segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

OS PRÓXIMOS PASSOS EM ATENAS




Novo governo poderia anular rapidamente medidas de “austeridade”. Falcões europeus cogitam, em represália, sabotar bancos gregos. Em choque democracia e poder dos mercados

Paul Manson – Outras Palavras -  Tradução: Cauê Seignemartin Ameni

O partido de extrema esquerda Syriza conquistou 149 das 300 cadeiras no parlamento grego, e formará uma coalizão para assumir o governo. O acordo foi feito com os 13 parlamentares dos Gregos Independentes, aprovando um governo liderado por Alexis Tsipras. Uma coalizão da extrema esquerda com um grupo de conservadores nacionalistas dissidentes pode parecer estranha – mas esta é a Grécia: uma democracia caótica na fronteira entre Europa e Ásia, mergulhada na miséria ditada pela austeridade promovida pelo FMI e União Europeia.

Havia alívio e preocupações, ontem, entre os apoiadores de Tsipras. Muitas das pessoas que comemoram dançando e aplaudindo ontem, na tenda do partido, eram apoiadores internacionais – do movimento espanhol Podemos, do Bloco de Esquerda em Portugal e de todos os grupos que promoveram protetos do tipo “Occupy”, nos últimos cinco anos.

Entre os veteranos do partido grego, havia um reconhecimento estarrecido de que tudo o que tinham sonhado ao longo de uma vida de protestos, greves, petições ou grupos de estudo dedicados aos escritos de Antonio Gramsci estava se tornando realidade.

Significa em primeiro lugar, que a estratégia do FMI/UE para lidar com as consequências da crise de 2008 está em fragalhos. Ela destruiu o centro político na Grécia: primeiro forçando os líderes partidários a se submeter às políticas de “austeridade”, em seguida, concordando que esse políticos retomassem seus tradicionais jogos de politicagem, clientelismo e acordos duplos.

Assim formou-se a convicção, nas mentes não apenas dos jovens, mas também da classe média moderada, de que o país tinha sido abandonado: a queda de 25% nos salários reais e os 50% de desemprego entre os jovens foram apenas o começo.

Agora, há um déficit democrático no coração da zona do euro. Um país votou contra a estratégia da maioria e só pode ser forçado a se curvar se o Banco Central Europeu (BCE) disparar propositalmente o gatilho e provocar o colapso dos bancos gregos. Sem consenso, a estratégia econômica da zona do euro só pode provocar a destruição.

O plano da equipe de economistas do Syriza é extremamente claro: deixarão de negociar com a Troika (a tríade composta por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI, que executa o programa de austeridade). Irão tratar, como um país soberano, com cada instituição separadamente. Argumentam que a própria Troika é ilegal.

Portanto, há uma possibilidade real de que Tsipras anule o programa de austeridade esta semana e de que os falcões do BCE – que atuam a partir da Alemanha – ameacem retirar o Crédito de Emergência Assistencial que mantêm os bancos gregos à tona. Nesse exato instante, os economistas do partido estão tentando mobilizar apoio político para evitar isso – junto ao presidente francês François Hollande, o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi e, segundo me disseram, o ministro das Finanças britânico George Osbome. Vamos ver.

Enquanto isso, não se engane: estão em jogo a democracia e a soberania popular na zona do euro.

Sim, o pessoal do Syriza gosta de cantar o hino da esquerda italiana, Bandiera Rossa; mas se você pudesse ver o rosto dos jovens quando cantam o hino da ELAS, o movimento de resistência que derrotou as tropas nazistas em 1944, você entenderia o que impulsiona o esquerdismo aqui.

Tsipras costurou uma aliança de 12 grupos de extrema esquerda, convertendo-a num partido credível: aprendeu a governar em dois anos como oposição parlamentar; incorporou jovens conselheiros tecnocráticos do Pasok, o partido social-democrata em ruínas, e moderou suas políticas.

O confronto com o BCE/FMI não vai se dar em torno desta ou daquela política de esquerda, mas sobre a soberania.

Isso que fez com que o Syriza saltasse de 2 pontos percentuais de vantagem, em 7 de janeiro, para 8% noite passada. O Banco Central Europeu, o FMI e a elite grega entregaram a Tsipras a oportunidade de formar o primeiro governo verdadeiramente de esquerda na Europa desde a Espanha, em 1936. Ele aproveitou a chance. Quando me aproximei dele noite passada, Tsipras parecia a pessoa mais calma da Grécia.

Adendo

Espectadores perspicazes que assistem a mídia grega terão visto que, quando eu tentei fazer uma pergunta à “número dois” do Syriza, Rena Douro, ela me agarrou pelas orelhas e me beijou. Eu gritei “Quanto tempo, desde a Praça Syntagma!” porque quando a entrevistei pela primeira vez ela era uma manifestante enlameada, tentando respirar em meio de bombas de gás lacrimogêneo.

Como ela é a prefeita de Attica, a região onde está sitada Atenas, este é, para um jornalista inglês, o equivalente grego a ser beijado por Boris Johnson, prefeito de Londres.

Insisti com a pergunta: “E agora? Como você governará?” Douro respondeu simplesmente “Obrigado por estar aqui”.

Foi um pouco estranho para os outros 50 membros da imprensa com microfone em punho que não foram beijados bem na frente de cerca de 100 câmeras — por isso pensei que seria melhor contar sobre ele…

Na foto: Alexis Tsipras, 40 anos, líder do Syriza e novo primeiro-ministro grego. Programa mais moderado, para atrair maiorias — porém sem concessões aos tecnocratas do Banco Central Europeu

Angola: MAUS TRATOS NA CADEIA DE CABINDA TERMINAM EM MOTIM




A cadeia central do Yabi, em Cabinda, viveu nesta segunda-feira (26.01) um motim que originou dezenas de feridos. Também alguns presos se evadiram. Maus tratos e falta de comida estão na origem da rebelião.

Os mais de 300 reclusos rebelaram-se nesta segunda-feira (26.01) contra as autoridades devido a constantes maus tratos e à escassez de alimentos naquela unidade penitenciária, de acordo com informações colhidas pela DW África no terreno.

Os reclusos rebentaram os portões da prisão e alguns deles evadiram-se. A situação levou a intervenção das forças de segurança que alvejaram alguns reclusos. Também há registo de feridos graves.

Não há ainda qualquer informação sobre perdas humanas, tal como confirma o ativista cívico do enclave de Cabinda, Francisco Luemba, que acompanha de perto o caso: "Pouco mais de 300 recluso participaram nessa amotinação porque estão ofendidos. Nas últimas semanas têm passado fome, não há comida e têm sido submetidos a maus tratos."

Ainda de acordo com Luemba, eles "amotinaram-se, tiraram os portões da cadeia e sairam. A guarda da unidade penitenciária, certamente a equipa que estava de serviço e uns agentes da Polícia de Intervenção Rápida dispararam contra os amotinados, houve vários feridos."

Na cadeia, uma cama para três ou quatro reclusos

Sobre esta situação a Ordem dos Advogados de Angola (OAA) diz ter ficado profundamente preocupada, argumentado que estão a ser violados os direitos humanos naquela unidade penitenciária.

O presidente do conselho provincial da Ordem dos Advogados em Cabinda, Arão Tempo, descreveu a situação no terreno como de “extremamente grave”.

E Tempo revela: "Aqui em Cabinda, de facto, o que ocorre é que as condições são desumanas, porque numa só cama é capaz de dormir três ou quatro reclusos porque aquilo está superlotado. Assim não se pode dignificar a própria condição humana lá nas cadeias."

O presidente do conselho provincial da OAA prossegue explicando como funciona o revesamento: "Há os que dormem e outros que estão acordados, e quando alguns acordam os que estão a aguardar ocupam o lugar para também poderem dormir e assim sucessivamente."

OAA promete averiguar 

O presidente do conselho provincial da Ordem dos Advogados de Cabinda, adiantou, por outro lado, que aquela instituição já redigiu uma carta com o intuito de exigir esclarecimentos junto das autoridades locais e manifestou a intenção da Ordem dos Advogados deslocar-se a cadeia central do Yabi, para averiguar o caso.

"Estou agora a redigir documentos para que o procurador provincial, que tem o poder de fiscalização da prisão, e também o comandante da Polícia que autorize o conselho provincial da Ordem dos Advogados dirigir-se in locopara se inteirar de toda e qualquer situação que ocorreu lá na cadeia."

Até ao momento as autoridades políciais ainda não se pronunciaram sobre o sucedido. A DW África tentou obter uma reação junto do comandante geral da Polícia Nacional, o comissário-geral Ambrósio de Lemos, mas este não atendeu os nossos telefonemas.

Nelson Sul D’Angola (Benguela) – Deutsche Welle

“ZUNGUEIRAS” ENFRENTAM CONDIÇÕES DESUMANAS NAS PRISÕES ANGOLANAS




O governor de Luanda lançou uma operação contra as vendedoras ambulantes na cidade. Mas há denúncias de condições desumanas para as que são presas, onde homenes, mulheres e crianças partilham o mesmo espaço.

A Polícia de Nacional de Angola está a prender na mesma cela cerca de 50 pessoas, juntando homens, mulheres e bebés, no âmbito de uma operação lançada contra vendedoras ambulantes de Luanda, também conhecidas por "zungueiras" no país.

No fim-de-semana passado foram presas cercas de trinta vendedoras com as crianças e mais de 15 senhoras presas durante na quarta-feira (29.01).

As "zungueiras" partilham apenas uma cela no Posto Policial do Marçal, com os outros presos e bebés recém-nascidos, que segundo o fundador do site Maka Angola, Rafael Marques de Morais, são trazidos às mães: "A própria polícia pede aos familiares que levem os bebés para as mães amamentá-los ao invés de libertá-las para que possam amamentar os seus filho."

As vendedoras estão a ser presas e libertadas ao final de 72 horas. Mas, segundo um jovem ativista, João, a polícia também está a cobrar dinheiro das "zungueiras" para que não sejam presas, ou seja, subornos entre 2,000 a 5,000 kwanzas (entre 15 e 40 euros).

"Umas estão a pagar para sairem e algumas estão mesmo a ser levadas para a unidade de Massau. Elas estão a pagar entre 2 mil a 5 mil Kwanzas. Pelas crianças que vi aqui no domingo de manhã havia mais de 10 menores de dez anos, havia bebés de 6, 7 e 8 meses", afirma João (que não quer ser identificado).

Polícia rouba e extorque

O ativista da Maka Angola, Rafael Marques de Morais, diz que não é só isso que está a acontecer na rua, a polícia também está a ficar com os bens das "zungueiras" para o seu benefício próprio.

A operação de combate às "zungueiras", foi iniciado pelo governador de Luanda, Bento Bento e está a ser denunciada pelo site Maka Angola, como ilegal.

Mas o ativista acrescenta que o motivo alegado pelo governo de Luanda para a operação - a melhoria do aspeto da cidade - não sofreu alterações: "Estamos perante casos inequivocos de extorsão por parte da Polícia Nacional e nenhuma dessas medidas visa dar uma melhor imagem da cidade de Luanda ou combater o lixo."

Para já, as "zungueiras" estão a ser libertadas ao final de três dias, após serem fotografadas e registadas e sob a ameaça de que, se forem presas novamente, serão transferidas para a Cadeia de Viana e terão de responder em tribunal por crime de desobediência.

Ilegalidades

Rafael Marques de Morais considera que essa ameaça é apenas mais uma ilegalidade em todo o processo.

"Esta medida também é ilegal, elas não podem ser postas na cadeia de Viana apenas por crime de desobediência. A prisão tem de ser tipificada a luz da legislação angolana. E qual é a desobediência delas? É porque estão a tentar sobreviver?"

Por seu turno, Salvador Freire, presidente da Associação Mãos Livres, disse que as detenções de homens e mulheres na mesma sala era um "acto repudiável" e ilegal, uma vez que se as vendedoras não são acusadas de terem cometido um crime, então "mantê-las na cadeia e fotografá-las são atos de ilegalidade".

"Zungueiras", contribuintes?

De lembrar que em novembro passado o diretor-geral adjunto do Instituto de Formação de Finanças Públicas (INFORFIP) de Angola, José Magro, ressaltou a importância da segurança social abranger um maior número de contribuintes, num país onde o mercado de trabalho informal está em expansão.

Magro não se esqueceu das "zungueiras" e da sua difícil condição: "É necessário que também a Segurança Social tenha um maior leque de contribuintes, nomeadamente as "zungueiras", que não têm qualquer proteção social..." 

Sofia Diogo Mateus / Lusa – Deutsche Welle, em 31.01.2015

Velhos desentendimentos persistem no diálogo entre Governo moçambicano e RENAMO




Governo e RENAMO voltaram a não registar progressos esta segunda-feira (26.01) na primeira ronda de negociações, após a tomada de posse do novo executivo. O desarmamento da RENAMO continua a ser o ponto de discórdia.

As delegações negociais do Governo e da RENAMO, o maior partido da oposição, mantêm o braço de ferro no debate relacionado com o desarmamento e integração dos homens armados da RENAMO nas Forças Armadas de Defesa e Segurança.

Este partido insiste na aprovação prévia do modelo de integração dos seus homens armados residuais como condição para entregar as suas listas.

Saimone Macuiane é o chefe da delegação da RENAMO nas negociações: "É nosso desejo ver os nossos oficiais que estão nas Forças Armadas ocuparem cargos importantes ao nível das Forças Armadas de Defesa de Moçambique."

Por sua vez, o chefe da delegação do Governo, José Pacheco, afirmou que a direção e chefia no sistema moçambicano tem como base o princípio da meritocracia.

Sublinhou que um dos desafios, do qual a RENAMO faz parte, é criar em Moçambique um Estado não partidário. "Se embarcarmos num processo de confiar tarefas de comando de forma representativa dos partidos estaremos a ter forças armadas partidárias, o que viola a Constituição da República, a legislação que cria as Forças de Defesa e Segurança no seu todo."

José Pacheco considerou ainda que a RENAMO ao protelar o processo de desarmamento dos seus homens está a retirar a oportunidade destes poderem usufruir dos benefícios que resultariam da sua integração no Exército, na Polícia ou da sua reinserção social.

RENAMO otimista quanto ao desfecho

Saimone Macuiane, da RENAMO, acredita, no entanto, que as duas partes vão alcançar um consenso. "Ainda não há consenso em relação a um modelo de integração e enquadramento, mas tudo faremos para que possamos ter uma solução positiva em nome da paz e estabilidade sobre essas matérias."

Recorde-se que esta é a primeira ronda negocial entre o Governo e a RENAMO após a tomada de posse do executivo chefiado pelo novo Presidente, Filipe Nyusi.

José Pacheco, do Governo, disse que Nyusi deu o aval para prosseguir o diálogo.

"O novo Governo já está a trabalhar e um dos aspetos que estava em agenda é como lidar com os interesses nacionais, à volta da inclusão e participação dos cidadãos. Havia em carteira o diálogo político entre o Governo e o partido RENAMO, o Presidente Filipe Jacinto Nyusi promulgou a continuidade do diálogo de acordo com a agenda que nós temos."

A presente ronda negocial acontece numa altura em que estão em curso iniciativas para garantir a paz e estabilidade no país, depois da crise que se seguiu às recentes eleições gerais cujos resultados não são reconhecidos pela RENAMO.

Uma missão de mediadores nacionais nas negociações reuniu-se na semana passada em separado com o atual Presidente, Filipe Nyusi, com o Presidente cessante, Armando Guebuza, e com o líder da RENAMO, Afonso Dlakhama.

Mediadores em mais um desentendimento

Um dos mediadores, Dom Dínis Sengulane, revelou que ambos os lados estão comprometidos com o diálogo.

Ele considerou, igualmente, que existem condições para as partes apresentarem as suas preocupações na mesa de diálogo.

O líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama, está a realizar uma digressão por diversas províncias do país, onde tem orientado concorridos comícios para anunciar o seu projeto de criação de um Governo de gestão.

Dhlakama ameaça criar um governo autónomo no centro e norte do país, lugares onde obteve a maioria dos votos, caso o Governo não aceite as suas exigências.

O partido no poder, a FRELIMO, já reagiu afirmando que estas exigências são inconstitucionais e anti-democráticas e visam criar a anarquia no país.

Caso Governo-RENAMO passa ao Parlamento?

O chefe adjunto da delegação do Governo, Gabriel Muthisse, tinha admitido recentemente que o diálogo poderia prosseguir ao nível do Parlamento. De lembrar que os deputados da RENAMO boicotaram a investidura deste órgão. Nele estão em atividade os deputados da FRELIMO, com maioria, e do MDM, com o menor número de assentos.

Fora o desarmamento da RENAMO e integração dos seus homens armados no Exercito, existem ainda dois pontos em discussão: a despartidarização da função pública e questões económicas.

Leonel Matias (Maputo) – Deutsche Welle

Moçambique: BRINCADEIRAS NO FIO DA NAVALHA



Verdade (mz) - Editorial

Mal nos curámos da tensão político-militar recém-terminada, e já a situação política moçambicana está a tornar-se difícil, com sinais de sair do controlo. Estamos prestes a ficar por um fio e mais receosos de que o pior possa acontecer a qualquer altura.

O decurso do nosso estado político é caracterizado por lamúrias e gritaria de um só lado. Nem Armando Guebuza, presidente da Frelimo, nem Filipe Nyusi, na qualidade de Presidente da República, dão ouvidos a Afonso Dhlakama, cuja propensão para o radicalismo e extremismo parece até certo ponto doentio. E cá temos as nossas dúvidas em relação a um possível encontro entre estas duas figuras com o líder da Renamo, principalmente nos moldes em que este exige tal frente a frente.

Guebuza, por exemplo, é um homem que precisa de ser bastante friccionado para ceder a um encontro com Dhlakama. Vimos isso há meses. Ele é outro que gosta de ver as coisas a atingirem um estágio de impaciência, para além de ter também um pendor de provocação. Há dias ele disse, referindo-se à Renano, que o seu partido obteve "uma vitória estrondosa" nas últimas eleições gerais e derrotou "os profetas da desgraça".

Sobre Nyusi há, por enquanto, muito pouca coisa há por dizer. Na sequência de várias reivindicações inerentes ao último processo eleitoral e ameaças que levaram a não tomada de posse pelos membros da Renamo, na semana passada, Afonso Dhlakama determinou sete dias para o Governo atender à sua exigência de se formar um governo de gestão porque, caso contrário, o partido de que é líder iria transformar o país numa situação de ingovernabilidade.

No domingo, Dhlakama, que a todo o custo procura estar na boca das pessoas e nos média nacionais e internacionais, manteve a pele e mudou o disco: “Já estamos a abandonar a possibilidade de constituirmos um governo de gestão". Estas são ameaças que se equiparam a brincadeiras no fio da navalha.

E depois de passar dias a choramingar por alegar que não reconhecia Filipe Nyusi como Presidente da República nem a legitimidade da máquina administrativa por ele formada, Dhlakama caiu em si e admitiu que, uma vez formado o Executivo, já não faz sentido o refrão: “gestão, gestão, gestão”.

Para evitar que se pense que ele esgotou os argumentos das suas exigências, Dhlakama defende, agora, que Sofala, Manica Tete, Nampula, Zambézia e Niassa vão perfazer uma região autónoma da qual ele será dirigente. Esta política que a Renamo faz é, por um lado, cansativa e enjoa. Por outro, não passa de brincadeiras no fio da navalha. O receio do povo de acordar num país novamente coberto de guerra cimenta-se em cada pronunciamento da Renamo.

MNE timorense elogia novo PM moçambicano, ex-embaixador no país




Díli, 26 jan (Lusa) - O chefe da diplomacia timorense manifestou-se convicto de que o recém-empossado primeiro-ministro moçambicano saberá liderar, com dinamismo, competência e inteligência a agenda do complexo processo de desenvolvimento do seu país.

José Luis Guterres falava à Lusa em Díli onde regressou na semana passada depois de ter estado em Moçambique para a tomada de posse do novo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ato em que foi acompanhado por Carlos Agostinho do Rosário, que dias depois foi nomeado chefe do Governo.

"Em Moçambique temos amigos em todo o lado, em todos os escalões do poder e em todas as instituições. Mas foi com grande felicidade que vimos que o embaixador aqui em Timor e na Indonésia foi nomeado primeiro-ministro", disse.

"Quando fui à tomada de posse do novo Presidente foi ele que nos acompanhou mas ele nunca deixou sequer entender que isto poderia acontecer, que seria nomeado primeiro-ministro", disse.

José Luis Guterres, que viveu em Moçambique durante vários anos, afirmou que conhece o novo chefe do Governo moçambicano "há muitos anos", quando ainda era governador da Zambézia e, posteriormente, ministro da Agricultura.

"Ter sido nomeado primeiro-ministro é um reconhecimento das suas competências. É uma pessoa dinâmica, pragmática e com muitos conhecidos geopolíticos. Viveu muito tempo na Ásia e estou confiante de que vai ser um grande primeiro-ministro de Moçambique", disse.

O chefe da diplomacia timorense recordou que processos de desenvolvimento como os de Moçambique e Timor-Leste "são complexos e demoram tempo", recordando que os indicadores "dão Moçambique como um dos países em vias de desenvolvimento com dados mais positivos".

"Mas é um processo que demora anos. Com as riquezas e recursos humanos que possui, acredito que vai correr bem. O primeiro-ministro tem um trabalho que não vai ser fácil mas que com o dinamismo, a sua competência profissional e a sua inteligência, saberá agir", disse.

ASP // CSJ

Na foto: Carlos Agostinho do Rosário

PM timorense escreveu a membros do Governo a dizer quem fica ou sai




Díli, 26 jan (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, escreveu hoje a todos os membros do seu executivo a dizer se ficam ou não no novo Governo, informando os que saem que devem preparar-se para se demitir até 01 de fevereiro.

Fonte do executivo timorense disse à agência Lusa que as cartas "eram de dois tipos": para os que vão continuar no Governo, a pedir para se prepararem "para a nova estrutura", e os que saem, para que se preparem para a resignação "até 01 de fevereiro".

"O primeiro-ministro escreveu a todos os 55 membros do executivo. Uns para dizer que ficam, outros para dizer que saem", afirmou a fonte governamental.

A mesma fonte confirmou à Lusa que uma das pessoas que não vai fazer parte do novo executivo é a ministra das Finanças, Emilia Pires, que terá até, segundo outra fonte, formalizado já a sua demissão.

Posição idêntica terá tido também a vice-ministra das Finanças, Santina Cardoso, que apresentou a sua demissão a Xanana Gusmão.

Uma outra fonte do executivo avançou à Lusa que também o ministro dos Transportes, Pedro Lay, terá apresentado a sua demissão ao primeiro-ministro.

Hoje, o líder da Fretilin, Mari Alkatiri, disse à Lusa que membros do partido podem participar no próximo Governo, não em nome do executivo, mas de forma individual, como "elementos válidos" que podem contribuir para corrigir distorções.

Questionado sobre se existiram já convites a membros do partido, o líder do maior partido da oposição timorense disse que os convites "são a pessoas da Fretilin e não à Fretilin".

"Essa é a nossa contribuição. Exigir que o primeiro-ministro faça uma remodelação dentro do bloco [dos partidos que apoiam o Governo] é impossível, porque dentro do bloco o PM já encontrou os melhores. Não podemos dizer que tem que fazer remodelação, reduzir o Governo e depois dizer que nós continuamos fora. A Fretilin continua fora, mas (...) não podemos bloquear essa possibilidade de elementos válidos da Fretilin participarem", declarou.

ASP // ARA

Ministro do Petróleo e Recursos Minerais timorense sai no novo Governo




Díli, 26 jan (Lusa) - O ministro do Petróleo e Recursos Minerais timorenses, Alfredo Pires, é um dos governantes que deixa o executivo, no âmbito da reestruturação que o primeiro-ministro timorense vai realizar em fevereiro, confirmou hoje fonte do seu gabinete.

"Ficámos em choque. Não estávamos à espera desta decisão", comentou à agência Lusa fonte do seu gabinete.

Alfredo Pires foi um dos ministros que hoje recebeu uma das cartas de Xanana Gusmão a dizer se fica ou não no novo Governo, missivas que informam os que saem que devem preparar-se para se demitir até 01 de fevereiro.

A saída do ministro que dirige o setor mais importante de Timor-Leste - é responsável pela quase totalidade das receitas do país - causou "surpresa", tanto entre responsáveis de instituições do Governo ligadas ao setor, como de empresas petrolíferas ouvidas pela Lusa.

"Ninguém estava à espera", disse à Lusa fonte de uma das empresas do setor, considerando que Alfredo Pires era tido como um "interlocutor sério".

"Causou muita surpresa", disse outra fonte da Autoridade Nacional do Petróleo ouvida pela Lusa.

Fonte do executivo timorense disse hoje à agência Lusa que as cartas enviadas por Xanana Gusmão "eram de dois tipos": para os que vão continuar no Governo, a pedir para se prepararem "para a nova estrutura", e para os que saem, para que se preparem para a resignação "até 01 de fevereiro".

"O primeiro-ministro escreveu a todos os 55 membros do executivo. Uns para dizer que ficam, outros para dizer que saem", afirmou a fonte governamental.

A mesma fonte confirmou à Lusa que outra das pessoas que não vai fazer parte do novo executivo é a ministra das Finanças, Emilia Pires, que terá até, segundo outra fonte, formalizado já a sua demissão.

Posição idêntica terá tido também a vice-ministra das Finanças, Santina Cardoso, que apresentou a sua demissão a Xanana Gusmão.

Uma outra fonte do executivo avançou à Lusa que também o ministro dos Transportes, Pedro Lay, terá apresentado a sua demissão ao primeiro-ministro.

Hoje, o líder da Fretilin, Mari Alkatiri, disse à Lusa que membros do partido podem participar no próximo Governo, não em nome do executivo, mas de forma individual, como "elementos válidos" que podem contribuir para corrigir distorções.

Questionado sobre se existiram já convites a membros do partido, o líder do maior partido da oposição timorense disse que os convites "são a pessoas da Fretilin e não à Fretilin".

ASP // ARA

Timor-Leste procura alternativas para navio contratado a Portugal mas com atrasos




Díli, 26 jan (Lusa) - O Governo timorense está a procurar alternativas para um navio encomendado à empresa AtlanticEagle Shipbuilding, concessionária dos antigos Estaleiros Navais do Mondego, e que ainda não começou a ser construído devido às dificuldades com garantias bancárias necessárias.

Mari Alkatiri, responsável da Zona Especial de Economia Social de Mercado de Oecusse, confirmou à Lusa os atrasos e as dificuldades que a empresa está a ter para conseguir as garantias, tendo já havido contactos com as autoridades portuguesas para apoiar o projeto.

"Construir um navio como este implica uma série de questões. A crise financeira internacional não permite avançar como queríamos. Não é do nosso lado mas das garantias de 50% que têm que ser dadas para poder avançar com a construção", explicou à Lusa.

"Quem vai construir o navio não tem esse montante e está com dificuldades em arranjar essas garantias", disse.

Daí, explica, Timor-Leste criou uma equipa técnica que vai tentar renegociar com a AtlanticEagle Shipbuilding, procurando soluções alternativas.

Isso inclui uma tentativa de conseguir o apoio do Governo português ou da Caixa Geral de Depósitos.

Mari Alkatiri explicou que, como medida de contingência, está a ser ponderado o recurso a outro navio, de aluguer, talvez até com mais capacidade do que o inicialmente previsto, que possa servir não apenas para transporte mas também como hotel flutuante.

A Lusa tentou, sem êxito, durante vários dias contactar o administrador da AtlanticEagle Shipbuilding, Carlos Costa para solicitar um comentário sobre o tema.

Segundo a Lusa conseguiu apurar de fontes ligadas ao negócio, a Atlantic Eagle está a ter dificuldades na obtenção de garantias necessárias para a operação, tendo procurado que o Governo português assegure o projeto junto da banca.

Uma das alternativas mais prováveis é a obtenção de um seguro de caução, com garantia do Estado português, mas que teria de ser validado pelo Tesouro e pelas Finanças, num processo que ainda poderá demorar várias semanas.

Mesmo que o processo seja agilizado, porém, é praticamente impossível que se cumpram as datas de entrega do navio - necessário para as celebrações dos 500 anos da chegada dos portugueses a Timor, no final do ano - e cuja construção já deveria ter começado no final do ano passado.

No início de dezembro, Carlos Costa disse em Luanda que a empresa previa começar ainda esse mês a construção do navio de 72 metros que se destinava ao transporte de 377 passageiros, 22 viaturas e carga.

O navio serviria para ligar Dili à ilha de Ataúro e ao enclave de Oecusse.

ASP // JPF

Jornal do PC chinês culpa Shinzo Abe pela morte de refém às mãos do Estado Islâmico




Pequim, 26 jan (Lusa) -- O editorial de hoje do jornal chinês Global Times, atribui ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, a culpa pela morte de um refém às mãos dos extremistas do Estado Islâmico (EI).

O EI afirmou, este domingo, ter executado Haruna Yukawa, um dos dois japoneses que fez reféns, numa aparente decapitação que foi condenada pelos líderes de todo o mundo.

O Global Times, publicação em inglês do grupo Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista chinês, escreve num editorial que o apoio do líder do Japão aos Estados Unidos precipitou Tóquio para o conflito, apesar de, "supostamente, os países do sudeste asiático não constituírem alvos-chave" dos jihadistas do EI e do terrorismo global.

"A morte do refém japonês é mais ou menos o preço que o Japão tem de pagar pelo seu apoio a Washington", diz o jornal, num editorial, sob o título "Estratégia de Abe mais clara após crise dos reféns".

O jornal sugere que o chefe de Governo nipónico poderá usar a crise dos reféns para revogar a Constituição pacifista do Japão, imposta pelos Estados Unidos na esteira da II Guerra Mundial.

Shinzo Abe, qualificou de "ignóbil e imperdoável" a morte do refém e exigiu a libertação imediata de Kenji Goto, o segundo cidadão japonês refém do EI.

Num vídeo divulgado na passada semana, o Estado Islâmico ameaçou matar os dois japoneses - o empresário Haruna Yukawa e o jornalista Kenji Goto - se o Governo nipónico não pagasse 200 milhões de dólares (172 milhões de euros) no prazo de 72 horas. Na reação, Shinzo Abe, disse que Tóquio "não se verga perante os terroristas".

Viúvo de 42 anos, Haruna Yukawa foi sequestrado em meados de agosto do ano passado, enquanto facultava alegadamente apoio logístico a um grupo rebelde implicado na guerra civil síria e rival do EI, sendo que a presença do japonês na região nunca foi totalmente explicada.

Já Kenji Goto, jornalista de 47 anos, tinha-se deslocado ao território sírio controlado pelos extremistas no início de outubro com a intenção de cobrir o conflito no terreno e deveria ter regressado ao Japão no dia 29 do mesmo mês.
DM (EO/PSP/FV) // JCS



China: PENSIONISTAS DE MACAU PREOCUPADOS COM A DESCIDA DO EURO




Macau, China, 26 jan (Lusa) - A Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) está preocupada com o impacto da queda do euro em cerca de 1.300 antigos trabalhadores da administração portuguesa que residem no território.

"[A queda] vai afetar os aposentados que transferiram as suas pensões para Portugal, o câmbio pode prejudicar todos os que residem em Macau", disse à agência Lusa, o presidente da associação, Francisco Manhão.

O euro atingiu hoje mínimos de 11 anos face ao dólar, após ter sido conhecido que o partido anti-austeridade Syriza obteve uma vitória clara nas eleições gerais na Grécia.

Em relação à moeda de Macau, um euro vale hoje 8,9 patacas, mas a descida ainda não afetou os rendimentos dos pensionistas, já que o mês de janeiro que foi pago no dia 20, quando o câmbio se fixava em 9,2 patacas, e Francisco Manhão acredita que a maioria dos antigos funcionários públicos já converteu o dinheiro.

Segundo o presidente da APOMAC, o valor das pensões só sofre alterações se o câmbio se fixar abaixo das nove patacas.

Se a tendência de descida de mantiver, a associação pretende agir. "Estamos muito atentos e estamos a pensar adotar medidas para compensar", afirmou Francisco Manhão, remetendo mais pormenores para dia 04 de fevereiro, quando a associação vai reunir para tomar uma decisão.

Atualmente, há cerca de 1.300 reformados da antiga administração a residir em Macau que recebem as suas pensões através de Portugal. Segundo o presidente da APOMAC, as pensões variam entre 300 euros (pensões de sobrevivência) e 4.000 euros, sendo que a maioria oscila entre os 2.000 e os 3.500 euros.

ISG (IM) // JCS

"Educação" e "moderação" são o que distingue Hong Kong de Paris -- União Islâmica




Hong Kong, China, 26 jan (Lusa) - A União Islâmica de Hong Kong considera que o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo e o clima de tensão que se sente na Europa em torno das comunidades muçulmanas são fruto de um conhecimento deficitário sobre a religião.

"A diferença entre Paris e Hong Kong é a educação. Depende de quem ensinar sobre o Islão. Aqui, os nossos imãs falam de moderação", afirma Rahmatullah Mohamed Omar, secretário-geral da União Islâmica de Hong Kong, em declarações à agência Lusa.

Com uma comunidade de cerca de 300.000 muçulmanos, vindos de países tão distintos como Paquistão, Índia, China, Indonésia ou Malásia, Hong Kong é uma cidade "tolerante", onde há "harmonia religiosa", considera Omar.

"Há muito diálogo inter-fé, não há problemas. Mas temos de ensinar os mais novos. Perceber a religião dos outros é muito importante. Eu fui educado num colégio católico e percebo bem isso", diz o responsável.

A União Islâmica de Hong Kong, localizada em Wanchai, é uma organização polivalente, oferecendo vários serviços à comunidade. Além de um jardim-de-infância, acolhe o único restaurante de ?dim sum' com carne ?halal', tem uma biblioteca e espaços de oração. Juntamente com outras organizações, gere quatro das seis mesquitas da cidade, que conta também com 15 madrassas, onde o Corão é ensinado a crianças após o horário escolar.

A união dedica-se ainda a várias causas solidárias, enviando dinheiro para a manutenção da mesquita de Macau, fornecendo apoio financeiro a requerentes de asilo em Hong Kong, doando fundos a zonas afetadas por desastres naturais e gerindo um abrigo para empregadas domésticas na cidade, entre outras.

Para o bem-estar da comunidade, salientam a boa relação com o Governo de Hong Kong, que tem vindo a ceder terrenos para as mesquitas.

"O Governo sabe que não somos extremistas e que estamos a promover o Islão como algo pacífico e tolerante", garante o responsável.

A união tem vindo a desenvolver várias atividades para a promoção do diálogo, incluindo seminários com académicos chineses. O centro é também visitado frequentemente por escolas, onde os rituais islâmicos são explicados às crianças, e durante a época do Ramadão os habitantes da cidade são incentivados a assistir à quebra do jejum e colocar as suas questões.

Apesar da pujança da comunidade e da ausência aparente de conflitos, o ataque ao Charlie Hebdo não passou despercebido e após a publicação do último cartoon, no dia 14, houve mesmo membros das organizações muçulmanas que quiseram organizar um protesto, mas o imã Uthman Yang afastou a ideia.

"Disse-lhes que talvez possamos escrever artigos a explicar a vida do profeta, o importante é comunicar mais. Aqui queremos passar uma imagem clara. O Estado Islâmico, por exemplo, é contra os ensinamentos do Islão", sublinha o imã.

A equipa não esconde o seu desconforto com os cartoons franceses, mas garante que nada justifica o ataque. "Na religião não se pode desenhar nenhum profeta. Deviam respeitar a nossa fé, mas o Corão ensina-nos a ser pacientes e tolerantes. A violência não é correta, mas é verdade que alguns muçulmanos são muito agressivos", conclui Yang.

ISG// PJA

China: Economia de Macau em recessão técnica no último trimestre de 2014




Macau, China, 26 jan (Lusa) - A economia de Macau terá entrado em recessão técnica depois de terminar 2014 com um crescimento homólogo negativo de cerca de 8% no último trimestre do ano, disse hoje à agência Lusa o economista Albano Martins.

"Depois de um crescimento positivo de 12,4% e 8,1% nos primeiro e segundo trimestres, a economia de Macau registou crescimentos negativos de 2,1% no terceiro trimestre e deverá fechar o último trimestre com uma queda homóloga do Produto Interno Bruto de cerca de 8%", explicou Albano Martins.

Ainda assim, disse o economista, o Produto Interno Bruto deverá registar, em termos reais, um crescimento positivo de cerca de 2% para todo o ano de 2014.

Albano Martins explicou também que a queda do quarto trimestre "é mais acentuada" porque está a ser comparada com o trimestre homólogo de 2013, o que mais cresceu no ano -14,3%.

Já para 2015, Albano Martins preconiza um crescimento a um "dígito baixo" embora não afaste um cenário de crescimento negativo.

"O primeiro semestre será afetado por valores idênticos ao do último trimestre de 2014, mas acredita-se que a segunda metade do ano terá um comportamento positivo o que permitirá registar para os 12 meses um crescimento positivo baixo ou então um ligeiro decréscimo", sublinhou.

Com a economia fortemente dependente do jogo em casino, Albano Martins refere que as previsões para 2015 estão, assim, "dependentes do cumprimento dos prazos da formação bruta de capital fixo, ou seja, dos investimentos dos novos casinos" e que tudo o resto se "mantenha mais ou menos constante ao que tem acontecido nos últimos meses".

Já a inflação, que em 2014 atingiu os 6,05%, deverá "manter-se acima dos 5%", concluiu.

Macau é uma Região Administrativa Especial da China com autonomia administrativa, executiva e judicial.

A economia de Macau está assente nos serviços com o setor do turismo, especialmente o jogo em casino, a afirmar-se como a principal fonte de receita pública devido aos impostos diretos de 35% cobrados sobre as receitas brutas apuradas nos espaços de jogo e de 4% de indiretos canalizados para fins diversos como a promoção turística.

JCS // JPF

China manifesta disposição de trabalhar com novo governo grego




Pequim, 26 jan (Lusa) - A China felicitou hoje o partido Syriza pela vitória nas eleições gregas de domingo e manifestou-se "disposta a trabalhar com o novo governo da Grécia para fortalecer a cooperação bilateral".

"Constatámos que o partido de esquerda Syriza ganhou as eleições parlamentares na Grécia e felicitamo-lo por isso", disse a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying.

Em declarações aos jornalistas, Hua Chunying realçou que "China e Grécia são países amigos e os povos dos dois países são afetivamente muito chegados".

"A China atribui grande importância ao desenvolvimento dos laços bilaterais com a Grécia e está disposta a trabalhar com o novo governo para fortalecer a cooperação em várias áreas e elevar a nossa parceria estratégica a um novo patamar", acrescentou.

Na televisão estatal chinesa, o futuro executivo grego, liderado pelo Syriza, está a ser apresentado como "o primeiro governo europeu abertamente contra a política de austeridade do Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e Comissão Europeia".

A China é considerada um "importante parceiro" da Grécia devido aos títulos do tesouro grego que comprou no auge da crise da dívida soberana na zona euro e aos investimentos que tem feito no país, nomeadamente no setor portuário.

Questionado sobre a oposição entre o programa do Syriza e as posições defendidas pelos outros governos europeus, um comentador chinês ouvido pela Televisão Central da China (CCTV) disse que "nas democracias, há um fosso entre as promessas eleitorais e as políticas que são depois efetivamente seguidas".

O Syriza obteve 36,37% dos votos nas eleições de domingo, ficando a dois deputados da maioria absoluta no parlamento grego.

Os conservadores da Nova Democracia, que governaram o país nos últimos anos, ficaram em segundo ligar, com 27,81% dos votos e 76 deputados.

O terceiro partido mais votado foi o neonazi Aurora Dourada, com 6,29% e 17 deputados.

AC/DM // JPF

NA UE, ELES ESTÃO A VER-SE GREGOS


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Os eleitores gregos votaram e demonstraram aos sorrateiros fascistas, alapados na condução dos destinos da União Europeia, que enveredaram pelo caminho errado. Que basta de servir os mercados em prejuízo dos interesses dos cidadãos europeus que enganados neles votaram. Perante tal demonstração em ato eleitoral, uma hecatombe para os ressabiados cúmplices do grande capitalismo que ocupam os principais pelouros da UE, as declarações são bem demonstrativas da contrariedade dos gregos elegerem Tsipras para primeiro-ministro. Nem as chantagens exercidas por quase todos - da UE ao FMI - e principalmente por Merkel, demoveram os gregos de dar a lição merecida aos sorrateiros fascistas na UE.

Na Europa, a manhã de hoje foi preenchida por um corropio de declarações hipócritas sobre o acontecimento por parte dos dirigentes dos vários países constituintes da UE, assim como de Bruxelas, Londres e Berlim. Declarações que escondem a chantagem e as ameaças veladas. Os sorrateiros fascistas estão a ver-se gregos para digerir o que ontem aconteceu nas eleições gregas e seus resultados. Cameron, com fleuma londrina, já deu a entender que os resultados lhe desagradaram monumentalmente e que "isto não é nada de bom".

Em Portugal, os sorrateiros fascistas no governo tem a mesma opinião mas nem por sombras o dizem. Em vez disso usam a hipocrisia habitual. Recorrem às palavras democracia, democraticamente, legitimidade para deixarem entre-linhas e subentendido que à Grécia nada de bom vai acontecer se não "cumprir as suas obrigações para com a União Europeia". O que significa que apesar do resultado das eleições na Grécia ter ocorrido sob o signo da recuperação da dignidade dos povos europeus e do não rotundo ao servilismo aos interesses dos mercados e da exploração selvagem capitalista, os gregos, os europeus, têm de se sujeitar às imposições e sacrifícios ditados pelos sorrateiros fascistas da UE em conluio com os negreiros do esclavagismo capitalista, denominados por mercado.

Para quem escutou hoje de manhã a TSF e as declarações de um saramongo eurodeputado por Portugal, do PSD, Paulo Rangel, o esclarecimento foi instantâneo sobre os propósitos dos do diretório da UE afeto à corrente dos Populares (sorrateiros fascistas) que dirige a UE. Notou-se que o propósito é levar os gregos a pagar com língua de palmo o atrevimento de terem elegido forças contrárias ao ditado por Merkel, pelo FMi e pelos que do grande capital põe e dispõem na UE.

Horas depois, Passos Coelho, maquiavélico primeiro-ministro português e servo de Merkel e daquilo que ela representa, teve a prosápia de afirmar que "o programa do Syriza é dificilmente conciliável com as regras europeias, mas disse esperar que o novo Governo grego as cumpra e possa manter-se na zona euro e na União Europeia". E ainda “apelidou de «conto de crianças» a ideia de que «é possível que um país, por exemplo, não queira assumir os seus compromissos, não pagar as suas dívidas, querer aumentar os salários, baixar os impostos e ainda ter a obrigação de, nos seus parceiros, garantir o financiamento sem contrapartidas». Citando o que divulgou a TSF.

Passos Coelho, servil capacho de Merkel e dos interesses do mercado, foi a fiel reprodução e voz da dona. Merkel espera que novo governo da Grécia respeite compromissos, podemos ler também na TSF. Passos, a seu modo, reproduziu as palavras da dona. Teve o cuidado de se pronunciar depois das declarações de Merkel. Passos, um papagaio que os portugueses aguardam depenar dentro de alguns meses, nas eleições que se aproximam.

Eles estão a ver-se gregos para lidarem com as evidências eleitas em democracia.

Este uníssono das declarações dos governantes e deputados afetos ao sorrateirismo fascista é o prenúncio das vontades e prováveis planeamentos já existentes de causarem o descalabro na Grécia e darem "uma lição" aos gregos por se terem "portado mal" e votarem em personalidades e partidos antagónicos aos interesses dos selvagens capitalistas que têm por funcionários os principais governantes e deputados na UE.

A moral da história está para se conhecer, depois da UE atuar declaradamente contra a Grécia, como indicia. Quanto ao resultado também está por conhecer, dependendo muito dos restantes povos europeus a decisão de querer continuar a ser explorado e escravizado por um regime imposto por uns quantos sorrateiros fascistas que nos últimos anos têm destruído a democracia, a justiça social, a dignidade e a esperança do bem-estar dos europeus.

Eles estão a ver-se gregos para lidarem com as evidências eleitas em democracia. A reação pode ser das piores que possamos imaginar.

ALEXIS TSIPRAS EMPOSSADO PRIMEIRO-MINISTRO DA GRÉCIA




Alexis Tsipras tomou hoje posse como primeiro-ministro da Grécia após a vitória nas eleições legislativas de domingo do seu partido, o Syriza, que acordou uma aliança de governo com os nacionalistas Gregos Independentes.

O novo primeiro-ministro prestou juramento perante o chefe de Estado grego, Karolos Papoulias.

Alexis Tsipras é o primeiro líder do Governo grego a prescindir do juramento religioso junto do arcebispo de Atenas, líder da Igreja grega, feito tradicionalmente antes de o vencedor se apresentar ao Presidente.

O Syriza conquistou 36,34% dos votos nas eleições de domingo, ganhando 149 lugares no parlamento, menos dois do que o necessário para ter a maioria absoluta. Os gregos independentes obtiveram 4,75% dos votos, conquistando 13 deputados.

TSF – Foto: Reuters / Giorgos Moutafis

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