A
Polícia moçambicana assegurou hoje que vai impedir, usando todos meios, postos
de controlo anunciados pela Renamo e evitar qualquer forma de bloqueio das
estradas do centro de Moçambique.
"A
PRM [Polícia da República de Moçambique] irá usar todos os meios para responder
às ameaças da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] de montar postos de
controlo nas estradas", declarou hoje o porta-voz do comando geral da
polícia, no encontro semanal com os jornalistas, em Maputo.
O
departamento de segurança e defesa da Renamo anunciou a intenção de instalar
postos de controlos nas principais estradas do centro de Moçambique, para
travar a onda de raptos e execuções de seus membros.
Os
controlos, disse um dirigente da Renamo em conferência de imprensa na
segunda-feira na cidade da Beira, serão implantados do cruzamento de Inchope
para o rio Save (no sentido sul) e até Caia (no sentido norte), junto à N1, a
principal estrada que liga o sul, centro e norte de Moçambique.
Estão
igualmente previstos controlos de Inchope até ao rio Zambeze pelas estradas N6
e N7, cobrindo as províncias de Manica e Tete.
Condenando
a medida da Renamo, o porta-voz da PRM, Inácio Dina, apelou ao partido de
oposição para usar meios pacíficos na resolução das suas inquietações, avisando
que não tolerará ações ilegais.
"Vamos
banir qualquer tentativa de instalação de postos de controlo na N1. A Polícia
tem mandato para manter a ordem e segurança públicas. A função da Policia é impedir
que ocorram atos ilegais" declarou Inácio Dina.
Inácio
Dina disse que existem provas evidentes de raptos e assassínios de membros da
Renamo, adiantando que a polícia "está a perseguir os criminosos para os
deter e responsabilizá-los pelos seus atos."
Segundo
Horácio Calavete, chefe de mobilização da Renamo em Sofala, esta decisão saiu
de uma reunião do departamento de defesa e segurança do partido com o seu
líder, Afonso Dhlakama, no sábado em Sadjundjira, na Gorongosa (província de
Sofala), e visa fiscalizar viaturas suspeitas, deter os raptores e entregá-los
à polícia.
Horácio
Calavete destacou ainda que as ações de fiscalização serão executadas por um
subgrupo da ala militar do partido e podem ser intensificadas na mesma
proporção dos raptos.
Em
declarações hoje à Lusa António Muchanga, porta-voz da Renamo, confirmou a
medida, garantindo que vai "funcionar consoante a pressão das execuções
dos membros" do seu partido.
Em
2013, a Renamo bloqueou a circulação rodoviária no troço Save-Muxúnguè
(Sofala), junto da N1, com frequentes ataques a viaturas civis e militares.
A
situação condicionou a circulação à proteção de colunas de viaturas através de
escoltas militares e só terminou com a assinatura do acordo de cessação das
hostilidades militares, a 05 de setembro de 2014.
A
Renamo não reconhece os resultados das eleições gerais de outubro de 2014 e
ameaça tomar pela força seis províncias do centro e norte de Moçambique, onde
alega ter ganho.
Nos
últimos meses, Moçambique tem conhecido um agravamento da violência política,
com relatos de confrontos entre o braço militar da Renamo e as forças de defesa
e segurança e acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois
lados.
O
presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, não é visto em público desde 09 de
outubro, quando a polícia cercou a sua residência na Beira, alegadamente numa
operação de recolha de armas, no terceiro incidente grave em menos de um mês
envolvendo a comitiva do líder da oposição.
No
dia 20 de janeiro, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado
por desconhecidos no bairro da Ponta Gea, centro da Beira, província de Sofala,
centro de Moçambique e o seu guarda-costas morreu no local, num caso que
continua por esclarecer.
Apesar
da disponibilidade para negociar manifestada pelo presidente moçambicano,
Filipe Nyusi, o líder da Renamo diz que só dialogará depois de tomar o poder
nas seis províncias que reivindica.
AYAC
(HB) // NS - Lusa
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