Angola
enfrenta uma crise medonha, apesar de o governo não clarificar a dimensão com
que fustiga os angolanos e procurar panaceias ilusórias. O capitalismo é assim.
E o regime angolano foi comprado e rendeu-se ao capitalismo por via das suas
elites se miscigenarem no doce embalo (doce para eles e elas) do capital a
qualquer preço. E o qualquer preço foi fazerem fortunas num ápice pelos
processos mais ilícitos que possamos imaginar.
São
esses novos ultra milionários angolanos, pertencentes ao regime, que são o
regime, que traíram e traem as rotas ideológicas e económicas programadas pelo
MPLA e visadas pelos históricos puros daquele movimento independentista. Angola
tem estado sob o saque dessa elite regimental há décadas, e continua. O
descalabro reflete-se à vista de todos nós, até dos estrangeiros. Daqueles que auguraram
e auguram caminhos traçados pelo povo e para o povo numa Angola contra o capitalismo
selvagem, solidária, humanista, justa, tolerante e sempre democrática. Uma
Angola revolucionária que extirpasse aos seus os vícios da ganância e semeasse
a partilha, os vícios do roubo daqueles que abjetamente detêm poderes que só não
são eternos devido a também serem vulgares mortais.
É
nesse contexto, de entrega absoluta dessa elite aos vícios do capitalismo selvagem, que
encontramos hoje uma Angola a definhar quase em tudo. Uma Angola que perde a
sua soberania em vários setores, entregando-os de mão-beijada a estrangeiros. É
uma nova fase de colonização que muitos nem dão por ela, até um dia – que se
espera não seja tarde demais.
Angola
tem pouco petróleo para vender no mercado. Banco Nacional de Angola deixa
bancos sem divisas. Inflação sobe para dois dígitos e continua a aumentar.
Dezena e meia de crianças morrem por dia nos hospitais. Setor da saúde está em grave rotura. E etc. Tudo e o mais que há de horrível são tema e títulos nos jornais. Aquela é a Angola de
hoje. A Angola que passou de rios de mel a rios de fel. Rios de fel para o povo
angolano, que passa fome, que morre de fome, que labuta quotidianamente para
sobreviver o melhor possível no quadro de descalabro e miséria que é a
realidade plebeia angolana. São milhões nessas circunstâncias.
Os
rios de mel continuam a existir, não no formato de rios mas sim de alguns lagos. Os rios de mel aprisionados, contidos em lagos. Desviados dos cursos normais
abusivamente. Roubados. Um dos lagos enormes pertence a Isabel dos Santos, é de
conhecimento público. Isabel, alguém que num ápice se tornou na segunda mulher mais
rica de África. Quantos tiveram de morrer para isso? Quantos ainda morrem para
que o regime sobreviva? Até quando a morte anunciada de Angola é assunto
de manchetes e de abertura de noticiários?
Será
até quando o conteúdo dos lagos regresse aos leitos secos dos rios que eram de
mel e poderão voltar a ser. Morrer por morrer, ao menos, que se morra a lutar
pela liberdade, pela justiça, pela democracia. Não a democracia bacoca e falsa
existente na Europa, nos EUA, no chamado “mundo livre”. Sim a democracia em que
na realidade seja o povo quem mais ordena. Democracia que não se esgote, apenas
e só, no ato de eleições que manipulam os povos, os enganam com projetos de
roubos enormes que fazem dos ricos mais ricos e dos pobres ainda mais pobres. Esse
tempo e modo tem de ter um fim. Em Angola e no mundo.
De
Angola seguem-se duas notícias em Rede Angola, razão deste breve “pensamento” de agrado e
desagrado – conforme o lado da barricada em que cada um de nós estiver. Este “pensamento”
está do lado do BASTA!
Redação
PG / MM
Angola
com pouco petróleo para vender no mercado
Maior
parte da produção é destinada a pagar os empréstimos à China e a compensar as
petrolíferas pela baixa do preço.
A
remuneração dos investimentos feitos pelas petrolíferas e o pagamento dos
empréstimos à China, está a deixar Angola com pouco petróleo para vender no
mercado.
O Africa
Monitor revela que no caso da China, país ao qual Angola deve cerca de USD
25 mil milhões, o pagamento é feito através de “negócios pré-financiados”, que
têm como garantia o petróleo. Com o aumento desses empréstimos, a parcela
disponível para venda terá caído mais de 50 por cento, diz a publicação
citando a Reuters.
O
site recorda que há cinco anos metade dos 50 a 60 carregamentos mensais
despachados pelo país eram vendidos às petrolíferas, e 4 a 5 destinavam-se à
negócios pré-financiados. Actualmente, segundo a publicação, esses
carregamentos pagos caíram para metade.
Para
agravar ainda mais a situação, outra parte considerável dos carregamentos está
com as grandes petrolíferas como a Total, Chevron, BP e outras que operam no
país. “Os contratos permitem que, em situações de baixa do preço do crude,
estas fiquem com uma maior percentagem da produção petrolífera, para remunerar
os seus investimentos em plataformas e outros requisitos da extracção
petrolífera”, descreve o Africa Monitor.
No
mês passado, os carregamentos para a China duplicaram para pagar os novos
empréstimos. “Em Dezembro, a petrolífera Sinochem anunciou seis novos
carregamentos mensais de Angola. A congénere, também chinesa, Unipec, já
recebia 3”, destaca.
Em
Fevereiro Angola vendeu apenas um carregamento no mercado spot (negócios
realizados à vista e de entrega imediata). Já em Março, o site avança que o
país teve entre dois e três carregamentos para vender.
Fonte
próxima da Sonangol disse ao Africa Monitor que a empresa “dispõe de
flexibilidade e que pretende ter três a seis carregamentos disponíveis para
vender neste mercado mensalmente”.
Os
bancos angolanos não receberam divisas na última semana, depois de no período
anterior o Banco Nacional de Angola só ter vendido euros, indica um relatório
semanal do banco central sobre a evolução dos mercados monetário e cambial.
De
acordo com o documento, no período entre 7 e 11 de Março não foram feitas
vendas, o que aconteceu pela primeira vez. Não há registo de uma semana
sem injecção de divisas na banca angolana em vários anos.
Isto
acontece depois de três semanas consecutivas em que o banco central apenas
disponibilizou divisas na moeda europeia (cerca de EUR 500 milhões).
Angola
enfrenta há mais de um ano uma crise financeira, monetária e cambial decorrente
da quebra da cotação internacional do barril de crude, tendo visto as receitas
fiscais com a exportação de petróleo caírem para metade em 2015 e com isso a
entrada de divisas (dólares) no país.
Paralelamente,
devido à escassez de divisas e limitações aos levantamentos de dólares impostos
nos bancos, o mercado informal, de rua, transaciona a nota de um dólar
norte-americano a mais de 300 kwanzas.
Rede Angola
BNA
deixa bancos sem divisas
Não
há registo de uma semana sem injecção de divisas na banca angolana em vários
anos.
A
política cambial angolana passou a ser definida pelo novo governador do BNA,
Valter Filipe Silva, empossado no cargo a 7 de Março, funções ocupadas desde
Janeiro de 2015 pelo antigo ministro das Finanças, José Pedro de Morais Júnior,
exonerado a seu pedido.
Segundo
o BNA, a taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial
primário, apurada ao final da última semana, ficou-se nos 159,737 kwanzas por
cada dólar e de 178,475 kwanzas por cada euro, ambas inalteradas.
Há
pouco mais de um ano, antes do agravamento da crise da cotação do petróleo no
mercado internacional, a injeção de divisas no mercado angolano ultrapassava
normalmente os 2.000 milhões de dólares por mês.
Lusa,
em Rede Angola
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