Díli,
9 fev (Lusa) - Xanana Gusmão justificou a escolha de Rui Araújo como seu
sucessor no cargo de primeiro-ministro timorense pela sua integridade,
"conhecimento profundo do sistema financeiro" e "experiência
integral" do modelo de capacitação dos quadros técnicos.
A
justificação é dada numa carta do chefe do Governo aos três partidos que
integram a coligação pós-eleitoral que apoia o Governo - Congresso Nacional da
Resistência Timorense (CNRT), Partido Democrático (PD) e Frente Mudança (FM) -
e a que a agência Lusa teve acesso.
"Reitero
que a minha escolha recai sobre o sr Rui Araújo para o cargo de
primeiro-ministro, no VI Governo Constitucional", refere na carta.
"O
conhecimento profundo, por parte dele, do sistema financeiro e uma experiência
integral, que não pode ser menosprezada, do modelo aplicado de capacitação dos
quadros técnicos, levado a cabo durante anos no Ministério onde ele
assessorava, e a sua integridade, como pessoa, foram os três aspetos relevantes
que estiveram na base da proposta do seu nome", escreve Xanana Gusmão.
Xanana
Gusmão pede também desculpa pela honestidade ao reiterar não ter encontrado no
sei da coligação "uma pessoa com a preparação teórica, técnica e
profissional que possa vir a garantir, como chefe de Governo, a estabilidade
governativa tão necessária para esta transição".
Na
carta, datada de 4 de fevereiro, véspera da apresentação da sua demissão ao
Presidente da República, Xanana Gusmão relembra que, já em dezembro, na sua
última mensagem sobre este tema, pedira desculpa aos partidos da coligação
"em jeito de apelo para considerar os interesses do Estado acima dos
interesses dos partidos".
Xanana
Gusmão detalha, em particular, a necessidade do chefe de Governo ter um amplo
conhecimento da pasta de finanças, tendo que liderar o Governo, pelo menos duas
vezes por ano, quando "enfrenta o Parlamento Nacional sobre o orçamento de
Estado".
O
líder timorense reconhece a "preocupação" que a escolha de Rui Araújo
- membro do comité central da Fretilin, na oposição - sugira que a coligação
possa ser vista como incapaz e também o argumento sobre o "governo ser o
resultado das eleições".
Explicando
que ponderou esses e outros argumentos "durante um ano" explica que o
"pensamento orientador era garantir que o programa do V Governo
continuaria, com maior eficiência, para dar resposta às exigências da
construção do Estado" e rejeitou mais reuniões de forma a não perder tempo
"num ano crucial para a nação".
No
texto insiste que a sua saía do cargo é "irrevogável" e que a sua
decisão "não é apenas uma questão puramente pessoal", mas também
"pelas implicações" para o futuro que a "decisão pode incutir,
em termos de continuidade, de certeza, de confiança e de garantia".
"A
minha decisão de resignação como chefe do V Governo é irrevogável. Sobre esta
questão, quero taxativamente dizer que 'não há mas nem meio mas'",
escreve.
O
líder timorense reconhece ter-lhe sido apresentada uma "outra opção para
primeiro-ministro, a de escolher uma pessoa de entre o bloco de
coligação", opção que rejeita.
"A
reestruturação não terá sentido se é apenas um mero exercício de tirar pessoas,
para reduzir o peso financeiro e transferir pessoas para dar a aparência de
legitimidade eleitoral", Xanana Gusmão lembrou ainda que abordou, pela primeira a sua saída em 2013.
O
compromisso que eu tomei antes do final de 2013, no Parlamento Nacional,
mantém-se até não tiver provado que sei honrar a minha palavra", escreve.
ASP
// JCS
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