O
MPLA, no poder desde 1975, anunciou hoje que pretende levar em 2015 ao
Parlamento (onde tem uma maioria de sipaios à ordem do líder supremo) um plano
com as tarefas necessárias à realização das primeiras eleições autárquicas no
país.
Orlando
Castro – Folha 8 Diário
A
informação consta de uma nota divulgada pela Direcção do partido, a propósito
da apresentação da agenda política para este ano, que teve lugar na cidade do
Cuito, na província do Bié, em cerimónia orientada pelo vice-presidente do
MPLA, Roberto de Almeida.
No
documento, o partido afirma que através do seu grupo parlamentar prevê submeter
à Assembleia Nacional uma sequência de tarefas que para o MPLA são essenciais
para realizar com êxito as eleições gerais e autárquicas.
Serão
tarefas duplas. Uma para matumbo ver e que se pretende com a forma de mascarar
o regime autocrático com o rótulo de democracia, e que merecerá todas as
parangonas nos megafones que domina, casos da TPA, RNA, Angop e Pravda. A
outra, aconchegada nos meandros dos gabinetes monárquicos, visa preparar a
máquina partidária para esmagar a Oposição.
Entre
as tarefas, na versão oficial, contam-se a realização de um diagnóstico sobre o
estado actual dos recursos humanos, financeiros, infra-estruturas e outros
necessários à implementação das autarquias locais, a discussão e a adopção da
legislação sobre a Administração Local do Estado e sobre o Poder Tradicional,
ou ainda a delimitação territorial, “definindo correctamente” os limites de
cada circunscrição autárquica.
Só
aqui, para além de satisfazer as papalvos internos e os cépticos externos, está
um caderno de encargos que dá para tudo, até mesmo para chutar as eleições para
as calendas.
Será
também necessário, diz o MPLA, realizar a “discussão e a adopção da legislação
de suporte” à realização das eleições gerais – estas previstas para 2017 -, mas
também “avaliar o potencial de arrecadação de receitas pelos municípios” e
promover a “discussão, a adopção e a implementação urgente da legislação sobre
as comissões de moradores”.
Por
este andar o MPLA cumprirá a sua promessa de eleições autárquicas no mesmo ano
em que, tanto quanto parece, conseguirá acabar com a fome no país. Ou seja,
daqui a 30 anos.
Outra
tarefa será concluir o estudo sobre a elevação das figuras territoriais das
“comunas” a municípios, entre outras medidas, em cumprimento das orientações –
como não poderia deixar de ser neste, e em qualquer outro, reino divino – do
Presidente José Eduardo dos Santos, igualmente líder do partido, igualmente
chefe do Governo, igualmente dono disto tudo, sobre a preparação destas
primeiras eleições autárquicas no país.
Entre
outras acções e tarefas “principais” da agenda política do MPLA para o ano de
2015, além do tema das eleições autárquicas, está previsto ainda “o estudo e a
materialização”, junto dos militantes, das teses e recomendações do V Congresso
Extraordinário do partido, realizado em Dezembro.
Teses
essas que, em resumo, dizem que para se ser angolano é obrigatório ser do MPLA. Por alguma coisa vinga a máxima “O MPLA é Angola, Angola é o MPLA”.
Reforçar
o trabalho de formação e de capacitação “político-ideológica dos militantes,
quadros e dirigentes” do partido e estimular a implementação do Plano Nacional
de Formação de Quadros, figuram igualmente da agenda do MPLA para este ano.
Trata-se
de apostar forte na educação patriótica, no culto canino ao líder divino,
obrigações solenes de todos aqueles que aspiram a um prato de pirão.
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