quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO EM ANGOLA



Prefácio

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Artigo 26

1. Toda a pessoa tem direito á educação. A educação deverá ser gratuita, ao menos no que pertence á instituição elementar e fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar patente a todos com plena igualdade, em função das aptidões individuais.

2. A educação deve atender ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e ao fortalecimento do respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais. Deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos étnicos ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.

3. Os pais têm direito de preferência na escolha do género de educação a dar aos seus filhos.

Rui Peralta, Luanda

I - A educação, o ensino, a formação, a instrução, não são luxos de privilegiados, mas sim necessidades de todos os homens e mulheres, crianças, adultos e idosos. Condenar alguém á ignorância é roubar uma parte maior do seu direito á vida. O direito á liberdade e á dignidade se saber, escolher e criar é uma das condições de uma vida condigna, completada pelo direito á saúde, ao pão, ao trabalho e á habitação.

Um homem ou uma mulher que não tenha acesso á Educação, é um ser alienado, brutalizado, explorado, violado, iludido por aqueles a quem fornece o seu trabalho e pelo governo ao qual fornece o seu voto, enganado pela máquina propagandística e que acaba por servir de carne para canhão, seja nos campos se batalha da guerra ou nos coliseus da vida.

A educação é, assim, uma arma que auxilia o Homem a escolher, criar e gerir a sua própria vida, ao invés de a suportar como um fardo agonizante. É um instrumento de transformação, uma ferramenta de esperança.

II - A Educação é, assim, uma determinação da vida e não pode existir separada dela. Existem, no universo das panaceias pedagógicas, duas plataformas complementares que reúnem as respectivas panaceias: uma que defende extensão e ampliação e a outra que reduz a educação a função. Ambas as plataformas são nefastas e contra elas oponho a concentração à extensão e ampliação e o fortalecimento e soberania da Educação contra a tese redutora da função.

A educação não é uma questão burocrática, como a medíocre ortodoxia dominante pretende fazer crer á massa de eventuais utilizadores do sistema. Não é uma questão, apenas, de quadros, horários, regulamentos, normas, despachos e decretos, nem, tampouco, deveriam os educadores lidar com essas questões e os educandos serem por elas constrangidos.

Há um dogma da economia politica que é o da "criação de homens comuns" (à imagem de quem?), voltados para a busca de felicidade (identificada com dinheiro e futilidade), para as demandas do mercado, que transforma as instituições de ensino em viveiros e aviários produtores de pseudo-inteligencia (um subproduto barato das linhas de montagem educativas) ao serviço da propriedade e do lucro. Ora a expansão da Educação, consequência da democratização do ensino, revindicação das massas urbanas, é habilmente manipulada, através do aparelho de Estado, das parcerias e do sector privado, de forma a produzir a "barbárie especializada", contrariando os objectivos da democratização: Cultura elevada, Cultura Democrática, Humanista, cívica e formadora do Homem Pluridimensional, pleno. Ao contrário, gera-se um homúnculo acrítico, amputado e alienado, um subproduto de múltiplas funções, completamente descartável e reciclável.

Os que reduzem a Educação a uma função obedecem á logica da actual divisão de trabalho. E essa é uma logica que ganha corpo no actual "desordenamento" capitalista. A Educação especializada que afasta a visão do conjunto impondo a figura do especialista como um "xamã" infalível, que não conhece o espirito com que comunica mas apenas um elemento desse espirito. Por isso o especialista afasta-se da Humanidade e torna-se o veículo para a barbárie. Não por ser especialista ou de comportar conhecimento especializado, mas por ignorar o objecto sobre o qual aplica a especialização.

A Educação exige antes de mais uma visão de conjunto. Essa visão de conjunto tem uma fonte: a Filosofia. Ora esta é matéria morta nos actuais programas dos sistemas de Educação. Não cabe na plataforma extensiva e não tem qualquer utilidade para a plataforma funcional. E aqui estamos perante a pobreza de espirito da pedagogia dominante, seja estruturalista ou funcionalista. As técnicas de formação actuais espelham essa " miséria da pedagogia".

Vejamos o ensino médio. Este deveria ser o centro motriz do processo pedagógico (o ensino pré-primário deveria ser um factor de socialização e o ensino primário um factor de descoberta). E porquê? Porque é uma ponte, primeiro, e porque, segundo, no ensino médio o estudante encontra-se num caminho que vai desembocar numa encruzilhada: ensino técnico-profissional ou Universidade. Existe ainda uma terceira razão: o estudante, no ensino médio, é já um Homem em cultivo. Por isso o ensino médio assume uma importância estratégica, onde algumas disciplinas assumem papéis determinantes, como por exemplo (no caso de Angola), a língua oficial, a língua nacional e a língua estrangeira. Estas devem ser uma preocupação primeira dos processos didáticos-pedagógicos, não podendo ser ensinadas de forma leviana e grosseira.

Uma Educação que promova o raciocínio crítico e a Individualidade, a criatividade e a visão holística, é fundamental para que o especialista compreenda o todo em que está envolvido. Do neurocirurgião ao canalizador esta é uma peça fundamental da Educação.

É, pois, importante que os parâmetros e as diretrizes educacionais não tenham origem em estruturas burocráticas (ministérios, secretarias e direcções) nem sejam matéria de discussão de burocratas, mas sim dos agentes activos do universo educacional: professores, alunos, encarregados de educação, formadores, funcionários escolares, directores de estabelecimentos, conselhos pedagógicos, reitores, etc. Educação viva implica escolas vivas, livres e autónomas, que recusem submissão ao Estado e ao mercado, de ruptura com o imediatismo, a mediocridade, a miopia estruturalista e a acefalia funcionalista.

Mas em Angola esta questão faz sentido? Ou melhor, reformulando a pergunta, atingiu a Educação em Angola um patamar quantitativo e qualitativo onde seja possível discutir a Educação? Não...muito longe disso! Existiram transformações quantitativas, mas não qualitativas, no ensino primário, no secundário, no técnico-profissional e no superior. As plataformas continuam as mesmas: a extensão e a funcionalidade. E isto nada tem a ver com a necessidade de quadros. O que interessa formar quadros que não estão aptos para pensar, para ultrapassar obstáculos profissionais (e as armadilhas do mercado, ou as agruras da vida) porque não estão apetrechados de raciocínio crítico, nem de conhecimento geral, de refinamento cultural ou de educação cívica? E o panorama das Artes, Letras e Filosofia, no meio da panaceia utilitarista? É, no seu melhor, agonizante.

No entanto a este nível não pode haver, ainda, aprofundadas discussões porque urge resolver questões mais básicas e prementes como a vigarice, a burla, o roubo e a delapidação do erário publico.

III - Os negócios criados em torno da Educação, em Angola, são de índole diversa. Uns representam soluções e outros, caminhos a explorar. Existem também (e em grande numero) os negócios que geram factores negativos, contrario â praxis educativa democrática, baseados em critérios de distinção social geradores de apartheid social e de alienação cultural (as escolas para ricos, para estrangeiros, para filhos do corpo diplomático, etc., que afastam as crianças estrangeiras e os filhos das elites da cultura nacional, do conhecimento histórico e geográfico do país e das realidades sociais angolanas.

Mas há outro tipo de problemas a que urge responder de forma firme e eficaz. São os relacionados com os livros escolares. E não estou a referir-me ao conteúdo pedagógico dos mesmos (miserável e abjecto, são os termos mais leves que podem caracterizar os livros escolares para o ensino primário e secundário em Angola), mas a algo muito mais elementar: o exercício do direito de adquirir os livros gratuitos e a dificuldade de encontrar os restantes, ou pelo menos de pagar o preço indicado dos livros não gratuitos.

Este é um drama que alunos e encarregados de educação sentem todos os anos. É uma trama que obedece á sazonalidade da abertura do novo ano lectivo e que tornou-se "norma", ou seja, é "normal" que os cidadãos não possam exercer os seus direitos e que sejam roubados todos os anos. E é "normal" que exista uma casta que possa usufruir, de forma impune, os "kumbus" que mete ao bolso, produto da vigarice, da burla e do furto. Assim como é "normal" que este cenário seja, afinal, o "pais real" (conceito que substituiu a fascizante concepção savimbista da "Angola Profunda"). A gravidade maior desta "negociata" efectuada pelo clãs mancomunados ao neocolonialismo é o facto de estar socialmente enraizada, pelo que tornou-se "normal".

O combate pela Educação é um combate pela democracia. É um pilar do Estado Democrático de Direito e um dos valores dos heróis do 4 de Fevereiro que quebraram as algemas para vencer o colonialismo e criar uma Angola renovada. A Educação é o resgate do Futuro e não se pode pôr em causa o futuro da nação e ficar de braços cruzados a ver alguém espoliar os nossos filhos. Urge, então, erradicar estes bandos sem escrúpulos que não hesitam em bloquear aos nossos filhos o direito que é a Educação.

Erradicar estes bandos neocolonialistas, eliminar esta escória de lacraus, é um combate a travar, sem tréguas, de Cabinda ao Cunene, porque somos um só Povo e uma só Nação, forjada na continuidade da Luta e na certeza da Vitória!

Estamos juntos!

Posfácio

Constituição da Republica de Angola

Titulo I - Princípios Fundamentais

Artigo 21.° (Tarefas fundamentais do Estado)

(...)
g) promover políticas que assegurem o acesso universal ao ensino obrigatório gratuito, nos termos definidos por lei.

(...)
i) efectuar investimentos estratégicos, massivos e permanentes, no capital humano, com destaque para o desenvolvimento integral das crianças e dos jovens, bem como na educação, (...)

Titulo II - Direitos e Deveres Fundamentais

Capitulo III - Direitos e Deveres Económicos, Sociais e Culturais

(...)
Artigo 79.° (Direito ao ensino, cultura e desporto)

1. O Estado promove o acesso de todos à alfabetização, ao ensino, á cultura e ao desporto, estimulando a participação dos diversos agentes particulares na sua efectivação, nos termos da lei.
(...)


OBS. Sempre que a Constituição remete para lei específica, esta tem de obedecer aos parâmetros constitucionais conforme Titulo I - Princípios Fundamentais, Artigo 6.° (Supremacia da Constituição e legalidade) 3. "As leis, os tratados e os demais actos do Estado, dos órgãos do poder local e dos entes públicos em geral só são válidos se forem conformes à Constituição."

Bibliografia
Declaração Universal dos Direitos do Homem, Assembleia Geral da ONU, resolução 217 A (III), 10 de Dezembro de 1948.
Constituição da Republica de Angola, Imprensa Nacional - EP, Luanda, 2010.
Nietzsche, F. Escritos sobre Educação Ed. Loyola. S.Paulo,2003

Jean-Claude Juncker. "Pecámos contra a dignidade dos povos, na Grécia e em Portugal"




O Presidente da Comissão Europeia fez esta quarta-feira um ‘mea culpa’ por causa das políticas de austeridade seguidas em países como Grécia, Portugal ou Irlanda. O sucessor de Durão Barroso disse ainda que é preciso retirar "as lições da história e não repetir os mesmos erros".

Jean-Claude Juncker assumiu esta quarta-feira que foram cometidos 'excessos' com os pedidos feitas aos países sob auxílio financeiro da troika. 

"Pecámos contra a dignidade dos povos, especialmente na Grécia e em Portugal e muitas vezes na Irlanda", reconheceu Jean-Claude Juncker, numa declaração citada pelo site EuropaPress.

"Eu era presidente do Eurogrupo, e pareço estúpido em dizer isto, mas há que retirar as lições da história e não repetir os mesmos erros", admitiu, fazendo ‘mea culpa’ pelos passos seguidos no ajustamento destes países.

Numa altura em que por causa da eleição do novo Governo grego se fala na possível extinção da ‘organização’ troika, Juncker defendeu que é, de facto, preciso rever o modelo.

"A troika é pouco democrática, falta-lhe legitimidade e devemos revê-la quando chegar o momento", declarou, em Bruxelas, no Comité Económico e Social Europeu, o Presidente da Comissão Europeia.

Apesar de pretender alterar este modelo, considera o responsável europeu que o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia devem manter-se na sua estrutura, sempre que for necessária uma intervenção num país europeu. 

Apesar das suas críticas tecidas à troika, Juncker fez questão de referir que as suas declarações "nada devem à necessidade de consolidar no curto, médio e longo prazo as nossas finanças públicas, porque não podemos viver às custas das futuras gerações" nem à "necessidade de empreender reformas estruturais que aumentem o potencial de crescimento da Europa".

Notícias ao Minuto

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Portugal. A BADERNA CONTINUA



Baptista-Bastos*

A orquestra sinfónica da habitual tolice da direita, quando o reduto sofre um cerco, voltou a tocar desafinada.

O piedoso ministro Pedro Mota Soares, criatura muito temente a Deus, veio às televisões e, com aquela voz flébil que tanto comove os santos, disse que cerca de 500 funcionários públicos vão para a rua. Mesmo nas vascas da mais atroz agonia, o Governo não pára de atirar para a miséria e para infortúnio milhares de famílias, com a obstinada cumplicidade do dr. Cavaco. No mesmo dia, vimos as imagens de trabalhadores da Efacec em greve pelo aumento de salários e a chegada, às instalações da empresa, de luxuosos carros de administradores, causando a fúria dos protestatários.

Não ficou por aqui a loquacidade, sempre inestimável, do querido dr. Cavaco. Numa dessas sessões absurdas, a que vai por puro acesso de protagonismo, tomou partido, a despropósito, contra o Syriza. Entende-se. O Syriza, e quem o dirige, constituem a representação típica daquilo que o dr. Cavaco detesta, representa e defende. Estou em crer que o dr. Cavaco deve pedir ajuda ao dr. Mota Soares que interceda junto do Espírito Santo, para a desgraça do Syriza.

O dr. Passos Coelho também dera o seu contributo para anatemizar o partido grego e o projecto que lhe subjaz. A orquestra sinfónica da habitual tolice da direita, quando o reduto sofre um cerco, voltou a tocar desafinada. E a atrapalhada verborreia dos habituais comentadores televisivos e afins foi o complemento grotesco desses dias risíveis.

As coisas, no entanto, continuam no mesmo registo. O dr. Passos, lesto e expedito em cortar nas reformas, nas pensões e nos salários, em despedir milhares e milhares de pessoas, em recomendar o estrangeiro para quem não tem trabalho em Portugal. O dr. Passos deu ordens à sempre pressurosa Maria L. Albuquerque para aumentar a rapaziada que os apoia. Vem o Correio da Manhã e esclarece: mesmo com o corte salarial no Estado, o ganho médio mensal dos políticos atingiu 6.483 euros, mais 20,7% do que em Outubro de 2011.

Portugal, com esta gente, transformou-se numa mentira ruidosa, e os governantes, despudorados, nem sequer atendem às críticas mais ténues, impulsionados por um vento de insanidade que ultrapassa toda a benevolência. Não há quem nos defenda. A chamada grande Imprensa está nas mãos não se sabe de quem. Há dias, soube que um produtor de festas e romarias, genro do dr. Cavaco, pertence ao conselho de administração de um jornal que foi um importante matutino. Muita coisa fica explicada. Mas esta baderna não pode continuar. As instâncias sindicais nada fazem…


*Considerado um dos maiores prosadores portugueses contemporâneos, Baptista-Bastos (Armando Baptista-Bastos) nasceu em Lisboa, no Bairro da Ajuda (que tem centralizado em vários romances e numerosas crónicas), em 27 de Fevereiro de 1934. Frequentou a escola de Artes Decorativas ...

Portugal. PAULO PORTAS – PROPAGANDA ENGANOSA E AINDA PIOR



Carlos Gonçalves

O vice primeiro-ministro Portas, dito de tutela às questões económicas e à central de intoxicação do Governo, voltou esta semana ao recorrente foguetório da propaganda enganosa, com a subida das exportações do país de 1.9% em 2014, escamoteando que as importações cresceram 3.2% e que o défice da balança de comércio externo atingiu 10,6 mil milhões de Euros (!).

Se o preocupasse a economia e a soberania nacional tomaria medidas de apoio à produção e de substituição de importações, mas o que o faz intervir e viajar é a cotação como «reserva estratégica» para todo o serviço dos grandes interesses, é a mediatização da coreografia da sua auto-estima e arrogância pessoal e política – «espelho meu, espelho meu», haverá ministro mais inteligente e mais belo do que eu?!

Portas é perito em politiquices e «banha da cobra», é o «chefe» incontestado e o «alter-ego» do CDS-PP, feito partido unipessoal, no bolso do colete do líder, instrumento da sua ambição de «refundar» e comandar a direita.

O CDS-PP, partido de génese colonial-fascista, a que Abril impôs o «centrismo» e a «democracia cristã», fez um percurso de enxerto ideológico: ultra-liberal, populista, securitário, xenófobo, «fashion». A sua base social – os sectores mais reaccionários da grande burguesia, dos latifúndios e dos grupos financeiros – acolheu a elite «yupie» do «vale tudo», das «causas» «bem», do domínio dos privilégios de classe. E os quadros da agremiação são clones e «tropa de choque» do líder, para quem o próprio partido é descartável, como se viu nos episódios de demissão.

O capitalismo em crise está como se vê, Juncker foi transferido dos crimes fiscais do Luxemburgo para a Comissão Europeia, e a verdade é que Portas tem um apoio colossal do poder económico-mediático (!) e um nível de falta de vergonha nunca visto. Mas, mesmo assim, não deixa de ser muito grave que alguém cujo percurso passou pelos «casos» da Universidade Moderna, da Portucale, dos vistos Gold e dos submarinos, sem que a Justiça concluísse pela sua inocência, mas tão só pela insuficiência de provas, continue vice do Governo deste País.

É uma daquelas coisas a que é imperioso por cobro, e também a este Governo e à política de direita.


Cavaco Silva diz que Portugal é um dos países que fez e fará maiores doações à Grécia




O Presidente da República afirmou hoje que Portugal é um dos países que fez e fará maiores doações à Grécia entre 2012 e 2020, recusando em público fazer julgamentos sobre as negociações para evitar cacofonia entre Presidência e Governo.

À margem da inauguração do novo Radar Meteorológico do Norte, em Arouca, distrito de Aveiro, Cavaco Silva foi questionado sobre a situação da Grécia, afirmando que como previa o novo governo «tem vindo a ajustar as posições», o que «é positivo para que a Grécia possa continuar na Zona Euro».

De acordo com o Presidente da República, quem consultar os documentos oficiais com as previsões para 2012 até 2020 «constará que Portugal é um dos países que fez maiores doações e que irá fazer maiores doações à Grécia», podendo até analisar que «em termos relativos Portugal é o país que faz mais doações» nesse período.

«Portugal nunca recebeu nenhuma doação de nenhum país. Recebe empréstimos, paga os juros, irá fazer reembolsos», comparou.

Segundo Cavaco Silva, nestes documentos oficiais constam as transferências feitas para a Grécia em resultado das obrigações gregas que constam das carteiras dos bancos centrais dos países da zona euro, chamando-se doações, «aquilo que sai diretamente do bolso dos contribuintes».

Interrogado sobre a razoabilidade das propostas gregas, Cavaco Silva começou por afirmar que a «quem compete analisar a proposta da Grécia são os governos representados nas instituições» e que não quer «fazer julgamentos porque em matéria de política externa tem que existir sintonia, em público, entre aquilo que diz o Governo e aquilo que diz o Presidente da República».

«Porque o pior que pode acontecer na defesa dos interesses nacionais é alguma cacofonia entre as instituições por isso em público eu não faço julgamentos sobre aquilo que pode estar em discussão», justificou.

Apesar de não haver ainda acordo entre o Governo grego e as instituições europeias porque «todos os outros países unanimemente, independentemente da cor partidária dos governos não aceitaram as propostas gregas», o chefe de Estado vê «uma evolução positiva», esperando que «se deem passos que permitam que rapidamente se chegue a um entendimento, a um acordo, por forma a eliminar a incerteza».

«Mas porque é que todos os Governos, 18, não têm aceite as propostas da Grécia? Porque estão convencidos que a aplicação dessas propostas afetaria negativamente o bem-estar dos seus cidadãos», evidenciou.

Cavaco Silva evidenciou que «é bom para a Europa que a Grécia continue no Euro» e recordou o Tratado de Lisboa onde se refere que «a política económica de cada estado-membro é matéria de interesse comum de todos, que ninguém pode fazer aquilo que quer sem consultar os outros».

TSF

Portugal. AUTORIZADOS 802 TRATAMENTOS PARA HEPATITE C




O Ministério da Saúde autorizou até agora 802 tratamentos para a hepatite C, dos quais 633 com os medicamentos mais recentes, 302 desses com sofosbuvir, anunciou hoje a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed).

Em comunicado, o Infarmed precisa que há 302 tratamentos com sofosbuvir ou suas combinações, e 331 tratamentos por via de ensaios clínicos (170) ou através de acesso sem custos para o Serviço Nacional de Saúde (161 casos).

O comunicado foi divulgado depois de uma reunião do Ministério da Saúde com os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), marcada na sequência do acordo de terça-feira entre o ministério e a farmacêutica Gillead para a comparticipação a 100 por cento dos medicamentos para a hepatite Sovaldi (sofosbuvir) e Harvoni (sofosbuvir e ledipasvir).

A reunião de hoje serviu para dar início ao dispositivo nacional para o tratamento imediato da hepatite C e dizer aos hospitais a estratégia para o tratamento da doença.

Segundo a nova estratégia as Comissões de Farmácia e Terapêutica (CFT) de cada hospital devem de pronunciar-se no prazo de cinco dias para decidir a utilização dos medicamentos, cabendo à Administração Central do Sistema de Saúde gerir o modelo de financiamento. Todo o processo será gerido através do Portal da hepatite C.

"Desta forma pretende-se promover uma maior celeridade aos pedidos de tratamento no mais curto espaço de tempo e com critérios claros, protocolados e monitorizados", diz-se no comunicado, no qual se salienta a "mudança de paradigma" no tratamento da hepatite C.

A questão da hepatite C e dos medicamentos para a doença (um universo de cerca de 13.000 pessoas) foi recentemente polémica, depois de uma doente ter morrido enquanto esperava autorização para a toma de um novo fármaco e dos protestos de outro doente numa comissão parlamentar na qual estava o ministro da Saúde.

A farmacêutica Gillead chegou a pedir 48 mil euros para curar cada doente com hepatite C através de um medicamento inovador (sofosbuvir). O Ministério da Saúde negociou durante um largo período para conseguir preços mais baixos.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Comércio e construção em Díli são maior fatia dos rendimentos não petrolíferos timorenses




Díli, 18 fev (Lusa) - Os setores de comércio, a grosso e a retalho, e da construção são os maiores empregadores e maiores geradores de rendimentos da economia não-petrolífera de Timor-Leste, segundo dados divulgados hoje pelo Ministério das Finanças.

A Sondagem da Atividade Económica de Timor-Leste 2013, divulgada hoje pela Direção Geral de Estatísticas do Ministério das Finanças, refere que os dois setores representavam 77% do rendimento total gerado na economia timorense em 2013 ou 1,42 mil milhões de dólares.

Os negócios não-petrolíferos timorenses geraram em 2013 cerca de 1,85 mil milhões de dólares (menos 0,2% que em 2012), sendo que 96% desse total (1,79 mil milhões) foi gerado por empresas que operam na capital, Díli.

A análise - o quarto relatório anual do tipo - baseia-se em sondagens realizadas a quase 2.900 empresas ou organizações não-governamentais que recebem mais de metade das suas receitas por negócios e pretende ajudar o Governo a analisar o setor não petrolífero da economia.

No final de 2013 a economia não-petrolífera timorense empregava 59 mil pessoas, menos 4,1% do que no final de 2012, sendo que 74% eram homens, com um salário médio anual era de 2.200 dólares.

O setor do retalho empregava 32% dos trabalhadores e a construção 30%, segundo estes dados.

Os custos de operação aumentaram 0,8% para cerca de 1,44 mil milhões de dólares, com os custos laborais a representaram cerca de 10% dessa fatia.

Os lucros totais foram de 380,2 milhões de dólares, mais 3,5%, com o setor de construção a representar 42% dos lucros totais.

Este estudo detalha ainda o indicador do Valor Acrescentado Setorial (IVA na sigla inglesa), ou seja o contributo que cada setor tem na economia nacional e que é calculado pela diferença entre o valor de mercado do produto de um setor e as compras de materiais e gastos necessários para essa produção.

Neste caso, o IVA total do setor não-petrolífero da economia foi de 564,2 milhões de dólares, menos 2,6% do que em 2012.

O setor da construção contribuiu 38% do valor total do IVA em 2013.

ASP // NS

Austrália invoca ajuda pós-tsunami para pressionar Indonésia a recuar nas execuções




Sydney, Austrália, 18 fev (Lusa) -- O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, instou hoje a Indonésia a recordar-se da importante ajuda de Camberra aquando do devastador tsunami de 2004, elevando a pressão para que Jacarta poupe dois cidadãos australianos atualmente no corredor da morte.

As autoridades indonésias confirmaram que Andrew Chan, de 31 anos, e Myuran Sukumaran, de 33, cabecilhas do chamado grupo dos nove de Bali, que se dedicava ao tráfico de heroína, vão figurar no próximo conjunto de prisioneiros que vão enfrentar o pelotão de fuzilamento.

Contudo, Jacarta não revelou ainda quando vão ter lugar as execuções.

Tony Abbott afirmou que continua a fazer "as mais fortes representações pessoais" junto do Presidente indonésio, Joko Widodo, advertindo que ficaria "tremendamente desiludido" se os seus pedidos de clemência forem ignorados.

"A Austrália facultou assistência no valor de mil milhões de dólares", afirmou, referindo-se à ajuda concedida na sequência do tsunami que deixou 220 mil mortos em 14 países, dos quais quase 170 mil na Indonésia.

"Nós enviamos um considerável contingente das nossas forças armadas para apoiar a Indonésia com ajuda humanitária", sublinhou o primeiro-ministro australiano, acrescentando que a Austrália está sempre disponível para ajudar a Indonésia e que espera reciprocidade desta forma neste momento.

Na terça-feira, foi dada a Chan e Sukumaran um vislumbre de esperança, uma vez que a transferência para o estabelecimento prisional onde serão executados foi adiada, com o gabinete do Procurador-Geral da Indonésia a indicar que não irá ocorrer esta semana.

O adiamento ocorreu em resposta ao pedido de Camberra para que os dois cidadãos australianos pudessem passar mais tempo com os seus familiares e devido a dificuldades logísticas relacionadas com a capacidade da prisão da ilha de Nusakambangan.

Jacarta insistiu, porém, que a execução dos australianos vai realizar-se, uma vez que viram ser-lhes negado os pedidos de clemência.

DM // FV

Indonésios estudam turismo religioso em Portugal para promover a Fátima do Oriente




Jacarta, 18 fev (Lusa) -- As autoridades da ilha das Flores, na Indonésia, querem aprender com a experiência de Fátima na captação de peregrinos de modo a potenciar o turismo religioso na principal ilha cristã do maior país muçulmano do mundo.

Em declarações à Lusa, pouco antes de embarcar para Portugal, onde irá participar num simpósio em Fátima sobre turismo religioso, o regente de Flores Oriental Joseph Lagadoni Herin espera colher ensinamentos para promover a Semana Santa de Larantuca, capital do regência, junto de novos mercados.

O encontro em Fátima, "é muito importante para nós, porque entendemos que a Semana Santa ainda não é muito popular para atrair pessoas de todos os países" mas "penso que poderemos atrair muitos turistas para virem a Larantuca", justificou o regente.

Além do regente, participam no III Workshop Internacional de Turismo Religioso, que se realiza a partir de sexta-feira em Fátima, o bispo de Larantuca, Franciscus Kopong Kung.
O workshop é promovido pela Associação Empresarial Ourém/Fátima (ACISO) e junta 75 operadores de vários países.

Joseph Lagadoni Herin quer aproveitar o encontro para tentar promover Larantuca como um destino de "viagens de peregrinações" entre "operadores turísticos de todo o mundo".

A também conhecida como a "Roma da Indonésia", a Larantuca atrai milhares de pessoas durante a Semana Santa, mas as autoridades locais pretendem tornar a capital regional numa cidade mariana, até pela forte veneração que existe entre a população.

Nesse sentido, as autoridades colocaram no ano passado a primeira pedra do futuro santuário de Fátima.

Na comitiva seguem também o presidente do parlamento regional, Yoseph Sani Betan, e o responsável máximo da cultura e do turismo nas Flores Oriental, Andreas Ratu Kedang, entre outros empresários e responsáveis administrativos.

Na agenda está igualmente um encontro com o autarca de Ourém para discutir pormenores do acordo de cooperação de geminação de cidades assinado em 2011 entre Larantuca e Ourém.

O acordo prevê a cooperação no turismo religioso e na economia, a promoção de intercâmbios na área da educação, com oferta de bolsas de estudo, e pesquisas conjuntas sobre a cultura e a história que une as duas regiões.

O regente das Flores Oriental tenciona ainda obter fundos para construir o futuro santuário de Fátima nos próximos dois a três anos, atrair investimento na área da eletricidade e tentar vender o atum da região de Larantuca em Portugal.

Durante a viagem de oito dias a Portugal, a comitiva vai reunir-se com a Fundação Calouste Gulbenkian, que já ofereceu "muita ajuda" a Larantuca, destacou João Carvalho, funcionário do departamento de cultura da regência indonésia.

De acordo com o mesmo responsável, está também agendada uma reunião com o Instituto Marquês de Valle Flôr, que implementou um projeto da Cooperação Portuguesa de distribuição de água a 12.372 pessoas de aldeias remotas das Flores Oriental e que a regência local deseja agora ver replicado noutras localidades da região.

A comitiva tenciona também desenvolver contactos com a Universidade Nova de Lisboa, que foi a entidade responsável por uma investigação sobre etnomusicologia em Larantuca em 2006, e com um especialista em planeamento para desenvolver a cidade de modo sustentável.

Os portugueses foram os primeiros europeus a aventurarem-se na Indonésia e, além de aproveitarem para fazer negócios, introduziram a religião católica naquele que é hoje o maior país muçulmano do mundo.

Em Larantuca, existem 254.958 católicos, o que corresponde a cerca de 85 por cento da população da população.

AYN// PJA

China, Macau. JOVENS ESTÃO CADA VEZ MAIS ORGANIZADOS E ATIVOS POLÍTICAMENTE



Filipa Araújo - Hoje Macau

EU QUERO – E POSSO – FALAR

Parece que os jovens começam a acordar para a vida política de Macau e todas as suas questões inerentes. Deputados, políticos, docentes, académicos e activistas mostram-se contentes com esta postura activa, mas defendem que apesar do maior interesse há ainda um grande caminho a percorrer

Os jovens querem saber mais sobre a política e querem ter um papel activo e uma voz audível. É o que defendem agentes activos entrevistados pelo HM. Éric Sautedé, ex-docente da Universidade de Macau, explica que “ao contrário do que a maioria da sociedade de Macau pensa, os jovens do território interessam-se efectivamente pela sua política”. Para o académico, pensar que eles não querem saber é um erro. “Não é verdade, eles querem e isso nota-se.” 

Para o ex-docente de Ciência Política seria impensável não acreditar que os jovens querem saber, e principalmente fazer, mais política, tornando-se parte integrante da sociedade. 

“Tendo eu dado aulas de Ciência Política só poderia acreditar que os meus alunos têm interesse e querem participar na vida política. Não poderia acreditar noutra coisa”, argumenta. 

Também o docente Ky Leung, do Instituto Politécnico de Macau, defende que “os jovens de Macau estão muito mais interessados na política da sua cidade”. O professor diz-se um fiel acompanhante do interesse pelos jovens e aponta que, “apesar de ainda [haver] alguma timidez, os jovens já vão dando as suas opiniões”, principalmente através da internet, nas redes sociais. Ky considera que “há uma clara mudança no comportamento da nova gerações” quando comparadas com as passadas, principalmente depois da transferência da soberania para a China. 

Prova disso podem ser as inúmeras associações políticas criadas por jovens. E os próprios intervenientes.

Jason Chao, um jovem activista bastante presente nos últimos momentos mais conhecidos de actividade política de Macau, é um deles e admite que “existe cada vez um maior número de jovens interessados a política”. Também Isaac Tong, membro da Tri-Decade Union, reforça esta tendência. Para o representante há “de facto cada vez mais jovens atentos”, algo indiscutível. “Macau sempre foi visto como uma região com política para velhos e feita por eles, mas agora isto já não corresponde à verdade”, argumenta. 

Da mesma opinião é Rita Santos, presidente da Comissão de Juventude criada pela Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau, que argumenta que “no tempo da soberania portuguesa as pessoas não se sentiam muito à vontade para dar opiniões”. Algo que, agora, mudou. 

“Agora é muito diferente, noto que toda a sociedade está muito mais atenta, sejam jovens ou não, reclamam e querem saber o que se passa em Macau”, conta. 

Cecilia Ho, académica e também responsável do Grupo de Cidadãos pela Violência Doméstica como Crime Público, afirmou ao HM que “os jovens estão cada vez mais críticos politicamente e preparados para erguer as suas vozes e lutar pelas injustiças”, especialmente quando essas injustiças estão “directamente relacionadas com os seus próprios interesses”. 

A também docente aponta que a sociedade, de forma geral, está habituada a que os jovens estejam focados apenas nas suas questões como estudantes e a pensar no seu futuro depois de terminarem os seus cursos. Contudo, diz, o que uma outra parte da sociedade consegue ver – e defende – é que “esta nova geração e as seguintes vão enfrentar várias dificuldades e desafios para conseguir ter uma vida decente e respeitosa vida em Macau”, ressalva, referindo-se às altas rendas praticadas, à inflação e aos salários pouco competitivos. “Tudo aquilo que de facto está relacionado com política”, afirma.

Cecília Ho acredita que os jovens vão conquistar um lugar a longo prazo, mas que para já, a sua voz “não está representada nas decisões políticas do Governo”. 

CRESCER MAIS

Representando a Associação Nova Juventude Dinâmica, Lei Kuok Keong, assinala que “apesar de alguma indiferença existente nos jovens”, a tendência dos últimos anos é de um ‘acordar’ para o meio político de Macau.

Apesar disso, e como afirma Cecilia Ho, mesmo com os novos movimentos, Macau continua longe do que se pretende. “Os jovens de Macau são demasiado passivos relativamente aos assuntos políticos, e eu vejo isso até pelos meus alunos da área de Assistência Social”, defende a docente, sublinhando que “os estudantes de hoje em dia são educados para não se preocuparem com os assuntos sociais e políticos”.

Jason Chao concorda. O activista considera também que “o movimento político de Macau, quando comparado com Hong Kong fica muito aquém do que se pretende”.

Para Chao, os jovens da região vizinha estão muito “mais acordados” para as questões políticas, tendo por isso uma maior disposição para organizar e fazer acontecer.

A RAIZ DA QUESTÃO

As razões para o crescimento desta postura mais activa no mundo da política são variadas, dependendo da perspectiva de cada entrevistado. Defende a académica que a aposta no estímulo dos jovens para o mundo político deve começar na própria escola.

“Em nenhum ano escolar é oferecido, no seu plano curricular, a disciplina de Educação Cívica. Os estudantes são desencorajados a participar em eventos políticos. O Governo age passivamente e de forma intencional para a não presença dos jovens nas actividades políticas. Os jovens são disciplinados a não se envolverem em questões sociais e políticas e aqueles que lutam e participam são vistos como os ‘problemáticos’”, argumenta Cecilia Ho, rematando que tudo esta passividade, mantendo-se, trará problemas sérios ao futuro de Macau. 

Da mesma opinião é Rita Santos, que defende que, na altura da soberania portuguesa, “a escola era muito mais estimulante para os alunos”, ao passo que, tal como a representante considera, o ensino chinês “limita os estudantes”.

“No meu tempo o professor pedia-nos para debater temas, de forma livre. Tínhamos discussões sobre vários assuntos. Isso fazia com que houvesse estímulo ao pensamento, que os meus colegas e eu nos questionássemos. Não foi em vão que desde pequena me envolvi na vida política e nas questões sociais. Fazia perguntas, queria saber. Agora, com o ensino chinês, o método mais usado é o de decorar, os jovens – e eu vejo isso nos grupos de trabalho da associação – não têm bases, falta-lhes o espírito de pergunta”, defende. 

As dificuldades enfrentadas no dia a dia são, defende Rita Santos, uma forma de levar os jovens ao mundo político.

“Esta geração devido às facilidades recebidas numa economia como a de Macau, muito devido à indústria do Jogo, não percebe que há outras realidades. As facilidades camuflaram os problemas e afastaram esta geração das questões sociais. Agora com os problemas de espaço, de tráfego, de habitação, de trabalho, os jovens começam a perguntar-se: então como resolvo isto? E é então aqui que começam a despertar”, remata.

Os mesmos motivos apresenta Lei Kuok Keong como prancha de lançamento para a nova postura da camada mais nova. “A habitação, os transportes e a inflação impulsionaram este maior interesse, porque mexeu directamente com a confiança dos jovens no seu próprio futuro”, argumenta.  

Tal como Cecília Ho e Rita Santos, também Éric Sautedé considera que o interesse está portanto directamente relacionado com a formação e o ambiente escolar. Ainda assim, o académico considera que as coisas estão melhores do que antes.

“Esta tendência [de maior interesse por parte dos jovens] está a crescer e vai crescendo cada vez mais especialmente devido à educação que os jovens estão a receber, principalmente das universidades”, começa por argumentar, adiantando que devido a este conhecimento adquirido pelo ambiente escolar e curricular, os jovens começam a perceber, e muitas vezes a descobrir, que é “importante para eles serem cidadãos responsáveis”.
Para o académico numa sociedade com uma economia tão focada para os negócios, e claro para o mundo do Jogo, não tem muito “para oferecer em termos de significado para a vida”.

“As pessoas, neste caso os jovens, comecem a ganhar vontade e estímulo para se tornarem activos com o objectivo de fazer a diferença noutras áreas”, daí também o maior interesse na participação. 

Éric Sautedé não tem dúvidas “fazer parte da política traz um outro significado à vida dos jovens”, sendo que saber o que se passa na sua própria sociedade pode ser algo muito benéfico para esta nova geração mais atenta. 

Importante é referir que, todos os entrevistados afirmaram que a manifestação de Maio de 2014 contra o Regime de Garantias para os Titulares dos Principais Cargos – que reuniu entre cerca de 20 mil pessoas em frente às instalações da Assembleia Legislativa e originou outra manifestação de cerca de dez mil pessoas -, foi o momento mais visual deste acordar juvenil...

Informação

De braços abertos

Apesar de ainda existirem em baixo número, já são algumas as associações de jovens que começam a ganhar forma no cenário político de Macau. Exemplos disso são a Associação Novo Macau, que tem agora uma divisão entre os membros, mais jovens, e os deputados da AL, o Conselho da Juventude da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), a Tri-Decade Union, a Nova Juventude Chinesa e a Nova Juventude Dinâmica, entre outras. Issac Tong, da Tri-Decade Union, explica que se “tem sentido uma abertura com os novos Secretários, do actual Governo”. Sem descurar da importância dos jovens na política, o activista afirma que o Governo deve, e tem tido, alguma “mente aberta”, ou seja, disposição para receber “ideias frescas e actuais dos jovens”. “Precisamos de olhar para outros países, aqueles que renovam e apostam nos jovens para participar na vida política, Macau precisa disso, desta participação”, defende, sublinhando acreditar “num bom cenário futuro”, relativamente aos jovens.

Da Nova Juventude Dinâmica, pela voz de Lei Kuok Keong, o sentimento é o mesmo. “Dá a sensação, pelo comportamento do novo Governo, que este está disposto a uma reforma, a uma participação de cada vez mais jovens, de ouvir as nossas opiniões”, conta, realçando que “não será, nem pode ser, uma reforma total porque há directrizes que devem ser respeitadas”.

Política online

Em sintonia na forma de divulgação e aposta para estimular os jovens para o mundo da política, estão os docentes Cecilia Ho e Ky Leung, que acreditam que a internet é a melhor forma para tal. “Já encontrei vários grupos  de jovens politicamente activos nas redes sociais. Ali os jovens mostram as suas opiniões, criam eventos, debatem temas. Tenho a certeza que esta é a forma do futuro”, afirma o académico do IPM. Para Cecilia Ho não há dúvida, as redes sociais são as forma mais rápida e eficaz para “espalhar a palavra sobre assuntos sociais” e também de “chamar a atenção para os jovens que tanto tempo passam na internet”. Apesar disso, defende a docente, uma reforma no sistema de educação é precisa, oferecendo a oportunidade aos jovens para participarem na vida social. “No que me diz respeito, irei sempre introduzir problemáticas sociais nas minhas aulas, irei encorajar os meus alunos a lerem publicações independentes, cultivando o seu espírito critico”, remata. A propagação de assuntos políticos através da internet é uma constante nas redes sociais em Macau, sendo que até a organização de protestos é feita, maioritariamente, através destas plataformas.

Para jovens, sobre jovens

Dividida em 20 departamentos, a Comissão de Juventude da ATFPM, criada em 2012, originou, recentemente, um Secretariado Permanente e vem mostrar assim a sua vontade de fazer mais por Macau. “Desde as últimas eleições para a Assembleia Legislativa que vários jovens começaram a vir ter connosco e a querer participar. Nós íamos ajudando, mas decidimos agora, para facilitar a organização e estruturar os vários grupos criar este Secretariado que tem a sua própria autonomia”, esclarece Rita Santos. Este é um passo, diz a presidente, que mostra a vontade dos jovens de Macau, “e não só”, fazerem mais e perceberem. Contudo, Rita Santos assume que os mesmos ainda não estão preparados para assumirem um lugar no cenário político local, devido à sua falta de preparação. “É preciso que eles percebam, conheçam a realidade do território, é preciso que eles aprendam a fazer perguntas, a interrogarem-se, a perceberem que a parte social está sempre ligada à parte política. Sem saber o porquê das coisas não conseguem ser agente activos da política”, esclarece. O primeiro encontro da Comissão de Juventude com Chui Sai On já está agendado para o dia de hoje, sendo que também o deputado José Pereira Coutinho marcará presença.

China, Macau. “O GOVERNO MUDOU DE IDEIAS?”




O deputado Ng Kuok Cheong continua insatisfeito com as informações prestadas pelo Governo relativamente à situação de 48 terrenos que, em 2012, o anterior secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io, concluiu estarem desaproveitados por razões imputáveis aos respectivos concessionários. O objectivo manifestado na altura era o de recuperação das parcelas para a RAEM, visando a construção de habitação pública.

“O Governo voltou atrás ou mudou de ideias? O Governo vai aproveitar esta oportunidade para desistir dos terrenos que envolvem riqueza e poder?”, questionou ontem Ng Kuok Cheong, em terceira interpelação consecutiva sobre a matéria e no dia em que a Direcção dos Serviços de Solos Obras Públicas (DSSOPT) fez publicar um comunicado em que relega para mais tarde dados concretos relativos à localização e actual situação jurídica dos imóveis.

“Concluídos a audiência e os respectivos procedimentos jurídicos, assim como definido o método da sua resolução, serão publicamente divulgadas com a maior brevidade possível as respectivas informações”, asseguram as Obras Públicas, adiantando ainda que vai ser feito um “estudo sobre o destino final destes terrenos, de modo a articular de forma concreta com as Linhas de Acção Governativa”.

Recorde-se que durante a sua campanha eleitoral, o Chefe do Executivo comprometeu-se a disponibilizar solos para a construção de mais habitação privada. Foi entretanto realizada uma consulta relativa à construção de habitação pública no aterro A e outra que destinada a conhecer a opinião dos cidadãos sobre um modelo de aquisição de habitação por residentes, a partir do conceito “terras de Macau para as gentes de Macau”.

As informações exigidas por Ng Kuok Cheong dizem respeito a 12 terrenos na península de Macau e 36 outros situados nas ilhas. “Os procedimentos de declaração de nulidade de concessão já foram activados?”, insiste.


Chefe do executivo de Macau promete "serenidade" para o Ano da Cabra




Macau, China, 18 fev (Lusa) - O chefe do executivo de Macau, Chui Sai On, promete encarar com "serenidade" a conjuntura "interna e externa" do novo ano chinês, marcada por "complexidades e constantes mutações", disse hoje no seu discurso por ocasião do Ano Novo Lunar.

O líder do Governo, agora no seu segundo mandato, assegura ainda que o executivo vai "ultrapassar as insuficiências" da governação "procurando supri-las".

Em 2014, a economia de Macau foi afetada pelas quedas nas receitas dos casinos, consecutivas desde junho e que ainda se verificam.

Foi ainda um ano de contestação popular, verificando-se a maior manifestação desde a transferência de soberania de Portugal para a China, em 1999, contra uma proposta de lei que assegurava avultados subsídios para os governantes quando abandonassem funções. Os trabalhadores do jogo também saíram à rua em frequentes protestos por melhores condições de laborais.

No seu discurso de Ano Novo, Chui Sai On pediu solidariedade para com as "famílias e pessoas que mais necessitam de apoio" e deixou "sinceros agradecimentos" aos trabalhadores da administração pública e do setor privado destacados para trabalhar durante a época festiva.

ISG // JPS

GRIPE “DEVORA” VIDAS EM HONG KONG E GOVERNO DÁ INSTRUÇÕES DE LINGUAGEM




Gripe já matou 237 pessoas este ano em Hong Kong

Hong Kong, China, 18 fev (Lusa) -- O número de vítimas mortais da gripe em Hong Kong este ano subiu para 237, depois de nove pessoas terem morrido nas últimas 24 horas, noticiou hoje a estação pública local de rádio e televisão (RTHK).

Cerca de 95% das vítimas mortais são pessoas com idade igual ou superior a 65 anos.

O Centro para a Proteção da Saúde de Hong Kong aconselhou os idosos a vacinarem-se contra a gripe, como forma de reduzir a gravidade da doença assim como a probabilidade de hospitalização e morte.

FV // JMR

Governo de Hong Kong dá instruções sobre linguagem a utilizar em questões de soberania

Hong Kong, China, 18 fev (Lusa) - O Governo de Hong Kong deu instruções aos funcionários públicos para uniformizarem os termos usados para descrever questões de soberania e a relação do território com a China continental, noticia hoje o jornal South China Morning Post.

De acordo com o diário, os funcionários públicos receberam na terça-feira uma circular em chinês e inglês, a que o jornal teve acesso, sobre o "Uso correto de terminologia", no qual é explicado que "os departamentos não devem usar a expressão ?Relações China-Hong Kong'" mas antes "Relações China Continental-Hong Kong".

A função pública recebeu também indicações para não usar o termo "reunificação" para descrever a transferência de Hong Kong do Reino Unido para a China, já que essa expressão "deve apenas ser usada no contexto da questão de Taiwan". O termo correto é, então, "regresso à China/ à Pátria" ou "recomeço do exercício de soberania em Hong Kong".

Também o termo "administração" deve ser evitado quando em referência à autoridade executiva, sendo "Governo" a palavra indicada, afirma a circular.

ISG// PJA

África. PRESIDENTE DO SUDÃO DIZ QUE CIA E MOSSAD SUPORTAM EI E BOKO HARAM




O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, disse que a Agência Central de Inteligência (CIA) e o serviço de inteligência israelense Mossad estão por trás dos grupos de militantes islâmicos do Boko Haram e Estado Islâmico (EI).

"Eu disse que CIA e Mossad estão por trás dessas organizações. Não há nenhum muçulmano que fosse realizar tais atos", disse o presidente.

Boko Haram sequestrou 300 meninas de uma escola na Nigéria, no ano passado e, recentemente, assumiu a responsabilidade pelo massacre na cidade nigeriana de Baga. Os militantes do EI têm matado milhares de pessoas durante sua insurgência sangrenta na Síria e Iraque.

"Nossa política se tornou muito bem sucedida depois de prender esses jovens e os envolver em diálogo com um grupo de cientistas. E nós conseguimos os afastar de suas ideias radicais”, acrescentou.

No domingo, um site extremista que apoia o Estado Islâmico publicou em seu Twitter um vídeo mostrando a decapitação de 21 cristãos coptas egípcios sequestrados na Líbia. 

Na segunda-feira, o Egito abriu uma nova frente contra o EI na Líbia.

AP Photo / Associated Press / Ali Ngethi - Sputnik

Ataques suicidas matam 38 pessoas. Boko Haram ameaça impedir eleições na nigéria




Lagos, 18 Fev (AIM) Dois ataques suicidas no nordeste da Nigéria fizeram 38 mortos esta terça-feira, a menos de seis semanas das eleições, enquanto o líder da seita islâmica Boko Haram promete impedir a realização do escrutínio no país.

A rebelião islâmica já forçou ao adiamento das eleições, inicialmente agendadas para 14 de Fevereiro, e oficiais do governo tinham esperança de que uma ofensiva militar regional poderia conter o derramamento de sangue antes do dia das eleições, a 28 de Março.

Mas a última onda de ataques, atribuída aos rebeldes revelou-se um desafio à Nigéria e aos países vizinhos, nomeadamente o Camarões, Chade e Níger, apesar de alegações de sucesso da operação conjunta lançada este mês.

Este escrutínio não será realizado, nem que estejamos mortos, disse o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, em vídeo, onde aparece pela primeira vez publicado pelo grupo no Twitter.

Falando antes da ameaça de Shekau, o presidente do Níger, Mahamadou Issoufou disse que o seu país vai pôr fim à rebelião nigeriana, cuja actividade já matou mais de 13 mil pessoas em seis anos.

O Níger vai ser a morte do Boko Haram, disse ele perante uma multidão que aplaudia depois de uma manifestação contra os rebeldes na capital, Niamey.

Mas o Boko Haram parece ter capacidade de resistência e peritos questionam se o grupo pode ser derrotado a curto prazo.

No estado nigeriano de Borno três atacantes em motorizadas detonaram explosivos num ponto de controlo na aldeia de Yamarkumi, perto da cidade de Biu à 1:00 hora da tarde de terça-feira.

O ataque suicida matou 36 pessoas e feriu outras 20, disse à AFP uma fonte do Hospital Geral de Biu, que pediu anonimato.

A maioria das vítimas eram crianças vendedoras ambulantes e pedintes que geralmente se aglomeram naquele local, acrescentou a fonte.

O Boko Haram tem estado a tentar tomar Biu, a cerca de 180 quilómetros de Muiduguri, a capital do estado de Borno.

Algumas horas mais tarde, em Potiskum, a capital económica do vizinho estado de Yobe, uma bomba explodiu no restaurante de Al-Amir, uma popular cadeia destes serviços no norte da Nigéria.

O gerente do restaurante e um outro trabalhador foram mortos no ataque, e 13 clientes foram feridos com gravidade, disse um oficial da polícia e uma enfermeira do Hospital Geral de Potiskum.

Enquanto isso, o exército chadiano disse que as suas tropas envolveram-se em duros combates com militantes do Boko Haram perto da cidade de Dikwa, a cerca de 90 quilómetros da Maiduguri.

Dois soldados chadianos e
vários militantes rebeldes foram mortos durante as confrontações, disse uma fonte militar chadiana, sob condição de anonimato.

(AIM) Times/bm/mz

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