O
ex-ministro das Finanças da Grécia Yanis Varoufakis disse, esta segunda-feira,
à Lusa em Berlim que "os portugueses não serão capazes de ultrapassar a
austeridade" imposta por Bruxelas, apesar da "boa vontade" por
parte do executivo recém-eleito.
"Não,
os portugueses não serão capazes de ultrapassar a austeridade e não se trata de
uma questão de boa vontade do Governo. Para poder governar, o executivo teve de
aceitar as regras da Europa e isso significa austeridade", referiu
Varoufakis à agência Lusa, à margem de um debate sobre Democracia na Europa,
que decorreu hoje em Berlim.
O
antigo ministro das Finanças exemplificou com o caso do executivo grego,
"que lutou cinco ou seis meses contra a austeridade e acabou por
cair", acrescentando que "o Governo português teve de aceitar a
austeridade antes mesmo de ter sido formado".
Yanis
Varoufakis disse acreditar que anos de políticas económicas autoritárias
"só podem ser mudados ao nível da Europa e essa é a razão para a criação
do DiEM", referindo-se o lançamento do movimento de esquerda pan-europeu
"Democracy in Europe Movement 2025 - DiEM25" (Movimento para a
Democracia na Europa), agendado para terça-feira em Berlim.
A
eurodeputada portuguesa Marisa Matias também participou no debate com o
ex-ministro grego em Berlim, durante o qual referiu que "a criação de um
novo movimento político a nível internacional não pode ser usado para
justificar os fracassos ao nível nacional".
Marisa
Matias acrescentou que Bruxelas tem de respeitar a vontade democrática dos
portugueses, porque "o povo português não é menos do que o inglês",
referindo que, "se cada vez que a Inglaterra ameaça com a saída da UE, se
encontram soluções em temas tão centrais como circulação de pessoas que são no
fundo os valores europeus", as instituições europeias devem aplicar o
mesmo tratamento de cedência a outros países.
Em
declarações à Lusa em Berlim, a eurodeputada disse acreditar que, apesar das
"limitações", o orçamento português para 2016 "é um
compromisso" alcançado entre a esquerda "que vai ganhando terreno e
espaço de confrontação com as próprias instituições europeias".
Apesar
das recomendações de Bruxelas ao Orçamento do Estado, Marisa Matias sublinhou
que "a negociação foi um conjunto de vitórias", acrescentando que
"este orçamento é o começo de um caminho contra o empobrecimento que
Portugal esteve sujeito".
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