Várias
centenas de pessoas marcharam, este domingo, em Lisboa, em solidariedade com a
Grécia, numa manifestação com palavras de ordem contra o Governo português, o
Presidente da República e a chanceler alemã e cachecóis iguais ao que o
ministro grego Varoufakis usou em Bruxelas.
A
manifestação convocada pelas redes sociais juntou mais de 500 pessoas, que
partiram do Largo Camões, no Chiado, às 15.45 horas, até ao Largo Jean Monnet,
onde fica o edifício da Comissão Europeia em Lisboa.
Com
várias tarjas, cartazes de apoio ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e
bandeiras do Bloco de Esquerda proclamando "Esperança contra a austeridade",
os manifestantes caminharam durante cerca de uma hora ao ritmo de tambores,
subindo a rua da Misericórdia e de São Pedro de Alcântara até ao bairro do
Príncipe Real e depois descendo a rua do Salitre.
Na
frente de um dos grupos da manifestação, a deputada bloquista Mariana Mortágua
dava o mote, de megafone na mão, ensaiando palavras de ordem gritadas a plenos
pulmões contra as recentes posições do executivo português e do presidente da
República, Cavaco Silva.
"Culpas
os gregos, ó Cavaco, no BPN continua o buraco"; "Sim ao Varoufakis,
não à Maria Luís"; "Merkel capataz, deixa a Grécia em paz",
afirmava a deputada do BE, já rouca.
Durante
a manifestação, havia também várias pessoas com cachecóis bege e com riscas
pretas, vermelhas e brancas, iguais ao utilizado pelo ministro das Finanças
grego no último Eurogrupo.
Cristina
Paixão, uma das manifestantes com um destes cachecóis, disse à Lusa que fez
questão de o levar para protestar contra "a propaganda política que tem
sido feita contra o Varoufakis", que "é completamente absurda,
ridícula e patética".
"Não
é um cachecol que torna um ministro das Finanças melhor ou pior ministro,
perder tempo com esse tempo de 'fait divers' é perfeitamente ridículo",
afirmou, já no Largo Jean Monnet.
A
antiga presidente da secção portuguesa da Amnistia Internacional Maria Teresa
Nogueira, também presente na iniciativa, criticou, em declarações à Lusa, o
caminho seguido pela União Europeia e "a lógica de aprofundamento das
desigualdades, a nível nacional e a nível europeu".
"Estou
aqui a título pessoal. Temos de reagir, todos nós. Isto é o caminho para o
abismo, o facto de os direitos mais fundamentais das pessoas serem postos de
lado configura uma situação de conflito que explica as radicalizações [na
Europa], é uma situação que tem de ser acabada", disse.
Para
a dirigente da Amnistia, agora coordenadora do grupo da China, "esta é uma
oportunidade única" de apanhar "boleia da Grécia e tentar reverter
toda a miséria" que se vive na Europa.
Na
manifestação marcaram presença vários dirigentes do BE, como os deputados Luís
Fazenda e Cecília Honório ou a eurodeputada Marisa Matias, o dirigente do Livre
Rui Tavares ou personalidades como o realizador António Pedro Vasconcelos ou a
médica Isabel do Carmo.
"Acho
que toda a gente devia estar aqui, a situação está horrível em toda a Europa,
acho que o mínimo que qualquer pessoa pode fazer é isto", afirmou Maria
Antónia, outra manifestante, já a entrar na rua do Salitre, junto ao Rato.
Jornal
de Notícias – Foto: Também em Atenas manifestantes saíram à rua em apoio ao
governo grego e contra a austeridade. Imagem de bandeiras de Espanha, Portugal
e Grécia entre a multidão - YANNIS BEHRAKIS/REUTERS
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