Folha
8 digital (ao) - 13 junho 2015
A
repressão tem aumentado em Angola devido à queda dos preços do petróleo, diz
a revista The Economist. De acordo com a jornalista Joana Rodrigues, da DW
(Voz da Alemanha), analistas económicos da revista britânica escrevem que “a
principal segurança do Governo contra a insurreição é a violência”.
Por
imperativo ético para com um povo sofredor, importa dizer que são cada vez mais
os meios de comunicação social que, a nível internacional, acordaram para a
nossa triste realidade. Importa, igualmente, salientar que tudo o que dizem
tem sido escrito por nós, com risco da própria vida, há já muitos anos.
Segundo a revista The Economist, a queda do preço do petróleo aumentou a
repressão e as disparidades em
Angola. A resposta do Governo de José Eduardo dos Santos à
desaceleração da economia foi o lançamento da “maior campanha de propaganda
desde os tempos coloniais”. Para os analistas da revista britânica, isto serve
de máscara para as “enormes desigualdades entre as elites e o resto da
população do país.”
Cá
na casa costumamos escrever que poucos têm cada vez mais milhões e que, ao
mesmo tempo, cada vez mais milhões têm pouco… ou nada. O regime cataloga-nos
como inimigos e não perde uma oportunidade para exerce o que melhor sabe fazer:
pôr a razão da força acima da força da razão. Já estamos, é claro, tarimbados
nesta luta. Por alguma razão o nosso Director tem mais de 100 processos em
“tribunal”. Sebastien Marlier é economista e especialista em assuntos africanos
na Economist Intelligence Unit, e considera que a situação é bastante mais
complexa, e que a repressão sempre esteve presente em Angola. É verdade.
Alguns só agora estão a ver. Até agora olharam para o lado. Mais vale tarde do
que nunca? Certamente.
“O
governo angolano nunca reagiu bem a críticas, protestos ou tudo o que possa
ameaçar a sua hegemonia. Com a crise do preço do petróleo aumentou o
descontentamento da população devido ao enfraquecimento da economia e aumentou
a consciência de que a maioria dos lucros petrolíferos vai apenas para as
elites,” afirma Sebastien Marlier.
Segundo
o economista, casos como Rafael Marques ou Kalupeteka não estão directamente
ligados ao actual contexto económico, mas as dificuldades têm pressionado o
governo do MPLA que tem reagido através desta maior repressão. Não se esqueça
que o MPLA está no poder desde 1975 e , ainda, que José Eduardo dos Santos é o
dono desse poder sem, contudo, nunca ter sido nominalmente eleito.
Sebastien
Marlier afirma que Angola foi gravemente afectada por esta descida do preço
do petróleo, tanto a curto como a médio prazo: “A economia angolana foi
bastante afectada por esta crise. Angola depende muito do petróleo e por isso
o crescimento económico abrandou, o kwanza enfraqueceu e a dívida pública
aumentou. As perspectivas a médio prazo também estão ameaçadas. Vai ser mais
difícil diversificar a economia agora que há menos dinheiro para investir
noutros sectores”.
Apesar
de tudo, o Presidente José Eduardo dos Santos achou por bem visitar a China,
diz a DW, com o intuito de reforçar a cooperação bilateral entre os dois
países. Sebastien Marlier vê esta visita como uma forma de Angola tentar
superar a crise do sector económico sem ter de recorrer a organizações como o
Fundo Monetário Internacional (FMI).
“A
China é o maior comprador do petróleo angolano e é também o maior credor do
país. Penso que nesta visita o Presidente vai tentar expandir a relação entre
os dois países para além do petróleo. Em 2009 houve outra crise petrolífera e
Angola recorreu à China para evitar ter de pedir ajuda ao FMI, e penso que
isso pode acontecer de novo”, diz o economista. Angola é o segundo maior
produtor petrolífero da África subsariana, e a sua economia é quase
exclusivamente dependente deste produto. A descida nos preços do petróleo teve
efeitos económicos muito negativos no país. Espera-se que este ano o
crescimento do Produto Interno Bruto seja de apenas 3%, em comparação com os
6.8% de 2013.
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