Américo
Amorim, o mais rico em Portugal, também nomeado no crime HSBC
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Lucília
Tiago e Pedro Araújo com Alexandre Panda, Emília Monteiro e Pedro Ivo de
Carvalho – Jornal de Notícias
O
Fisco português já pediu a lista de clientes da filial suíça do HSBC envolvida
num esquema de fraude fiscal. E o Ministério Público está a seguir o caso. Só
três portugueses terão 585 milhões depositados na Suíça.
"A
administração fiscal está a desenvolver todas as diligências para ter acesso a
esta lista", referiu ao "Jornal de Notícias" fonte ligada ao
processo. Um dos objetivos destas diligências é cruzar esta informação com
outros dados que estão já na posse da Autoridade Tributária (AT), na sequência
de investigações anteriores a contribuintes com contas bancárias na Suíça.
Tal
como está a acontecer em Espanha, o Fisco não será a única entidade envolvida
na investigação deste caso conhecido como SwissLeaks. "O Ministério Público está a acompanhar a situação,
recolhendo todos os elementos que estão ao seu alcance, quer aqueles que têm
vindo a público quer os elementos que possam resultar de processos
pendentes", referiu a Procuradoria-Geral da República (PGR) à agência
Lusa.
Ter
uma conta num banco estrangeiro não constitui por si só qualquer ilícito, mas
as autoridades querem perceber se estão ou não perante casos de fuga ao
pagamento de impostos. O jornalista angolano Rafael Marques, do site "Maka
Angola", órgão que integra o Consórcio Internacional e Jornalistas de
Investigação (ICIJ), avançou com alguns dos 220 nomes de clientes portugueses
da filial suíça do HSBC, não havendo ainda qualquer indício de fraude, uma vez
que as investigações mal começaram.
Na
lista dos clientes está a gestora de fundos Espírito Santo Activos Financeiros
(ESAF), "o maior depositante institucional português", escreve Rafael
Marques: a ESAF SGPS e a ESAF Asset Management têm 310 milhões de euros no seu
conjunto. Em declarações ao "Negócios", a ESAF negou qualquer relação
com o HSBC. Também Américo Amorim, o homem mais rico de Portugal, negou que
tivesse qualquer conta naquele banco, embora o site angolano aponte o seu nome
enquanto detentor de um depósito de 5,2 milhões de euros.
Somas
avultadas
Sílvia
Ruivo Caçador, natural de Vila Real, que consta da lista de clientes da filial
suíça do HSBC, divulgada pelo jornal francês "Le Monde" e
pelo coletivo de jornalistas de investigação, com uma conta de 223 milhões de
euros, terá, segundo o JN apurou, residência no Luxemburgo. Na rede social
Linkedin, Sílvia Caçador apresenta-se como sendo "Client Accounting
Services" de uma empresa de consultadoria financeira e jurídica, com filiais
em vários países.
Joaquim
António Amaro da Cruz, de Castelo Branco, também desconhecido, terá um total de
197 milhões de euros no HSBC e vive na Suíça. A sua irmã, Rosa Maria Pinho
Amaro da Cruz da Silva, de Santos--o-Velho (Lisboa), é mencionada com 165
milhões de euros aplicados.
Somando
a quantia referida como pertencente a Rosa Maria Silva (165 milhões) com o
valor relativo ao seu irmão (197 milhões), e ainda a quantia pertencente à
cidadã portuguesa de Vila Real (223 milhões de euros), obtêm-se 585 milhões de
euros.
Da
lista do SwissLeaks, à qual o JN teve acesso apenas em parte, consta também o
nome do administrador da Real Companhia Velha, Pedro Manuel Ferreira de Lemos
de Silva Reis, com morada no Porto, que teria, em 2007, 7,1 milhões de euros no
HSBC.
"A
minha conta não estava em situação de ocultação e havia comunicação do valor
que lá estava depositado ao Fisco português", precisou Pedro Silva Reis,
que já não tem conta no HSBC há mais de três anos.
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