Verdade
(mz), editorial
Infelizmente,
a maior parte dos moçambicanos ainda é analfabeta, sendo imperioso inverter a
situação. Porém, pais e encarregados de educação, naquela condição, levaram os
seus filhos às escolas para aprenderem a essência do ser humano. Esses filhos
são, hoje, governantes e também parte do povo.
Parece
que em Moçambique a incompetência e a falta de vontade andam de mãos dadas,
principalmente no seio do Governo. Volvidos sensivelmente 40 anos, a chamada
“Pérola do Índico” tornou-se independente do governo colonial português. Porém,
apesar de termos conquistado a tão almejada independência, ainda continuamos um
país dependente em vários sectores.
Durante
esse tempo, pouca coisa ou quase nada foi feito no que diz respeito a
infra-estruturas sociais e económicas. Por exemplo, as barragens, tanto para o
abastecimento de água como as de geração de corrente eléctrica, as pontes, os
postes de iluminação, os edifícios públicos, até as tubagens PVC usadas para a
canalização do precioso líquido são do tempo colonial.
É
irrelevante (e ridículo) que se diga que a cidade X ficou sem água porque o
governo colonial português construiu a barragem para um número reduzido de
pessoas. Mas essas palavras tornam-se insultuosas quando saem da boca dos
nossos governantes: pessoas que se sentaram na carteira de uma escola.
Os
serviços prestados pela tão famosa rainha dos gafes, a Electricidade de
Moçambique (EDM), também são preocupantes.
No
tocante ao Fundo de Investimento e do Património de Abastecimento de Água
(FIPAG), pode entender-se a sua desculpa, porque os lençóis freáticos parecem
estar em “greve”, devido ao aquecimento global. Mas a EDM devia sentir vergonha
ao afirmar que os nossos equipamentos estão obsoletos! Porquê? A reposição dos
mesmos está à mercê de quê e de quem?
É
urgente que o Governo moçambicano se “belisque” e aceite a realidade. A
situação em que o país está mergulhado é deveras vergonhosa para quem vive em
pleno século XXI.
É
inaceitável que, volvidos 40 anos, os nossos filhos continuem a assistir às
aulas sentados debaixo das árvores, e a desculpa ter de ser: “O governo
colonial português construiu poucas salas de aulas e agora estamos a correr
atrás do prejuízo”. E se eles não tivessem construído? Até quando a
incompetência continuará a ser palavra de ordem no país?
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