Voz
da América
Em
Angola, os principais partidos da oposição acusam o Governo da morte de
centenas de pessoas num ataque contra uma seita religiosa.
Os
ataques seguiram-se à morte de nove agentes da polícia há duas semanas na
província do Huambo quando as forças de segurança tentavam deter, José Julino
Kalupeteka, o líder da seita ilegal A Luz do Mundo.
A
Unita, o principal partido da oposição, afirma que as autoridades mataram
centenas de pessoas em ataques de represálias. No entanto o Executivo angolano
nega tal acusação afirmando que Kalupeteka foi capturado e que apenas 13
membros da sua seita morreram no incidente.
Mas
para já não foi possível verificar exactamente o número de mortos visto que a
área foi totalmente isolada. Contudo, alguns residentes da região descrevem a
situação com um ambiente de guerra.
Justino
Tchipango, o número dois da seita afirmou à VOA, que a polícia invadiu o local
onde o grupo se encontrava reunido matando muitas pessoas, incluindo mulheres e
crianças.
Paula
Roque, analista da organização International Crisis Group na África do Sul,
disse-nos que estão a aumentar as pressões para a abertura de uma investigação
formal ao sucedido: “ Internacionalmente isto é a última coisa de que Angola
precisa. Angola pertence actualmente ao Conselho de Segurança da ONU. Angola
não quer um escrutínio das suas violações dos direitos humanos, sobre questões
que possam abrir caminho a investigações acerca do modo como o país efectuou a
sua transição depois da guerra mais brutal de África.”
Paula
Roque referiu ainda a grande discrepância entre os números apresentados pelo
Governo e pela oposição.
Kalupeteka
fundou a seita A Luz do Mundo há 14 anos depois de ter sido expulso da Igreja
Adventista do Sétimo Dia e tem milhares de seguidores através do país. Ele
garante que o Mundo vai acabar em 2015 e encoraja todos os seguidores a
deixarem os seus bens materiais e a viverem em retiro.
Num
discurso proferido a 20 de Abril, o presidente angolano José Eduardo dos Santos
afirmou que considerava a seita como uma ameaça à paz, declarando que tinham
que ser envidados todos os esforços para destrui-la.
Em
declarações à VOA a partir da província do Huambo, o activista dos direitos
humanos Angelo Kapuatcha disse que as ordens do Presidente constituíam um
genocídio contra um grupo religioso.
Segundo
Paula Roque, regra geral é normalmente pouco tolerante relativamente àqueles
que considera como grupos extremistas:“Angola é um país conservador quando se
trata de grupos religiosos. Há uma propensão para a intolerância quando se
trata de organizações religiosas, de outras seitas que não se inserem na
identidade nacional”.
Nove
organizações religiosas cristãs na província do Huambo foram consideradas
ilegais pelo Governo angolano. Segundo o Jornal de Angola, para poderem ser
legais, essas organizações têm que contar com 100 mil membros registados espalhados
por pelo menos um terço das 18 províncias do país.
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