O
Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, tem feito várias remodelações no
governo nos últimos meses. Em declarações à DW África, o jurista William Tonet
diz que se trata de uma mera "rotação governamental".
Angola
tem novos governantes em cinco pastas: Saúde, Comércio, Urbanismo e Habitação,
Cultura, Hotelaria e Turismo. Os ministros tomaram posse na passada
segunda-feira (07.03.)
O
Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, afirmou na cerimónia que quer
mudanças: "Peço aos senhores ministros para que façam um diagnóstico sobre
a situação dos setores que passam a dirigir e procedam também ao reajuste dos
programas dos setores que dirigem".
Esta
não é a primeira vez que há alterações em cargos de topo nos últimos meses. Em
janeiro, José Eduardo dos Santos nomeou novos governadores para as províncias
de Luanda e do Kuando-Kubango. Já na altura os críticos sublinhavam que, mais
do que mudar os governadores, era preciso mudar o estilo de governação.
Agora,
e segundo o jurista William Tonet, aplica-se o mesmo à nomeação dos novos
ministros. "Eu não posso falar de remodelação, o que houve foi uma rotação
governamental. Isto tem sido normal, a prática é tirar um do chão e por no
banco e o que está no banco põe-se no chão", metaforiza o jurista.
"Há
excesso de pessoas"
Tonet
diz que, em plena crise financeira, faria mais sentido reduzir o número de
ministros e secretários de Estado. O Governo angolano tem 33 Ministérios.
“O
país precisava efetivamente de um ajuste governamental para reduzir os custos,
este era o primeiro pensamento de alguém comprometido com a realidade que
Angola vive. Se se diz que Angola está em crise, é preciso fazer-se um ajuste à
máquina governamental. Há excesso de pessoas”, afirma William Tonet.
Novo
governador do Banco Nacional de Angola
O
jurita afirma ainda que a crise financeira, provocada pela queda do preço do
petróleo, não é altura para fazer experiências na chefia do Banco Nacional de
Angola.
O
Presidente angolano nomeou Valter Filipe Duarte da Silva, mestre em direito na
vertente jurídico-económica e empresarial, para o cargo de governador do Banco
Central. Duarte da Silva escreveu em 2012 um livro intitulado de "O Banco
Nacional de Angola e a Crise Financeira".
William Tonet questiona os critérios da nomeação do governador: "Estando o país em crise e com problemas financeiros graves e com dificuldades do Banco Central, não se podem estar a fazer experiências. Nem sempre quando se escreve um livro, isso demonstra capacidade para gerir uma estrutura como o Banco Central. A sua excelência Presidente da República mostrou que nada vale a capacidade no seio do MPLA, o que interessa é o poder de bajulação”.
William Tonet questiona os critérios da nomeação do governador: "Estando o país em crise e com problemas financeiros graves e com dificuldades do Banco Central, não se podem estar a fazer experiências. Nem sempre quando se escreve um livro, isso demonstra capacidade para gerir uma estrutura como o Banco Central. A sua excelência Presidente da República mostrou que nada vale a capacidade no seio do MPLA, o que interessa é o poder de bajulação”.
Na
tomada de posse no Palácio Presidencial, na segunda-feira (07.03.), o novo
governador do Banco Nacional de Angola falou em responsabilidade.
"Recebemos do Presidente da República a responsabilidade de fazer do Banco
Nacional de Angola, um verdadeiro banco, uma verdadeira autoridade cambial,
regulamentar e uma verdadeira autoridade de supervisão".
Trabalhadores
fantasma?
Em
tempo de crise financeira, o país está fazer o recadastramento na administração
pública para pôr fim ao pagamento irregular de salários. Até agora, segundo o
Semanário angolano Expansão, já foram detetados mais de 4 mil trabalhadores
fantasma. Segundo o jurista William Tonet, isso deve-se por exemplo, à
constante criação de comissões para acudir a determinadas situações
temporárias.
"Há
um governo que é nomeado e depois há um outro governo que é nomeado pela mesma
pessoa, que é o governo das comissões. Há comissões nomeadas nos anos de 1979 e
1980, cujos membros continuam a receber salários e outras mordomias",
explica o jurista.
Segundo
as autoridades angolanas, o recadastramento já terá gerado uma poupança
superior a 400 milhões de kwanzas, o equivalente a mais de dois milhões de
euros.
Tonet
teme, no entanto, que os funcionários públicos fantasma continuem a existir,
apesar do recadastramento em curso. Para acabar com os trabalhadores fantasma
seria preciso reformular todo o sistema político, conclui o jurista angolano.
Manuel
Luamba (Luanda) – Deutsche Welle
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