Martinho Júnior, Luanda
1
– Nos dias 25, 26 e 27 de Agosto do corrente ano, em Windhoek, capital da
Namíbia, realizar-se-á o Vº Encontro Continental Africano de Solidariedade para
com Cuba, um acontecimento mais que marca os laços de amizade e solidariedade
de África para com a maior ilha do Caribe.
Encontros
similares foram-se realizando desde 1995:
-
Entre 6 e 8 de Outubro de 1995 ocorreu o primeiro em Johannesburgo, África do
Sul, que contou com a presença de Nelson Mandela e de Delegações de 12 países;
-
Entre 18 e 20 de Novembro de 1997, em Cape Coast, no Gana, ocorreu o segundo
encontro, a que assistiram 415 Delegados de 17 países;
-
Angola, assistiu ao terceiro encontro, de 10 a 12 de Setembro de 2010, em
Luanda, com o apoio do MPLA e do governo angolano e a presença de Sam Nujoma,
bem como de Delegações de 18 países;
-
De 22 a 23 de Setembro de 2012 o quarto encontro ocorreu em Adis Abeba, capital
na União Africana, na própria sede dessa organização continental, com a
presença de 129 Delegados de 23 países.
2
– Em todos houve a recordação do papel singular da Revolução Cubana no âmbito
dos esforços em prol da Luta de Libertação em África que vai ocorrendo desde
1961, quando as Forças Armadas Revolucionárias de Cuba entre outros actos
internacionalistas, reforçaram os dispositivos argelinos para fazer face a uma
tentativa de agressão proveniente de Marrocos.
A
2 de Dezembro de 2005, por ocasião das comemorações que assinalavam o 30º
aniversário da Missão Militar em Angola e o 49º aniversário do desembarque do
Gramma, no discurso oficial o Comandante Fidel de Castro lembrava a propósito
dessa presença na Argélia:
…“Ya
en 1961, cuando el pueblo de Argelia libraba una asombrosa lucha por su
independencia, un barco cubano llevó armas a los heroicos patriotas argelinos y
a su regreso traía un centenar de niños huérfanos y heridos de guerra.
Dos
años más tarde, cuando Argelia alcanzó la independencia, esta se vio amenazada
por una agresión exterior que despojaba al desangrado país de importantes
recursos naturales.
Por
primera vez tropas cubanas cruzaron el océano y, sin pedirle permiso a nadie,
acudieron al llamado del pueblo hermano.
También
por aquellos días, cuando el imperialismo arrebató al país la mitad de sus
médicos dejándonos sólo 3.000, varias decenas de médicos cubanos fueron
enviados a Argelia para ayudar a su pueblo.
Se
iniciaba de ese modo, hace 44 años, lo que hoy constituye la más extraordinaria
colaboración médica a los pueblos del Tercer Mundo que ha conocido la
humanidad”…
3
– Depois da epopeia em Angola e face às transformações globais
redundantes da implosão da URSS, do colapso do socialismo real na Europa e do
fim do Pacto de Varsóvia, Cuba Revolucionária atravessou durante a década de 90
do século XX o “período especial”, algo que não fez esmorecer o
internacionalismo cubano, em especial no âmbito da saúde e da educação.
A
primeira missão médica cubana havia também ocorrido na Argélia com início a 23
de Maio de 1963, mas preparada no último trimestre de 1962 e primeiro trimestre
de 1963.
A
17 de Outubro de 1962, nos actos preparatórios da missão na Argélia, o
Comandante Fidel de Castro fez a propósito uma intervenção no
Instituto de Ciências Básicas e Preclínicas “Vitória de Girón”:
“Quiero
decirles otra cosa: además de los médicos cubanos, tenemos médicos en distintos
países, así como profesores de distintos países, trabajando en nuestro país.
Por lo tanto, estos tiempos podemos capearlos perfectamente bien.
No
sólo creo, sino que aún podemos hacer algo aunque tenga sobre todo carácter
simbólico más que otra cosa para ayudar a otros países.
Por
ejemplo, tenemos el caso de Argelia. En Argelia la mayor parte de los médicos
eran franceses y muchos se marcharon. Con cuatro millones más de habitantes que
nosotros y gran número de enfermedades que dejó allí el coloniaje, disponen de
la tercera parte de menos aún, de los médicos que tenemos nosotros. En el campo
de la salud tienen una situación verdaderamente trágica.
Por
eso nosotros, conversando hoy con los estudiantes, les planteamos que hacen
falta cincuenta médicos voluntarios para ir a Argelia, a ayudar a los
argelinos.
Estamos
seguros de que esos voluntarios no faltarán. Cincuenta nada más. Estamos
seguros que se van a ofrecer más, como expresión del espíritu de solidaridad de
nuestro pueblo con un pueblo amigo que está peor que nosotros, mucho peor que
nosotros.
Claro,
hoy podemos mandar cincuenta, dentro de 8 ó 10 años no se sabe cuántos y
podremos darle ayuda a nuestros pueblos hermanos. Porque cada año que pase
tendremos más médicos y cada año que pase más estudiantes ingresarán en la
Escuela de Medicina y porque la Revolución tiene derecho a recoger lo que
siembra, derecho a recoger los frutos de lo que ha sembrado.
Nuestro
país muy pronto, muy pronto, y podemos proclamarlo con orgullo, tendrá mayor
número de técnicos que ningún país de América Latina y nuestras Universidades
irán creciendo y los estudiantes en nuestras Universidades se contarán por
decenas y decenas de miles y nuestros cuerpos de profesores serán cada vez más
experimentados. Los años pasan y pasan rápidamente y el esfuerzo de la
Revolución tiene cada día resultados más elocuentes”…
As
suas palavras foram sendo levadas à prática, anos após ano, década após década
e desde então África passou a ser um dos destinos privilegiados da ajuda
solidária de Cuba em matéria de saúde e educação, a um nível nunca antes
experimentado pelos africanos e até aos nossos dias, mesmo quando surgem
fenómenos pouco conhecidos, como o exemplo do combate à epidemia de ébola que
ocorreu recentemente na Serra Leoa, Libéria e Guiné Conacry.
4
– A solidariedade do continente africano para com Cuba é pois um modesto gesto
de reconhecimento de África para com um povo e uma Revolução que se têm
devotado de forma extraordinária e exemplar no sentido da ajuda solidária às
mais vulneráveis nações da Terra, grande parte delas com os Índices de
Desenvolvimento Humano mais baixos de acordo com os expressivos relatórios
anuais da ONU, uma ajuda particularmente decidida nos momentos mais críticos
que esses países têm atravessado, de há mais de 50 anos a esta parte!
A
participação de Angola tem sido garantida nos sucessivos encontros desta
natureza, mas o facto do acontecimento vir a ocorrer na capital da Namíbia,
país amigo e vizinho de Angola, está já a mobilizar os angolanos no sentido de
garantirem uma importante Delegação.
Com
essa homenagem a Cuba lembramos ainda as palavras de ordem galvanizadoras do
Presidente Agostinho Neto: “Na Namíbia, no Zimbabwe e na África do sul,
está a continuação da nossa luta”!
Saibamos
cultivar a memória, a partir dos frutos que se foram conseguindo em comum, por
que há ainda muito e muito que fazer!
Fotos:
1
– Composição fotogrática da primeira missão internacionalista e solidária dos
médicos cubanos em 1963 na Argélia.
“Parte
superior: los primeros Ministros de Cuba y Argelia, Comandante en Jefe Fidel
Castro Ruz y Ahmed Ben-Bella. Parte inferior: los Ministros de Salud Pública,
doctores José R. Machado Ventura y Mohamed Seghin Nekkache” –http://bvs.sld.cu/revistas/his/cua_88/cua0288.htm
2
– Namíbia e Cuba preparam já o Vº Encontro Continental Africano de
Solidariedade para com Cuba –http://www.cubaminrex.cu/es/visita-del-icap-reafirma-inquebrantable-amistad-entre-cuba-y-namibia
3
– Visita do camarada Sam Nujoma, Presidente da SWAPO, ao campo de instrução da
Funda, onde por razões de segurança teve de ser abatido um jacaré (Fevereiro de
1977); efectivos da SWAPO e do ANC receberam treino das FAPLA em matérias de
guerrilha urbana e rural.
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