Professor
português afirma que manutenção da democracia no Brasil precisa ser garantida
pela população nas ruas, pacificamente, e nas instituições, pois reflexos
também serão observados em outros países
Hylda
Cavalcanti, da RBA*
Brasília
– O professor português Boaventura de Sousa Santos, diretor do Centro de
Estudos Sociais daUniversidade de Coimbra, afirmou em vídeo divulgado hoje
(22), no Palácio do Planalto, durante o ato dos juristas pela legalidade, que
além de se solidarizar com o povo brasileiro, reafirma a importância de ser
garantido o Estado democrático de direito no país, uma vez que há constatação
da existência de forças internas e externas atuando no que ele chamou de
processo de "deslegitimização" da democracia.
“Se
esse movimento sair vitorioso não é somente a democracia brasileira que perde,
mas também todas as conquistas sociais obtidas nos últimos anos”, ressaltou
Boaventura, que conclamou os cidadãos a defender suas conquistas. “Nas ruas, em
manifestações pacíficas. E nas instituições, onde se formulam políticas, porque
estas terão papel decisivo neste momento”, disse.
De
acordo com o jurista, “o mundo democrático tem os olhos voltados para o
Brasil”. “Do empenho de vocês muito depende o desprender dessa luta”, afirmou,
várias vezes dirigindo-se aos cidadãos brasileiros. “Se por alguma razão vocês
não conseguirem ganhar esta batalha democrática, o mundo todo ficará mais
pobre”, acentuou.
'Agenda
clara'
A
advogada Camila Gomes, representante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas
Populares (entidade que atua com movimentos sociais junto ao sistema de
Justiça), disse que há uma agenda muito clara no país de desestruturação da
ordem convencional, que reivindica a ampliação do sistema de Justiça, a
turbulência da polícia e a interceptação de conversas telefônicas.
Ela
lembrou que integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
já tiveram telefonemas interceptados pela polícia e o caso foi parar na Corte
Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos
(OEA), que condenou o Brasil por esse motivo, anos atrás.
“A
arbitrariedade do sistema judicial e político tão conhecida pelos mais pobres,
agora perdeu a vergonha, e não tem qualquer verniz de legalidade”, afirmou a
advogada. “O antagonismo entre corrupção e direitos fundamentais é falacioso e
hipócrita. Não há combate à corrupção sem o devido processo legal, o direito de
defesa e o respeito ao contraditório e aos advogados”, disse.
No
ato público, além da divulgação do chamado Manifesto pela Legalidade, assinados
por juristas, professores e estudantes de Direito de todo o país, foram
entregues à presidenta Dilma Rousseff outros 26 documentos de entidades
diversas de advogados, solidarizando-se com ela e contra afrontas ao Estado democrático
de direito.
*Rede
Brasil Atual
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