A
fome e seca estão a provocar uma nova vaga de deslocados nas províncias de
Sofala e Manica, centro de Moçambique, com centenas de pessoas a deixarem lares
à procura de terras férteis, disse hoje à Lusa fonte estatal.
Pelo
menos 65 famílias, num total de 360 pessoas, abandonaram o distrito de
Maringué, província de Sofala, para se instalar no distrito de Barué, em
Manica, a procura de melhores condições de vida e terras férteis para prática
da agricultura, após a seca ter destruído "esperanças na colheita".
"Em
15 dias estamos a assistir um grande movimento de pessoas de Maringué para
Barué por carência alimentar e à procura de terras férteis", disse à Lusa
João Vaz, delegado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) de
Manica, adiantando que a maioria dos deslocados chega apenas com uma sacola de
roupa.
Face
à situação, o governo de Manica abriu um centro provisório de acolhimento na
região de Inhazonia, a norte de Catandica, a sede distrital de Barué, onde
foram montadas 45 tendas para acomodar os deslocados, acrescentou.
Ao
mesmo tempo está a ser feita a distribuição de mantimentos e produtos para a
purificação de água de consumo das vítimas da seca e da fome, e a distribuição
de talhões para a instalação definitiva das famílias.
"A
cada dia estão a chegar mais deslocados e os apoios também vão chegando"
precisou João Vaz, assegurando que as autoridades locais se surpreenderam com a
vaga de deslocados, e têm buscado soluções para o êxodo da população devido à
seca.
"Todos
os deslocados serão distribuídos por talhões, mas quando as condições
melhorarem e preferirem voltar para Maringué não haverá problemas", disse
João Vaz, salientando que o grupo vai receber ainda apoio em sementes e insumos
agrícolas (enxadas e catanas) para o início da atividade agrária.
Maringué
é um lugar histórico de agitação militar e de influência da oposição da
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que tem vivido entre uma seca que
mata aos poucos e a ameaça de novos confrontos militares.
Em
2013, Maringué tornou-se "distrito fantasma" na sequência de fortes
confrontos entre as forças governamentais e o braço armado da Renamo que
forçaram a fuga da população para as matas.
Desde
a votação, em outubro de 2014, a tensão política em Moçambique não para de
aumentar e a inquietação voltou a Maringué, que o próprio Afonso Dhlakama,
líder da Renamo e ex-residente, apresentou como um exemplo do início da sua
governação, prevista para este mês.
AYAC
(HB) // EL - Lusa
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