein”.
“Vamos organizar equipas nas alfândegas para travar o contrabando de tabaco e combustível e mudar a lei que dá imunidade judicial aos membros do fundo de privatizações”.
“[Vamos] prosseguir a guerra contra o sistema de corrupção que minou o sistema político”.
O chefe de governo anunciou ainda “o corte de metade da frota dos 7500 carros dos ministérios, vendendo veículos que custem mais de 700 mil euros”, e um dos três aviões do governo.
"Vou reduzir o pessoal do gabinete do primeiro-ministro em 50% e a segurança num terço" e modificar a lei “de avaliação de funcionários públicos e mudar a forma como são nomeados os diretores das Administrações, para cortar ligações a partidos políticos”.
Revertendo a decisão polêmica do ex-primeiro-ministro Antónis Samaras, o encerramento da televisão pública ERT, Tsipras prometeu a criação de “de um novo canal a partir da ERT e usar para isso apenas o dinheiro dos impostos atuais, criando um novo processo de licenças de emissão”.
O líder da esquerda grega avançou ainda que vão ser formadas “unidades de polícia de proximidade e melhorado o treino dos agentes” e alterado o nome dos serviços secretos de “Serviço de Informações Nacional para Serviço de Proteção da Soberania”.
Negociações na Europa
Na quarta-feira desta semana reúne extraordinariamente o Eurogrupo, em Bruxelas, onde os ministros dos países da zona euro vão discutir a situação grega, e, na quinta-feira, é a vez dos chefes de governo da União Europeia se encontrarem no Conselho Europeu sobre a mesma matéria.
“As negociações com os parceiros da União Europeia devem levar a um acordo porque os objetivos fiscais são muito apertados, alimentam a deflação e a recessão", afirmou Tsipras.
“Precisamos de um programa que não se centre apenas no défice, como os nossos parceiros italianos e franceses também concordam”. Alexis Tsipras saudou o apoio às negociações manifestado pelo governo do Chipre, o primeiro país que visitou na qualidade de primeiro-ministro grego.
“Vender ativos nacionais para pagar uma dívida que é insustentável é um crime. Não venderemos as nossas riquezas naturais, infraestruturas e redes. Mas consideraremos usar esses ativos para o nosso interesse nacional”.
No encerramento do seu discurso deixou um apelo, “pedimos a todos aqueles que não votaram em nós, que nos apoiem nas negociações, que apoiem a Grécia”.
“Não negociaremos o orgulho e a dignidade do nosso povo. Esta é uma luta pelo nosso povo, para que recupere a esperança e a dignidade”, concluiu.
Esquerda.net,
em Carta Maior
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