Continuação
da detenção dos ativistas angolanos, foi considerada esta sexta-feira (23.10)
de "arbitrária" pelo relator especial das Nações Unidas sobre a
situação dos Defensores dos Direitos Humanos, Michel Forst.
Nesse
sentido, o relator da ONU instou as autoridades angolanas a libertar os ativistas,
que se encontram presos desde junho passado sob a acusação de tentativa de
golpe de Estado e de preparação de um atentado contra o Presidente angolano
José Eduardo dos Santos.
Entre os detidos encontra-se o músico luso-angolano Luaty Beirão, que entrou no 33.º dia de greve de fome de protesto pela manutenção da detenção mesmo depois dos prazos legais já se terem esgotado.
Entre os detidos encontra-se o músico luso-angolano Luaty Beirão, que entrou no 33.º dia de greve de fome de protesto pela manutenção da detenção mesmo depois dos prazos legais já se terem esgotado.
A
este respeito, Michel Forst disse estar preocupado com estado de saúde dos
detidos que entraram em greve de fome para protestar e com as condições de
detenção.
"A
defesa e a promoção dos direitos humanos tornou-se uma atividade altamente
perigosa em muitos países", sublinhou.
O
relator especial acrescentou que além de ser totalmente legítima de acordo com
as obrigações de Angola ao abrigo da legislação dos direitos humanos, as
críticas à governação feitas pelos ativistas detidos "é essencial para o
debate livre e público necessário à uma sociedade civil saudável no país".
"Na qualidade de enviado independente do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre Defensores dos Direitos Humanos, apelo a que todas as acusações sejam retiradas e que os ativistas sejam imediatamente libertados", disse o relator especial da ONU, Michel Forst.
"Na qualidade de enviado independente do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre Defensores dos Direitos Humanos, apelo a que todas as acusações sejam retiradas e que os ativistas sejam imediatamente libertados", disse o relator especial da ONU, Michel Forst.
Advogado
responsabiliza Justiça angolana pelo futuro de Luaty Beirão
O
advogado de Luaty Beirão, sob detenção e em greve de fome há 33 dias em Luanda,
admitiu esta sexta-feira (23.10) que a Justiça terá responsabilidade no que
acontecer ao ativista angolano, pela morosidade com que o processo está a ser
tratado.
Em
entrevista à agência de notícias Lusa, em Luanda, Luís Nascimento apontou em
concreto o facto de o Tribunal Supremo estar para decidir, há 22 dias, um
pedido de 'habeas corpus' para libertação dos 15 jovens ativistas acusados de
preparação de uma rebelião e de um atentado contra o Presidente angolano -
incluindo Luaty Beirão -, alegando excesso de prisão preventiva.
O
advogado, que juntamente com o colega Walter Tondela defende 13 dos 17 arguidos
neste processo - duas jovens estão em liberdade provisória -, recorda tratar-se
do segundo 'habeas corpus' (o primeiro foi indeferido) interposto, recurso que,
contrariamente a prazos de oito dias noutros países, não tem tempo limite de
decisão em Angola.
"O processo ['habeas corpus'] é célere, mas não tem prazos. Preocupa-nos sobretudo pelo estado do Luaty, e a sua greve de fome, porque contámos muito que uma decisão do Tribunal Supremo possa beneficiar a sua situação, paralisar a sua greve de fome. Os médicos dizem que ele está estável, mas que de um momento para o outro pode acontecer uma desgraça", apontou Luís Nascimento.
"O processo ['habeas corpus'] é célere, mas não tem prazos. Preocupa-nos sobretudo pelo estado do Luaty, e a sua greve de fome, porque contámos muito que uma decisão do Tribunal Supremo possa beneficiar a sua situação, paralisar a sua greve de fome. Os médicos dizem que ele está estável, mas que de um momento para o outro pode acontecer uma desgraça", apontou Luís Nascimento.
Além
da ausência de decisão sobre o segundo 'habeas corpus', que deu entrada a 30 de
setembro e que foi esta quinta-feira (22.10) alvo de nova exposição dos
advogados ao presidente do Supremo- alegam o excesso de prisão preventiva e que
o crime de que estão acusados permite a liberdade provisória, eventualmente com
o pagamento de caução -, Luís Nascimento aponta a morosidade do Tribunal
Constitucional (TC).
Segundo pedido de "habeas corpus"
Em causa, explicou, está o recurso do indeferimento (pelo Supremo) do primeiro 'habeas corpus' para o TC, em que o juiz despachou com data de 08 de outubro no sentido de a defesa apresentar, em dez dias, as alegações, mas a decisão só foi comunicada aos advogados ao fim de 11 dias.
Segundo pedido de "habeas corpus"
Em causa, explicou, está o recurso do indeferimento (pelo Supremo) do primeiro 'habeas corpus' para o TC, em que o juiz despachou com data de 08 de outubro no sentido de a defesa apresentar, em dez dias, as alegações, mas a decisão só foi comunicada aos advogados ao fim de 11 dias.
"Nesta
situação, que é conhecida de todos, de greve de fome, infelizmente tenho de
dizer que a Justiça tem responsabilidades [no que acontecer a Luaty Beirão].
Não se justifica tanto tempo, na mesma cidade, o escritório fica a passos, há
meios de comunicação. Não podemos dizer que não há responsabilidades",
afirmou Luís Nascimento, assumindo a "pressão legítima" que tentam
fazer para que "se decida alguma coisa" nos dois tribunais de
recurso.
Petição
questiona quando vai Portugal censurar repressão em Angola
A
promotora de uma petição sobre a "repressão dos direitos humanos" em
Angola questionou esta sexta-feira (23.10) o Governo português sobre quando
tomará uma posição de censura à opressão do executivo angolano.
Vanessa Rato, jornalista, falava à imprensa após ter entregado uma petição que lançou na Internet há quatro dias e que juntou cerca de 9.000 assinaturas em que sai sobretudo em defesa do ativista luso-angolano Luaty Beirão, em greve de fome há 33 dias, e dos restantes detidos em junho por alegada tentativa de derrubar o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
A petição, encimada pelo filósofo e ensaísta José Gil e pelo escultor João Chaves, foi entregue esta sexta-feira pelos três ao chefe de gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros português, António Moniz, que não respondeu à questão essencial levada pelos peticionários.
Vanessa Rato, jornalista, falava à imprensa após ter entregado uma petição que lançou na Internet há quatro dias e que juntou cerca de 9.000 assinaturas em que sai sobretudo em defesa do ativista luso-angolano Luaty Beirão, em greve de fome há 33 dias, e dos restantes detidos em junho por alegada tentativa de derrubar o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
A petição, encimada pelo filósofo e ensaísta José Gil e pelo escultor João Chaves, foi entregue esta sexta-feira pelos três ao chefe de gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros português, António Moniz, que não respondeu à questão essencial levada pelos peticionários.
"Já
sabemos da alegada existência de esforços diplomáticos, de bastidores, que não
podem ser divulgados. Mas o que queremos saber agora é quando o Governo
português vai censurar publicamente a atitude opressiva e repressiva do Governo
angolano sobre Luaty Beirão e restantes ativistas políticos do regime. Quando
virá essa reprovação e quando haverá uma tomada pública de posição",
afirmou Vanessa Rato.
AR/LUSA
– Deutsche Welle
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