Díli,
10 fev (Lusa) - O primeiro-ministro indigitado de Timor-Leste, Rui Araújo,
disse hoje à Lusa que é uma honra servir o povo timorense, considerando que há
uma distância gigantesca entre si e a estatura política do seu antecessor,
Xanana Gusmão.
"Estou
consciente de que há uma distância gigantesca entre a estatura política de
Xanana Gusmão e aquilo que sou. Mas aceitei o desafio simplesmente sob a
perspetiva de melhor servir a causa e o povo", disse à Lusa, na sua
primeira entrevista desde que a Presidência da República confirmou que tinha
sido indigitado para suceder a Xanana Gusmão.
Rui
Araújo, membro do Comité Central da Fretilin, vai tomar posse, previsivelmente
esta semana, como primeiro-ministro do VI Governo timorense, tendo explicado à
Lusa numa conversa telefónica que ainda estão a decorrer negociações sobre a
formação do executivo.
"Isso
ainda está em discussão e depois das consultas com o Presidente da República
comunicaremos a composição", disse.
Já
depois desta conversa, fonte da Presidência confirmou que Rui Araújo vai ser
recebido na quarta-feira às 11:00 locais (02:00 em Lisboa)
Rui
Araújo, que no passado foi 'estafeta' das comunicações do então líder da
resistência timorense, Xanana Gusmão, passa agora a liderar um executivo onde
comandará o líder histórico timorense.
"É
uma honra e privilégio fazer isso. Não por uma questão de honra pessoal ou de
prestígio pessoal, mas por servir a causa e o povo", afirmou.
Questionado
sobre o que representa ser primeiro-ministro, Rui Araújo considerou que marca
"o início de uma operação de resgate do futuro [de um país] que até aqui
tem vivido refém do passado", marcando uma mudança geracional.
"No
sentido de que é preciso pensar para a frente, é preciso respeitar a história
do passado, mas é preciso trabalhar para construir o futuro", afirmou.
"É
uma iniciativa que dá o começo a uma transição da qual, nos próximos anos,
vamos começar a ver os resultados", disse.
Sobre
o seu programa de Governo, Rui Araújo considerou que "tudo é
prioridade" na complexa agenda de Timor-Leste, mas que é necessário
realismo, já que o tempo até ao final da legislatura, apenas dois anos e meio,
é pouco.
"A
prioridade não deve ser diferente daquilo que foi traçado pelo V Governo. Terá
que ser desenvolvida no âmbito do Plano Estratégico Nacional", disse.
"Mas
o foco da governação vai ter que se centrar na melhoria da prestação de
serviços e da qualidade das obras, em curso e que vão ser feitas",
afirmou.
O
objetivo parece ser aproveitar o que falta da legislatura para melhorar formas
de trabalho, algo que Rui Araújo explicou implica atuar em toda a cadeia de
tarefas, "tanto a nível de eficiência orçamental, como técnica na
preparação e execução dos programas".
Isso
permitirá, finda esta legislatura de trabalho, facilitar a continuação de toda
a agenda de desenvolvimento nos anos seguintes, explicou.
Uma
tarefa complexa que começa já no desenho do seu elenco governativo e que a
partir de agora mudará o que era a vida, muito mais simples, de um homem
fortemente ligado à família.
"Já
partilhei com franqueza os sacrifícios que a família vai ter que passar. Estão
comigo, solidários, porque também comungam a causa e estamos unidos para
enfrentar isto", afirmou.
O
novo Governo timorense deverá tomar posse, no Palácio de Lahane, nos arredores
de Díli, na sexta-feira.
ASP
// VM
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