Jorge
Rebelo falou que Guebuza anda a meter medo aos militantes, porta-voz diz que as
críticas se fazem à porta-fechada.
A
Frelimo, partido no poder em Moçambique, negou ontem que esteja a limitar
a liberdade de expressão dos seus membros, mas enfatizou que o debate de ideias
pelos militantes do partido deve ser feito respeitando a disciplina interna.
Falando
à Lusa, à margem da abertura da IV sessão do Comité Central da Frelimo
(Frente de Libertação de Moçambique), o militante histórico do partido Jorge
Rebelo considerou na quinta-feira que o discurso do presidente da organização,
Armando Guebuza, na abertura do encontro, cria medo e silencia o debate.
“Ele
está a travar a discussão, quando lança esses recados de que há membros que
estão a lançar publicamente ideias que enfraquecem o partido. Isso é que é mau,
porque mete medo às pessoas e, pronto, aí estamos silenciados”, afirmou o
antigo dirigente da Frelimo e ex-ministro da Informação de Samora Machel.
Em
conferência de imprensa sobre os trabalhos da IV Sessão do Comité Central que
se realiza desde quinta-feira na cidade da Matola, arredores de Maputo, o
porta-voz da Frelimo, Damião José, rejeitou a acusação de que Armando Guebuza
esteja a tentar silenciar os membros do partido.
“A
disciplina faz parte de qualquer organização, o nosso partido, como partido com
responsabilidades acrescidas no nosso país, rege-se pela observância da
disciplina, não se pode concluir que quando se apela à disciplina há limitação
da liberdade de expressão”, afirmou Damião José.
O
porta-voz da Frelimo afirmou que os debates no Comité Central, que se realizam
à porta fechada, têm decorrido num ambiente de liberdade e que os membros do
órgão têm apresentado as suas opiniões à vontade.
“O
que preocupa a todos nós, membros do partido Frelimo, é o facto de nalgum
momento haver camaradas nossos que têm ideias sobre algum aspecto de
funcionamento do nosso partido e não colocam os assuntos no fórum próprio, usam
a comunicação social”, afirmou.
Damião
José afirmou que nos dois primeiros dias da reunião, o Comité Central aprovou a
agenda do encontro e iniciou a análise, em grupos, dos documentos dos órgãos do
partido, nomeadamente da Comissão Política, Comité de Verificação e Gabinete
Central de Preparação das Eleições Gerais de 15 de Outubro.
Até
ao fim da reunião, o Comité Central vai analisar o Plano Quinquenal do Governo,
o Plano Económico e Social (PES), o Orçamento Geral do Estado, a actuação da
bancada parlamentar da Frelimo e a situação política no país, afirmou Damião
José.
No
discurso de abertura da IV Sessão do Comité Central da Frelimo, Armando Guebuza
criticou os camaradas que publicamente procuram dividir e semear a confusão na
força política.
“Preocupa-nos
a postura e comportamento de alguns camaradas que publicamente engendram ações
que concorrem para perturbar o normal funcionamento dos órgãos e das
instituições e para gerar divisões e confusão no nosso seio”, declarou o
ex-Presidente moçambicano, que se mantém líder da Frelimo, perante 195 membros
do Comité Central e dezenas de convidados.
A
agenda da IV Sessão do Comité Central da Frelimo não inclui a questão de uma
eventual substituição de Armando Guebuza pelo actual Presidente da República,
Filipe Nyusi, também da Frelimo, defendida por alguns quadros do partido como
necessária para o fim dos propalados dois centros de poder na condução dos
assuntos do Estado moçambicano.
Lusa,
em Rede Angola (ao)
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