Verdade
(mz) - Editorial
Parece
que se tornou moda os membros seniores dos partidos políticos estarem a brincar
com o povo, apesar de todo o sofrimento por que o mesmo tem estado a passar
ultimamente. Ora, é a Renamo e o seu líder Afonso Dhlakama, que ameaçam dividir
o país a todo custo, sem deixar de lado os seus recursos de guerra, ora é a
Frelimo que está a enviar os seus membros seniores para, supostamente,
tranquilizarem a nação afirmando que “não haverá divisão nenhuma e nem o tal
governo autónomo existirá”.
A
situação que iria abrir um precedente para tensão política foi colocada de lado
depois dos encontros entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e Afonso
Dhlakama, poderá ressurgir, em virtude dos pronunciamentos de desvalorização da
Renamo e do seu líder, e da rejeição antecipada, pela Frelimo, do projecto
sobre a implantação das regiões autónomas nas províncias onde o maior partido
da oposição em Moçambique reclama a vitória nas últimas eleições gerais.
Porém,
há indícios de que Nyusi está a ser contrariado pelo seu partido, pois, no
princípio desta semana, a Frelimo destacou alguns quadros para percorrerem o
país a fim de agradecerem à população por esta ter votado no partido e no seu
candidato, medir o grau de preparação dos seus órgãos para cumprirem o
manifesto eleitoral e sensibilizar a população para não se intimidar com os
pronunciamentos da “Perdiz”.
Importa
referir que as declarações dos membros da Frelimo contrariam os entendimentos
entre o líder da Renamo e o Chefe de Estado. Se recuarmos até às ocorrências de
Sathunjira, em 2013, notaremos alguma semelhança entre os factos. No entanto,
quando o senhor Dhlakama quiser pôr em prática os seus temíveis pensamentos,
esperemos que os moçambicanos gozem de uma protecção até aos dentes, pois não
se deve usar o povo como escudo numa situação de tiroteios.
O
povo moçambicano tem sido vítima de sucessivas torturas psicológicas promovidas
pelo partido no poder e pela Renamo sobre a (provável) divisão do país. O
partido Frelimo quer, a todo o custo, fazer passar a mensagem de que são
infundadas e sem cobertura legal as pretensões da Renamo e do seu líder, Afonso
Dhlakama, de dividir o país, cuja construção custou as vidas de muitos
moçambicanos. Portanto, resta-nos saber se os pronunciamentos dos membros da
Frelimo foram autorizados pelo Presidente da República, presidente daquela
força política ou trata-se de uma pura desobediência política.
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