Falta
de reservas estrangeiras está a manietar os esforços para desenvolver outras
partes da economia, diz revista britânica.
Os
analistas da Economist Intelligence Unit consideraram ontem que é
provável que Angola recomece a somar atrasos nos pagamentos do Estado e das
empresas públicas ao sector privado por causa da desvalorização do kwanza.
Num
relatório ontem divulgado aos investidores, a unidade de análise da revista
britânica The Economist afirma que “há uma forte probabilidade de o
Estado novamente começar a atrasar-se nos pagamentos aos fornecedores”.
No
documento, lê-se que “o governo está a tentar minorar o problema causado pela
descida do preço do petróleo e consequente escassez de divisas, promovendo as
iniciativas não relacionadas com o petróleo, mas a falta de reservas
estrangeiras está a manietar os esforços para desenvolver outras partes da
economia”.
A
moeda nacional desvalorizou-se em mais de 6,6 por cento na última semana,
segundo a taxa de câmbio oficial do Banco Nacional de Angola (BNA),
insuficiente para travar a subida do dólar no mercado informal.
Para
comprar um dólar norte-americano – moeda utilizada nas importações, mas também
informalmente no mercado interno -, e apenas tendo em conta a taxa de
referência, eram ontem necessários Kz 118,2, quando a 03 de Junho eram
necessários pouco menos de Kz 111.
Nos
bancos comerciais, de acordo com consultas ‘online’ realizadas ontem pela Lusa,
a compra de cada dólar já estava praticamente nos Kz 122.
Esta
desvalorização aconteceu sobretudo em três sessões diárias da última semana,
essencialmente em resultado das condições de funcionamento do mercado cambial,
mas permanece muito abaixo dos preços praticados no mercado informal, a única
solução face às dificuldades dos clientes em acederem a divisas junto dos
bancos comerciais.
O
resultado, diz a EIU, “levou o Banco Nacional de Angola a impor restrições aos
levantamentos e às transacções internacionais”, originando dificuldades para
algumas empresas.
“Há
várias empresas que estão a reportar dificuldades em pagar aos fornecedores
estrangeiros e em processar salários, e isto criou gargalos em vários sectores
económicos, incluindo a construção e a indústria”, dizem os analistas.
A
combinação da desvalorização da moeda com a forte redução nos subsídios aos
combustíveis, anunciada em Abril, está a fazer subir lentamente a taxa de
inflação, que entre Abril e Maio subiu 0,71 por cento, segundo os dados
oficiais, conclui a nota de análise.
Lusa,
em Rede Angola
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