Afrodire
Zumba – O País (ao)
A
“febre” dos Drones que rapidamente se alastrou pela Europa tem adquirido alguns
adeptos a nível nacional. Pese embora sejam ainda por muitos desconhecidos,
estes aparelhos facilmente passam despercebidos em diferentes ambientes sociais
e podem ser utilizados como verdadeiros invasores à privacidade.
Terminou
o período em que para se registar imagens aéreas, era obrigatoriamente
necessário recorrer-se ao uso de helicópteros, pois que, os Drones vieram
alterar esta realidade.
Os
veículos aéreos não tripulados manuseados remotamente, equipados com uma
câmara, têm ajudado o homem em situações que constituem risco para si, como
catástrofes ambientais em que ocorre a libertação de gases tóxicos, na
ocorrência de incêndios de grandes proporções, lugares de difícil acesso e
circulação.
Este
aparelho electrónico também pode auxiliar no controlo de fronteiras, servir
como ferramenta de trabalho para órgãos de comunicação social, fotógrafos,
organizadores de eventos ou de instrumento lúdico para os cidadãos comuns.
O
PAÍS saiu as ruas de Luanda, para saber de alguns citadinos se conhecem ou
possuem informações sobre estes dispositivos. Na sua maioria, os inquiridos
franzem a testa e muito admirados passam a questionar “o que é isso, por favor
pode explicar”?
A
reação é comum, até mesmo entre funcionários de lojas que comercializam
produtos considerados como “ novidades”, ao nível tecnológico num centro
comercial em Talatona.
“Drones,
explique-se melhor, o que é isso moça? Retorquiu a funcionária muito
surpreendida. Dirijase até à loja ali em frente, talvez eles tenham”.
Numa
das Instituições de Ensino Superior localizada naquelas imediações, apenas um
entre os 10 estudantes entrevistados, dos vários cursos de engenharia ali
existentes, apresentou definições correctas ligadas ao conceito.
O
académico do primeiro ano do curso de Engenharia Eléctrica, Benvindo Lukoki, de
18 anos, afirmou que apesar de ter estudado engenharia electrónica no ensino
médio, durante o período de formação, não obteve nenhum conhecimento a respeito
do aparelho, e tão pouco ouviu algum comentário fora do ambiente escolar. Por
sua vez, Gorethe Marcos, também “caloira” no curso de Engenharia Química, após
a breve explicação que recebeu disse que já visualizou um aparelho semelhante
na festa em que participou numa discoteca no Bairro Popular.
“É
idêntico aquele retroprojector que está na sala, apontou, na festa estava na
altura das luzes coloridas. Só depois a explicação lembrei-me”. Ao passo que, o
estudante de Engenharia Mecânica, Chrstian Willer, de 18 anos, que se fazia
acompanhar de quatro colegas apresentou uma definição básica, alegando que os
vê frequentemente na televisão.
“Eu comprei um mini Drone, um helicóptero telecomandado há mais de 20 mil
kwanzas aqui próximo.
Mas,
aquele não tem câmara. Não tenho interesse em ter os maiores”, explicou.
Negócio
rentável
Poucas
são as lojas específicas de dispositivos electrónicos, que tenham nas
prateleiras o produto, visto que, ainda é muito desconhecido. Nas lojas que
podemos verificar, o preço varia entre os 33 mil kwanzas para o mini Drone
(terrestre), aos 173 mil 408 kwanzas para um equipamento de maior dimensão, com
capacidade de capturar imagens de alta-definição. A sua comercialização também
está disponível num site especializado em vendas, na esfera nacional, onde em
função da marca são vendidos a partir de 60 mil kwanzas e alguns em valores
acima dos 300 mil kwanzas.
Em
depoimento a O PAÍS, o nosso interlocutor que falou sob anonimato, disse que há
mais de seis meses adquire o produto no estrangeiro e o revende no montante de
145 mil kwanzas, sem a câmara. Prosseguiu salientando que o mês de Dezembro foi
muito rentável para si, visto que registou a venda de cinco destes equipamentos
ao passo que, mensalmente vende no máximo dois. Indagado se considera que o uso
do aparelho em algumas situações pode colocar em causa a privacidade dos
indivíduos, uma vez que eles podem alcançar mais de 500 metros, dependendo do
modelo, o mesmo fez saber que cada utilizador deve estar consciente de algumas
regras, e saber que “onde termina a sua liberdade começa a de outrem”.
“Devemos
ter respeito pelo próximo e não divulgar as imagens que colhemos em
determinados ambientes e difundi-las na internet sem prévia autorização”,
enfatizou.
Ângulos
superiores em distâncias ínfimas
Ricardo
Fernandes, integrante de um conceituado grupo organizador de eventos sociais,
na cidade de Luanda relatou que durante o planeamento logístico do referido
grupo, observaram o quanto os Drones podiam auxiliar na elaboração de uma
maquete aproximada à realidade em termos de dimensões e enquadramento, que no
momento era uma necessidade primordial.
Disse
ainda que estes equipamentos apresentam mais vantagens do que desvantagens, uma
vez que possibilita a captura de imagens de um ângulo superior a poucos metros
de distância.
“
Quem diria que podíamos filmar um surfista em pleno “drop” ou filmar um pelotão
de viaturas de competição a fazer uma curva, questionou.
Ao
tecer considerações sobre a segurança e o direito à privacidade, no manuseio
dos veículos aéreos não tripulados, Ricardo Fernandes afirmou que a seu ver
deve ser expressamente proibido junto a aeroportos e instalações de entidades
de seguranças públicas e militares, bem como em alguns espaços urbanos com
densa circulação de pessoas pois, também caem.
Nesta
perspectiva, acrescentou que de modo a salvaguardar a imagem dos participantes,
ao fazer a captura de imagens, com o uso destes dispositivos, opta por obter
uma visão generalizada do espaço e quando as coloca nas redes sociais, são
devidamente identificadas, de modo que os participantes possam solicitar a sua
remoção.
“Quando
os participantes se apercebem que os Drones estão em actividade, seguem os
movimentos e fazem “caretas”, sinónimo de boa vibe”, comentou.
Legislação
a caminho
O
director do Centro Tecnológico Nacional do Ministério da Ciência e Tecnologia,
MINCT, Gabriel Miguel, ao fazer uma análise sobre o período de inserção e
comercialização destes aparelhos electrónicos no país, afirmou que no momento,
este organismo não dispõe de registos específicos sobre tal facto.
Acrescentando
que nesta perspectiva, a instituição que representa criou há um ano a Direcção
de Transferência de Tecnologias, que actualmente leva a cabo um estudo
abrangente referente ao desenvolvimento das tecnologias em Angola em diferentes
sectores, no sentido de serem criadas linhas orientadoras.
Segundo
explicou, será também incumbência deste departamento a monitorização da entrada
e saída das tecnologias no país, bem como a sua regulamentação, quando esta já
se encontrar devidamente legislada.
Nesta
senda, o representante salientou existir necessidade de se legislar o uso das
Tecnologias de Informação e Comunicação, no território nacional, incluindo as
redes sociais e o uso de equipamentos como os Drones que se disseminam
amplamente a fim de se combater as práticas invasivas, como o abuso à
privacidade.
Lei
defende privacidade
Ainda
não existe no país uma legislação específica para o uso de Drones e combata as
práticas abusivas de invasão à privacidade por intermédio deste dispositivo, à
semelhança da França e os Estados Unidos da América.
Em
declarações a O PAÍS, o advogado Alcineo Cristóvão Luís explicou que o direito
à privacidade está subjacente ao Direito a Personalidade consagrado no artigo
32 da Constituição angolana. Salientando ainda que os mesmos são considerados
como “fundamentais, absolutos e que todos os cidadãos angolanos os detêm”.
O
advogado fez saber que os indivíduos que se sintam lesados podem participar às
autoridades competentes como a polícia de investigação criminal e ao Ministério
Público no sentido de fazer desencadear o competente processo crime.
Prosseguiu
dizendo que os mesmos devem fazer-se acompanhar de provas. A equipa de
reportagem do PAÍS contactou o Director Nacional de Comunicação e Imagem do
Comando Geral da Polícia Nacional, Aristófanes dos Santos, para tecer
considerações sobre a monitorização destes dispositivos no país, bem como o
levantamento de outras questões, ficando sem resposta até ao momento.
MQ-9
REAPER o mais Letal
Avaliado
em mais de 16 milhões de dólares, o MQ-9 REAPER, desenvolvido nos Estados
unidos da América tem habilidade de voar de forma autónoma como um robô voador.
O
mesmo tem a capacidade de carregar mísseis e bombas guiadas à laser bem como
consegue alcançar os 15 mil metros de altitude, superior a um avião comercial,
tal como cita o site Canaltech.
Histórico: Os
Drones são aparelhos electrónicos que podem apresentar diferentes
características e dimensões manuseados pelo homem com o auxílio de um
comando-remoto. O conceito é muito abrangente, não fazendo apenas referência
aos “populares” veículos aéreos não tripulados, porquanto existem também os
aquáticos e os terrestres.
Desenvolvidos
inicialmente como instrumento de guerra, que permitia o ataque ao inimigo sem
risco de perda humana, isto em 1973, pelo engenheiro aeroespacial, Abe Karem,
nos Estados Unidos da América, tal como afirma o site Opiniões & Notícias.
Estes
equipamentos, actualmente não se restringem apenas ao uso militar porquanto
foram adaptados para uso civil, e auxiliam o homem no desempenho de diversas
actividades, tal como aconteceu com a tecnologia GPS.
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