Malária
e doenças diarreicas eclodem no centro de acomodação das vítimas das cheias em
Mocuba, na província central da Zambézia. Reassentados queixam-se da falta de
redes mosquiteiras, de água potável e de comida.
O
centro de reassentamento de Naverrua fica a cerca de dez quilómetros do extremo
norte da cidade de Mocuba. Aqui, homens, mulheres viúvas e crianças órfãs
queixam-se de sofrer constantemente de doenças como a malária e diarreias
agudas. Muitas famílias afirmam que não têm água própria para consumo nem para
cozinhar.
"As
crianças têm malária por causa dos mosquitos. Também passamos fome e não temos
machambas", conta Hilária Raima, que procurou refúgio no centro de
Naverrua por causa das cheias.
"Não
nos deram redes mosquiteiras. Há muita malária e cólera também”, confirma
Netório Nunes, outro reassentado.
Rita
Francisco, outra vítima das cheias, acusa o Governo moçambicano de não ter
cumprido a promessa feita no ano passado de construir uma casa convencional.
A
viúva, que está alojada numa tenda com sete crianças órfãs, queixa-se da
"situação extremamente difícil" em que vive. Todas as sextas-feiras,
conta, pede esmola pelas ruas de Mocuba, para conseguir "comprar farinha
para dar de comer às crianças".
As
pouco mais de 200 famílias abrigadas no centro de reassentamento de Naverrua
pedem ao Governo mais apoio, comida e assistência médica.
O
centro e o norte de Moçambique foram atingidos, desde 12 de janeiro, por violentas
cheias, que provocaram pelo menos 159 mortos e afetaram 170 mil pessoas,
sobretudo na província da Zambézia.
Nyusi
visita regiões atingidas
A
partir de quarta-feira (25.02), o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, inicia
uma visita de dois dias às províncias da Zambézia, Nampula e Niassa, as mais
atingidas pelas cheias.
O
objetivo desta deslocação é "saudar as vítimas das calamidades naturais,
receber uma breve explicação sobre os bairros de reassentamentos, bem como o
funcionamento das tendas de centros de saúde naqueles bairros", lê-se num
comunicado da presidência moçambicana.
Na
Zambézia, o chefe de Estado moçambicano visita Maganja da Costa e Mocuba, o
local onde desabou parcialmente a ponte sobre o rio Licungo, que deixou
intransitável a Estrada Nacional Número 1, a única que liga o sul e o centro ao
norte de Moçambique. Entretanto, as autoridades já conseguiram repor a
circulação na N1. Em Nampula, Filipe Nyusi estará no distrito de Nacala Porto e
em Niassa é esperado em Cuamba.
O
Presidente viaja acompanhado pela ministra da Administração Estatal, Carmelita
Namashalua, que tutela o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, e pelos
vice-ministros da Saúde, Mouzinho Saíde, e das Obras Públicas, Habitação e
Recursos Hídricos, João Osvaldo Moisés Machatine.
Marcelino
Mueia (Quelimane) / Lusa – Deutsche Welle
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