Através
de uma “votação expresso” – que a própria presidente do parlamento acusa de
violar a democracia e a Constituição – o parlamento grego foi chamado a aprovar
mais de 900 páginas de leis impostas por Bruxelas. Varoufakis foi um dos
deputados do Syriza a mudar de posição e votou a favor do pacote. Milhares de
pessoas voltaram a manifestar-se na Praça Syntagma. Lá dentro, Tsipras prometeu
que enquanto for primeiro-ministro não haverá despejos de primeiras habitações
dos gregos vítimas da crise.
O
parlamento grego aprovou o segundo pacote de medidas prévias ao arranque das
negociações para o terceiro memorando. No Syriza, 31 deputados votaram contra e
cinco abstiveram-se, mas três dos que tinham votado contra as medidas da semana
passada aprovaram o segundo pacote, que incluía alterações ao código
civil e a transposição da diretiva europeia da resolução bancária.
Desta
vez, Varoufakis votou Sim
Entre
eles está Yanis Varoufakis, que explicou aos jornalistas que “votei sim às duas
medidas que eu próprio propus, embora em circunstâncias e condições
radicalmente diferentes”. “Infelizmente, estou convencido que o meu voto não
ajudará o governo no nosso objetivo comum. Isso porque o acordo assinado na
cimeira da zona euro, que integra ambas as medidas votadas esta noite, está
concebido para falhar. Contudo, dei o voto aos meus camaradas na esperança de
ganhar tempo para que, todos juntos, preparemos a nova resistência ao
autoritarismo, à misantropia e ao aprofundamento calculado e acelerado da
crise”, justificou o ex-ministro das Finanças grego.
Presidente
do parlamento diz que a votação violou Constituição e democracia
Zoe
Konstantopoulou escreveu uma carta ao primeiro-ministro e ao Presidente da
República a denunciar o “violento ataque à democracia” e a pedir-lhes que o
denunciassem junto dos seus homólogos europeus. Os 1008 artigos do código civil
e os 130 da diretiva da resolução bancária foram distribuídos aos deputados com
menos de 24 horas de antecedência e englobados em apenas dois artigos, para
forçar a discussão e votação em bloco, impedindo alterações na sequência do
debate.
“Os
ministros estão a ser obrigados a apresentar legislação com a qual não
concordam, para que possa ser aprovada por deputados que também não concordam
com ela, sob a ameaça de uma bancarrota desordenada”, acusa a presidente do
parlamento grego, considerando a situação inaceitável no quadro da União
Europeia. Zoe Konstantopoulou voltou a votar contra as medidas e irá reunir
esta quinta-feira com Alexis Tsipras na sede do governo.
Tsipras:
“A Europa não é a mesma que era a 12 de julho”
Alexis
Tsipras interveio no parlamento para garantir que as
primeiras residências não serão objeto de despejo e leilão por parte
dos bancos com as novas normas exigidas pelos credores no código civil grego.
Num discurso em que não mostrou nenhum entusiasmo com as propostas em debate,
Tsipras falou da “vitória de Pirro” das forças conservadoras europeias na
cimeira europeia e disse estar orgulhoso da batalha travada desde janeiro.
“A
Europa não é a mesma que era a 12 de julho”, prosseguiu Tsipras, sublinhando
que agora já não se discute a necessidade de restruturar a dívida mas quão
fundo essa restruturação irá. “Somos obrigados a implementar um programa em que
não acreditamos”, repetiu o primeiro-ministro grego, prometendo tentar
encontrar medidas alternativas para compensar o efeito recessivo de cada medida
imposta pelos credores à população grega mais vulnerável.
Milhares
manifestaram-se contra o novo pacote imposto por Bruxelas
Como
aconteceu na anterior votação, sindicatos e organizações políticas da esquerda
grega voltaram a convocar protestos para o contro de Atenas, convergindo em
frente ao parlamento. Ali estiveram representadas as centrais sindicais ADEDY e
PAME, partidos, movimentos sociais e coletivos anarquistas.
A
manifestação dispersou depois de algumas pessoas terem lançado coktails molotov
e garrafas à polícia de choque, que respondeu com gás lacrimogéneo. Ao
contrário da manifestação
da semana passada, desta vez os incidentes não se agravaram. Veja aqui
algumas imagens da manifestação.
InfoGrécia
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