“Ao
contrário do que publicitou a CMVM, nunca houve entrada de dinheiro da Holdimo
ou de mim próprio na compra de acções da SAD do Sporting", afirma o
empresário angolano.
O
empresário Álvaro Sobrinho, ex-presidente não executivo do BES Angola, negou
neste sábado “peremtória e categoricamente” que tenha feito “qualquer
investimento direto” na SAD do Sporting, de que é o principal acionista
individual. Em comunicado, Álvaro Sobrinho acusa ainda a Comissão do
Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de evidenciar uma “atitude de
parcialidade reiterada” contra si.
“É
peremtória e categoricamente falso que eu, Álvaro Sobrinho, ou a Holdimo, da
qual sou acionista, na qualidade de acionista da Holdimo, tenhamos feito
qualquer investimento directo na SAD do Sporting”, escreve o empresário,
reagindo a “notícias publicadas nas últimas 24 horas” sobre a existência de
“uma eventual investigação da CMVM” a alegados investimentos na SAD dos “leões”.
“Ao
contrário do que publicitou a CMVM, nunca houve entrada de dinheiro da Holdimo
ou de mim próprio na compra de acções da SAD do Sporting. A CMVM sabe que foi o
Sporting Clube de Portugal que propôs a entrada da Holdimo no capital social da
SAD, numa operação que na altura a Entidade Reguladora aprovou sem qualquer
reserva”, refere ainda.
No
comunicado, o empresário sustenta que há por parte do regulador “uma atitude de
parcialidade reiterada” em relação a si, apontando a circunstância de já no passado
o regulador ter questionado erradamente a regularidade da sua participação
noutros negócios.
“Ora,
a mesma exigência nunca foi feita pela CMVM em relação, por exemplo, a outros
grupos de comunicação social em que coexistem participações qualificadas de
fundos de quem não se conhece rosto”, observou.
A
CMVM esclareceu na sexta-feira que “estão em curso e serão realizadas as
diligências necessárias” relativamente a operações financeiras no âmbito de
“sociedades anónimas desportivas”, nomeadamente envolvendo Álvaro Sobrinho,
principal acionista individual da Sporting SAD.
O
esclarecimento foi prestado pelo gabinete da instituição presidida por Carlos
Tavares, em resposta a uma pergunta do deputado do PSD Duarte Marques sobre se
“os movimentos financeiros e investimentos feitos” pelo ex-presidente não
executivo do BESA “mereceram da parte da Comissão do Mercado de Valores
Mobiliários (CMVM) algum rastreio no que diz respeito à origem desses
capitais”.
“No
âmbito das atribuições da CMVM e em articulação, designadamente, com o Banco de
Portugal, estão em curso e serão realizadas as diligências reputadas
necessárias e adequadas ao apuramento da origem e ao acompanhamento das
operações financeiras referenciadas nas perguntas feitas pelo senhor deputado”,
pode ler-se na resposta.
Nos
esclarecimentos, a CMVM especifica que do âmbito das suas competências “não se
excluem as operações financeiras e investimentos realizados em Portugal pelo
Dr. Álvaro Sobrinho ou por empresas detidas ou geridas pelo referido ex-Presidente
do BESA, sempre que se venha a revelar pertinente a aferição da origem,
condições de obtenção e movimentos de capital”.
“Sobretudo
quando tais tenham por fonte ou se destinem a financiar o recurso ou
investimento em mercado de capitais. Neste contexto, a CMVM acompanha também a
atividade das sociedades abertas, incluindo as que assumem a forma de
sociedades anónimas desportivas (as ‘SAD’), com o especial propósito de
salvaguardar que atuam em conformidade com as regras previstas no Código dos
Valores Mobiliários (“Cód. VM”) e com a legislação conexa aplicável”, informam
ainda, sem nunca referir a Sporting SAD.
Após
a divulgação da contratação do treinador Jorge Jesus pelo Sporting, no início
de junho, Álvaro Sobrinho, o maior acionista individual da SAD ‘leonina’ foi
apontado pela imprensa como estando envolvido no financiamento da operação.
No
final de junho, em esclarecimento prestado à eurodeputada socialista Ana Gomes,
a CMVM já tinha confirmado estar a “apurar o cumprimento dos deveres de
diligência” por parte da Sporting SAD relativamente ao apuramento da origem do
financiamento do clube para a época 2015/2016.
A
carta assinada pelo presidente da CMVM, Carlos Tavares esclarece que a Sporting
SAD encontra-se “sujeita à supervisão da CMVM, designadamente no que diz
respeito ao cumprimento dos deveres de prestação de contas, participações
qualificadas e informação privilegiada”.
Lusa
em Observador
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