sábado, 17 de outubro de 2015

Relatora Especial da ONU: “SITUAÇÃO DA JUSTIÇA GUINEENSE É TRISTE E TERRÍVEL”



A Relatora Especial das Nações Unidas sobre a Independência de Juízes e Advogados, disse esta sexta-feira 16 de Outubro que a “situação da justiça guineense é triste, terrível, e consistente com a situaçâo do país”. Mônica Pinto, acrescentou que alguns sintomas da administração de justiça conduzem a um quadro “grave” porque não chega para toda gente.

Falando numa conferência de imprensa realizada na UNIOGBIS para fazer observações preliminares no final da sua visita oficial a Guiné-Bissau sobre independência dos juizes e advogados, Mônica Pinto assegurou que a justiça guineense é “muito cara” e as pessoas  não tem condições para pagar as taxas exigidas e a dispensa de pagamento é raramente concedida pelos juizes, porque não há um sistema de patrocínio gratuito do Estado.

“Os promotores e a Polícia judiciária não têm acesso a meios de investigação mais sufisticados de prova testemunhal e documental. País carece de instituições as quais se possa solicitar diligências tais como ADN e escuta telefónica” notou.

Esta responsável da ONU disse ainda que apesar da Guiné-Bissau ter aprovado várias normas para implementar seus compromissos internacionais, por exemplo, leis sobre a violência doméstica, a mutilação genital feminina, não poderá haver resultados sem uma campanha séria de sensebilização a respeito.

“A independência dos juízes e promotores do Ministério Público não é uma perrogativa, mas sim é um dever de realizar justiça, independentemente de condições de qualquer índole, materiais ou ideológicas. Esta independência requer consagração constitucional e consistente na determinação de forma clara de nomeação de procedementos disciplinares com fundamentos específicos, estabilidade no cargo e intangibilidade da remuneração” notou a especialista da NU.

A Relatora Especial das Nações Unidas lembrou a importancia dos advogados no contexto da democracia e do Estado de direito, defendendo a “elaboração de código deontológico que deveria ter participação de seus profissionais, da faculdade de direito e dos tribunais.”

A Relatoria Especial de Conselho de Direitos Humanos da ONU foi criada em 1994 e visa ter uma análise das forças e debilidades da independência e imparcialidade dos juizes, procuradores e advogados em todo mundo e de promover o desenvolvimento progressivo dos direitos humanos.

Aguinaldo Ampa – O Democrata

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